Apr 15 / Victor Arduin

Relatório Semanal Energia - 2024 04 15

Conflito no Oriente Médio traz riscos, mas os ganhos ao petróleo devem ser limitados

  • O Irã, um dos principais produtores de petróleo do mundo, lançou um ataque contra Israel no último fim de semana. Esse foi o primeiro ataque direto do Irã a Israel e marca uma nova fase no conflito no Oriente Médio.
  • O mercado de petróleo se beneficiou dos riscos geopolíticos e manteve correções modestas na semana passada, apesar de dados negativos, como o aumento nos estoques e a resiliência da inflação nos EUA.
  • No entanto, à medida que os maiores riscos não se materializam, os ativos do mercado energético devem ter uma semana de correções, mas ainda sustentados pelo déficit no balanço do petróleo.

Introdução

A semana passada foi marcada por turbulências nos mercados, com dados econômicos baixistas exercendo forte influência nas cotações de commodities. O índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA, que subiu para 3,5% ao ano em março, contrariou as expectativas e sinalizou que a inflação continua resistente.

Em contraste com a queda nas commodities em geral, o mercado energético se mostrou resiliente na semana passada, com o WTI e o Brent registrando pequenas perdas de -1,44% e -0,79%, cotados a US$ 85,66, e US$ 90,45, respectivamente. Isso porque tensões geopolíticas, especialmente a escalada do conflito entre Irã e Israel no Oriente Médio, continuam a influenciar o mercado de petróleo. A percepção de riscos à oferta global impulsiona a demanda pela commodity, elevando seus preços.

No momento, espera-se que o conflito se limite aos desdobramentos dos últimos dias, mas a incerteza continuará a pairar sobre o mercado. Enquanto isso, o principal fundamento continuará sendo o balanço em déficit devido às ações da OPEC+.
Figura 1: Principais Benchmarks do Petróleo (US$/bbl)

Fonte: Refinitiv

Figura 2: Irã - Exportações de Petróleo bruto (milhões de barris)

Fonte: Bloomberg

Escalada no Oriente Médio traz suporte para o petróleo

No último fim de semana, o Irã lançou uma série de ataques com drones e mísseis contra Israel, em retaliação ao ataque israelense ao consulado do país na Síria em 1º de abril. Esse foi o primeiro ataque direto do Irã a Israel e marca uma nova fase no conflito no conflito com Oriente Médio.

O Irã se destaca como um importante produtor de petróleo no região, com uma produção atual que ultrapassa os 3 milhões de barris por dia (bpd). Sendo um dos maiores exportadores do mundo, qualquer conflito mais amplo que afete sua infraestrutura energética oferece risco ao suprimento mundial. Além disso, o país frequentemente ameaça fechar o Canal de Suez, uma importante rota marítima na comercialização de petróleo. Quando há um aumento de tensão na região, crescem os riscos de interrupção no abastecimento de petróleo. Sejam através de sanções ou ataques diretos à infraestrutura, o que induz prêmios maiores ao mercado.

No entanto, caso os eventos acima mencionados não se materializem, é provável que vejamos uma correção nos preços. Uma escalada mais ampla resultaria em grandes prejuízos econômicos para Israel e o Irã, além de causar aumentos nos preços da gasolina nos EUA.

Figura 3: Irã – Produção de Petróleo (Milhões de Baris)

Fonte: Bloomberg

A maior demanda nos EUA é um elemento que falta no mercado

O panorama macroeconômico da semana passada foi marcado por dados baixistas para commodities. A inflação nos Estados Unidos permanece elevada, diminuindo as chances de um corte de juros em junho deste ano. Como resultado, o rendimento do tesouro americano para 2 anos fechou em 4,88% (+3,17%), atingindo um patamar não observado desde novembro do ano passado. De modo geral, um dólar mais forte é prejudicial para as commodities, já que as torna mais caras para detentores de outras moedas.

No entanto, as ações da OPEC+, grupo composto pelos principais países exportadores de petróleo, mostraram-se eficazes em reduzir a oferta no mercado, resultando em um déficit de suprimento que deverá persistir ao longo do segundo trimestre deste ano. Essa estratégia visa equilibrar o mercado e sustentar os preços do barril. O grupo implementou um corte voluntário na produção de 2,2 milhões de bpd, sendo a Arábia Saudita o maior contribuinte, com 1 milhão de bpd. Essa medida tem contribuído para a elevação dos preços, que registraram um aumento de mais de 17% até abril.

As principais agências que realizam estudos sobre o setor preveem déficits para 2024, com a OPEC estimando um déficit de -1,64 milhões de bpd, o IEA de -0,30 milhões de bpd e o EIA de -0,26 milhões de bpd.

Figura 4: Equilíbrio Mundial de Petróleo Bruto e Combustíveis Líquidos (Milhões de Barris)

Fonte: Bloomberg

Em Resumo

No último fim de semana, as tensões no Oriente Médio aumentaram após os ataques do Irã contra Israel. Os ativos do setor energético se beneficiaram dos riscos geopolíticos, mas esse suporte deve se dissipar à medida que se verifica que não houve impacto na produção de petróleo da região e que os países envolvidos não devem buscar uma escalada no conflito.

A combinação de inflação persistente, taxas de juros em compasso de espera e um dólar forte devem gerar pressão negativa sobre os preços das commodities no curto prazo. Isso deverá resultar em uma correção nos preços do petróleo, porém limitada, visto que as principais agências do setor mostram um déficit no suprimento para 2024.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com

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