Vamos dar um passo para trás e entender um pouco sobre o contexto desse país. A Angola entrou para a OPEP e 2007, quando a produção do país era de cerca de 1,9 milhão de barris por dia (bpd). Hoje, o país produz 1,1 bpd, aproximadamente 45% menos do que em seu pico há mais de 15 anos. Os motivos vão desde a falta de investimentos até a ausência de novos projetos em campos de petróleo. Além disso, durante esse período, para complicar ainda mais a exploração hidrocarbonetos no país, os preços da commodity caíram significativamente, só voltando a níveis mais altos em 2022.
Como aproximadamente 90% das exportações de Angola em 2022 consistiam em petróleo e gás, o país depende muito da produção de petróleo bruto. Embora o governo busque diversificar a economia, é provável que o petróleo continue sendo a principal commodity de exportação do país no futuro.
Na OPEP, a influência de cada membro é medida pela produção de barris de petróleo, o que torna Angola menos influente na definição da estratégia da organização e na operação do sistema de cotas. Nesse cenário, a nação africana entendeu que o melhor caminho para preservar seus interesses de aumentar a produção seria sair da OPEP.
Agora, em termos práticos de oferta e demanda, o que muda com a saída de Angola da OPEP no mercado mundial? Não muito...
Mesmo que Angola busque aumentar sua produção, o país enfrenta muitos desafios. Em primeiro lugar, a produção do país está muito próxima da capacidade, portanto, não há espaço ocioso que o país possa ativar neste momento. Olhando para o horizonte, a tentativa de expandir sua capacidade depende de muito investimento, recursos que o país não tem agora, e enfrenta uma escassez de investidores estrangeiros. Além disso, mesmo que isso acontecesse, levaria algum tempo para ser realizado. Portanto, a saída de Angola preocupa mais pelo que significa do que pelos resultados que produz.