Relatório Semanal Energia - 2023 11 06
Crise de combustíveis na Argentina coloca controle de preços em xeque
Introdução
A
falta de abastecimento de gasolina e diesel que ocorreu nos postos de gasolina
na Argentina é um reflexo da crise econômica e do controle de preços. Mesmo
produzindo mais petróleo do que sua demanda doméstica, o país enfrenta sérios
problemas em seu setor energético.
Um dos desafios reside no fato de que não é suficiente possuir petróleo; é necessário submetê-lo a um processo de refino para convertê-lo em produtos prontos para atender às demandas do mercado. Neste quesito, as refinarias da Argentina não dão conta de atender o mercado interno, precisando recorrer às importações de combustíveis para suprir a demanda doméstica.
Contudo,
comprar produtos prontos de fornecedores estrangeiros, exige dólares, pois
grande parte das commodities energéticas são negociadas na divisa americana,
moeda escassa na Argentina por conta do seu rígido controle cambial.
Ainda,
na tentativa de conter a inflação, o governo, através da sua empresa de capital
misto, a petroleira YPF, repassa o barril de petróleo a um preço abaixo do
internacional às refinarias do país. Isso resulta em um “barateamento” dos
produtos refinados, mesmo que de maneira artificial.
Portanto, como atender a parcela do mercado que não consegue ser suprida com a produção interna de combustíveis? A resposta é a importação. Contudo, como tornar viável essa operação se o controle de preços remove os incentivos do mercado em trazer combustíveis de fora da Argentina?
Figura #1: Preços da Gasolina na América Latina (USD/lt)
Fonte: Global Petrol Prices (Octano-95, 30-out-2023)
Importação de gasolina sobe substancialmente em novembro
Durante o primeiro semestre do ano, a queda do preço do petróleo ajudou a “mascarar” os custos energéticos na Argentina, mas, após medidas da OPEP+ restringirem o mercado e elevarem o preço do barril de petróleo, o governo precisou intervir para limitar o custo aos consumidores domésticos.
Desde agosto, um acordo entre petroleiras e o governo congelavam os preços dos combustíveis no país, vigorando até 31 de outubro. A medida logrou manter os preços artificialmente baixos por um período, mas criou uma distorção de mercado que afetou a importação de combustíveis que, combinada com uma demanda maior do que esperada nas últimas semanas, resultou em desabastecimento generalizado no país.
Figura #2: Variação da Inflação & Preço dos Combustíveis (% a.a)
Fonte: INDEC, Surtidores
Figura #3: Importação de Gasolina ((barris)
Fonte: Esses números são provenientes do aplicativo de rastreamento de navios da Refinitiv, essas cifras indicativas podem não corresponder aos dados oficiais publicados posteriormente
Argentina possui um dos petróleos mais “descontados” do mundo
Em contraste, a Rússia, que sofre sanções dos países do G7, dificultando a compra de seu petróleo, o que, em teoria, o subvaloriza, vende o Urals acima de 70 dólares no mercado internacional, acima do teto de preço imposto pelos Estados Unidos e países aliados de 60 dólares. Portanto, o petróleo da Argentina acessa o mercado local com preços inferiores à países sancionados pelo ocidente.
Figura 4: Produção de Petróleo - Argentina (mil/bpd)
Fonte: Ministério de Economia da Argentina
Em Resumo
No entanto, as filas nos postos de gasolinas por falta de combustíveis podem se repetir entre o final deste ano e o começo do próximo caso o país siga com a política de controle de preços. E este é um ponto a ser monitorado de perto, especialmente neste momento de potencial recuperação das safras agrícolas pós-La Niña.
Relatório Semanal — Energia
Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com
Revisado por Thais Italiani
thais.italiani@hedgepointglobal.com
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