Oct 17 / Victor Arduin

Relatório Semanal Energia - 2023 10 23

Mais petróleo venezuelano ajuda, mas não é suficiente para resolver o déficit do mercado

Em 18 de outubro, os EUA removeram as restrições comerciais à Venezuela, o que poderia aliviar o aperto no suprimento de petróleo bruto.

No entanto, o impacto provavelmente será limitado a curto prazo, já que a produção do país ainda é uma fração do que foi no passado.

O recente conflito entre Israel-Hamas adicionou outro fator de volatilidade ascendente à curva de backwardation do petróleo bruto.

Introdução

A Venezuela é o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, com cerca de 300 bilhões de barris segundo dados da OPEP, equivalente a 17% das reservas mundiais. No entanto, a produção de petróleo do país vem caindo desde 2014, por conta das turbulências políticas e econômicas que o país enfrenta.

Além disso, é fundamental ressaltar o papel desempenhado pela PDVSA (Petróleos de Venezuela, S.A.), a empresa nacional de petróleo e gás, que é responsável por 90% da produção de hidrocarbonetos no país. Essa gigante petrolífera abrange atividades que englobam exploração, produção, refino, além de expandir sua atuação para logística e infraestrutura.

Em 2015, os Estados Unidos impuseram sanções econômicas à Venezuela com o objetivo de pressionar o governo do país a realizar reformas democráticas. Essas sanções tiveram como consequência uma significativa redução na produção e exportação de petróleo.
Nos últimos anos, a PDVSA enfrentou desafios significativos devido a uma série de fatores, como má gestão e crise econômica e social no país. Como consequência, a produção de petróleo da Venezuela caiu drasticamente, e a PDVSA perdeu muito da sua capacidade.

A remoção das sanções americanas ao Irã é um fator positivo para um mercado em déficit e rodeado de incertezas, mas o país ainda tem um longo caminho a percorrer para se tornar uma solução para a falta de petróleo no balanço global.

Figura #1: Produção de Petróleo Bruto da Venezuela e WTI

Fonte: OPEC, Bloomberg 

A Venezuela pode ajudar a reduzir o déficit de petróleo bruto, mas isso levará tempo

Recentemente, em 18 de outubro, os Estados Unidos anunciaram o remoção das proibições de comércio do país, o que poderia resultar em um aumento da oferta de petróleo em um mercado que enfrenta escassez.

No entanto, é importante notar que os impactos podem ser limitados, uma vez que a produção atual da Venezuela, que estava em 733.000 barris por dia em setembro, representa apenas uma fração dos 2,4 milhões de barris por dia que o país produzia em 2016.

Fatores como subinvestimento, má manutenção, crises econômicas e sanções ocidentais reduziram significativamente a capacidade de produção de petróleo da Venezuela. Agora, com um acordo com Washington, a Venezuela tem a oportunidade de investir em seu parque energético e aumentar sua produção, mas isso levará tempo.


Figura #2: Exportações de Petróleo Bruto da Venezuela por Mar (Milhões de barris por dia)

Fonte:Esses números são provenientes do aplicativo de rastreamento de navios da Refinitiv. Essas cifras indicativas podem não corresponder aos dados oficiais publicados posteriormente.

A possibilidade de um aumento na produção de petróleo da Venezuela não deve provocar uma mudança na política de estabilização de preços da OPEP+. O grupo está preocupado com o crescente déficit de energia, mas não prevê mudanças significativas nos preços a curto prazo devido à gradual recuperação da produção da Venezuela.

Além disso, o recente conflito entre Israel-Hamas no Oriente Médio, uma região que abriga importantes produtores de petróleo, está gerando preocupações sobre a possibilidade de uma escalada na guerra que poderia interromper o comércio global de petróleo. O risco mais significativo incorporado ao mercado é o envolvimento direto do Irã no conflito, o que poderia resultar em sanções mais severas do Ocidente ou retaliação do Irã. Esses desenvolvimentos poderiam potencialmente interromper a passagem do Estreito de Ormuz, tendo um forte impacto altista nos preços do petróleo.

Figura 3: Preços do Petróleo Bruto vs. Produção da OPEP (milhões de barris)

Fonte: OPEP, Refinitiv

Os preços do petróleo continuam a subir

O início de 2023 foi um começo baixista para o petróleo, devido às altas taxas de juros nas principais economias que lutavam contra a inflação. No entanto, a situação mudou substancialmente com as ações da OPEP+, particularmente Rússia e Arábia Saudita, que reduziram a produção e as exportações marítimas.

Desde então, a estrutura de backwardation cresceu acentuadamente, e o recente conflito no Oriente Médio provavelmente fortalecerá ainda mais a curva, adicionando mais volatilidade à commodity. Mesmo com Washington buscando amenizar o aumento nos preços globais do petróleo trazendo o produto venezuelano de volta ao mercado, os preços devem permanecer elevados até o final do ano.

Figura 3: Prêmio Mais Alto para Contratos de WTI Mais Próximos (Diferença em USD)

Fonte: hEDGEpoint, EIA

Em Resumo

É esperado que o mercado de petróleo permaneça altista pelo restante de 2023, devido aos baixos estoques globais, à demanda resiliente e os conflitos que geram volatilidade ascendente, como a guerra entre Israel-Hamas.

Algumas iniciativas podem ajudar a reduzir a diferença entre o fornecimento e a demanda de petróleo, como a suspensão das sanções dos EUA ao petróleo venezuelano. Isso permitiria ao país aumentar os investimentos e sua produção. No entanto, esse resultado levará tempo, e a disponibilidade crescente de mais petróleo bruto no mercado será um processo gradual.

Embora os riscos altistas superem os riscos baixistas para o complexo de energia, é importante mencionar que ainda estamos em um ambiente de taxas de juros elevadas, com inversão nas taxas de juros dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos e 10 anos, o que poderia levar o país a uma recessão a médio prazo.

Portanto, é importante ter em mente que existem riscos em ambos os lados. Embora as perspectivas sejam altistas para o petróleo, ainda existem riscos que podem levar a perdas para os preços das commodities energéticas.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias

alef.dias@hedgepointglobal.com

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