May 20 / Victor Arduin

Decisiva Reunião da OPEP+ à Frente

Decisiva Reunião da OPEP+ à Frente

  • Após um período de queda nos preços devido ao cenário macroeconômico, o mercado observa com atenção os próximos passos da OPEC+ que deverão ter impacto no complexo energético.
  • Em um cenário de demanda fraca e recente revisão baixista da IEA, o principal fator que impulsiona os preços do petróleo é a oferta, especialmente da aliança dos países exportadores.
  • O que está em jogo é a extensão dos cortes voluntários de petróleo, que totalizam 2,2 milhões de barris por dia (bpd), sendo 1 milhão de bpd da Arábia Saudita. A manutenção, mesmo que parcial, desses cortes sinalizaria o esforço do grupo para elevar os preços do petróleo.
  • No entanto, persistir com a restrição de oferta gera perda de participação no mercado, resultando em menor consenso entre os membros da OPEP+ e explicitar uma menor cooperação para as ações coordenadas do grupo.

Introdução

Após um período de pressão de baixa sobre os principais benchmarks do petróleo, houve uma melhora na percepção de riscos envolvendo o âmbito macroeconômico dos EUA. Indicadores recentes revelam desaceleração na atividade econômica e alta do IPC de 0,3% (inferior à estimativa de mercado de 0,4%), elevando a expectativa de corte na taxa de juros nos próximos meses.

Agora, a atenção se volta para a reunião da OPEC+ em 1° de junho, onde será discutida a manutenção dos cortes voluntários de 2,2 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo. No momento, a restrição à produção pelos maiores produtores e exportadores do mundo está em torno de 5,86 milhões de bpd (cerca de 6% da demanda mundial).

Embora implique em perda de participação no mercado, essa estratégia tem atingido seu objetivo principal de elevar o preço do barril de petróleo. Diante disso, é altamente provável que os países da OPEC+ estendam os cortes na produção, e neste relatório analisaremos seus impactos no mercado
Figura 1: Produção da OPEP Vs. Preço do Barril de Petróleo (US$)

Fonte: Refinitiv

Figura 2: Cesta de Referência da OPEP (US$/bbl)

Fonte: Refinitiv

Estoques flutuantes caem, mas demanda continua modesta

A política de cortes na produção de petróleo da OPEC+ resultou em uma queda significativa nos estoques globais de petróleo, especialmente no primeiro semestre de 2024. Isso ficou evidente com a redução do estoque flutuante para o menor nível desde 2020, cerca de 55 milhões de barris. Embora esses fatos sejam fundamentos de alta para o mercado energético, os preços recuaram nas últimas semanas e posições compradas dos fundos de investimento tem diminuído.

O suporte ao mercado de energia se baseia principalmente em fatores do lado da oferta, enquanto a demanda permanece fraca em 2024. Na última semana, a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para baixo o crescimento da demanda para este ano, agora em 1,1 milhão de bpd (uma redução de 140 mil bpd). A fraca demanda por gasolina nos EUA, ainda abaixo de 9 milhões de bpd, e por destilados médios, como o diesel, em meio dificuldades no setor de manufatura, também contribui para moderar as expectativas mais altistas.

Embora a OPEC projete um crescimento otimista da demanda de 2,2 milhões de bpd (atribuindo grande parte dessa expansão à China), esse cenário não reflete a realidade atuaç. Se essa previsão se concretizar, mesmo que parcialmente, não haveria motivos para a extensão total dos cortes voluntários do grupo. Nesse sentido, a decisão da OPEC+ em junho falará mais sobre sua visão do mercado de petróleo do que suas projeções.

Figura 3: Estoque Flutuante Global (Milhões de Barris)

Fonte: Bloomberg

Estabilidade da aliança segue um desafio

Defender preços por meio de cortes na produção em 2024 não é tão fácil quanto antes, pois implica um alto custo de participação no mercado. Países não membros da OPEC+, como Brasil, Canadá, Guiana e, principalmente, os EUA, vêm aumentando sua produção de petróleo nos últimos anos, limitando os efeitos das políticas restritivas de produção dos maiores produtores.

Nesse sentido, é crescente a insatisfação de alguns membros com as cotas de produção e fazem apelos por revisões que, inevitavelmente, trariam mais petróleo ao mercado. Angola já deixou o grupo após discordar dos níveis estipulados, enquanto os Emirados Árabes Unidos (EAU) buscam aumentar sua capacidade produtiva. Ainda, nesse cenário de difícil cooperação, Iraque e Cazaquistão excederam suas quotas no primeiro trimestre de 2024 em 602.000 bpd e 389.000 bpd, respectivamente.

Em geral, todos os exportadores de petróleo se beneficiam de preços mais altos. No entanto, a Arábia Saudita e a Rússia parecem ser os mais interessados em um aperto no suprimento. Os sauditas, por serem os maiores exportadores do mundo, aumentam seus ganhos em termos absolutos com cotações melhores, enquanto os russos vendem seu petróleo acima do teto de preço imposto pelas sanções do Ocidente em decorrência da invasão à Ucrânia.

Figura 4: EUA - Exportações Mensais da OPEP em Abril (Milhões de Barris)

Fonte: Refinitiv

Em Resumo

No final de abril, os ativos do setor energético reagiram às expectativas do ambiente macroeconômico, com aumento da aversão ao risco devido a sinais de resiliência da inflação nos EUA.

Com dados recentes mostrando de que a inflação americana está convergindo para sua meta de 2%, o foco agora se volta para os próximos passos da OPEC+ e sua política de restrição da produção de petróleo.

O suporte ao mercado de energia baseia-se em fatores da oferta, enquanto a demanda permanece fraca em 2024. A AIE revisou para baixo o crescimento da demanda para 1,1 milhão de bpd.

Neste sentido, é provável que os cortes voluntários dos países membros da OPEP+ sejam mantidos, mesmo que parcialmente. Caso contrário, há um risco de queda nos preços, afetando principalmente a Arábia Saudita e a Rússia.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com

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