Oct 14 / Victor Arduin

As margens de refino nos EUA melhoraram, mas esse aumento pode ser momentâneo

As margens de refino nos EUA melhoraram, mas esse aumento pode ser momentâneo

  • Na semana encerrada em 04/10, os estoques de gasolina nos EUA sofreram uma forte queda de 6,3 milhões de barris. O furacão Milton obrigou milhões de pessoas a se deslocarem em busca de abrigo, resultando em um aumento no consumo de combustíveis.
  • O crack da gasolina, um indicador de margem para refinarias, teve um forte aumento nos últimos dias. Esse crescimento pode persistir nos próximos dias à medida que muitas pessoas precisarão voltar para suas casas.
  • No entanto, os próximos meses podem ser desafiadores para as margens das refinarias à medida que a temporada de furacões se encerra e as baixas temperaturas reduzem a mobilidade no hemisfério norte.

Introdução

O consumo de derivados de petróleo é um indicador significativo da demanda global por energia. Aumentos no consumo de gasolina, diesel e outros produtos refinados elevam a procura por petróleo bruto, o que, geralmente, resulta em altas nos preços.

Na última semana, observou-se um expressivo aumento no consumo de combustíveis nos EUA, especialmente de gasolina, em decorrência do furacão Milton, que forçou muitas pessoas a se deslocarem das regiões da costa do Golfo. Como resultado, o crack da gasolina registrou um aumento, proporcionando suporte para as margens das refinarias.

Entretanto, importantes fundamentos de baixa podem se materializar nos próximos meses, afetando os futuros dos produtos derivados do petróleo. Em razão disso, este relatório discutirá os fatores que têm afetado as margens das refinarias e os possíveis desdobramentos para os próximos meses.
Figura 1: EUA – Estoques de Gasolina (em Milhões de Barris)

Fonte: EIA

Figura 2:  EUA – Demanda Implícita por Gasolina (Milhões de Barris por Dia)

Fontes: EIA

Furacão Milton eleva margens das refinarias

Embora a demanda por gasolina nos EUA em 2024 tenha apresentado um bom desempenho, com uma média de 8,856 milhões de barris por dia (+0,27% em relação a 2023), o aumento contínuo dos estoques de março a julho evitou uma elevação substancial no preço da gasolina e restringiu os possíveis ganhos nos futuros do RBOB. É incomum observar um aumento tão expressivo nos estoques durante a "driving season," quando muitos americanos costumam viajar, mas foi exatamente o que ocorreu este ano.

No entanto, na semana encerrada em 04/10, houve uma forte queda nos estoques de gasolina do país (-6,3 milhões de barris). O furacão Milton forçou milhões de pessoas na costa do Golfo, especialmente na Flórida, a se deslocarem, aumentando a demanda por combustíveis em um período em que a produção das refinarias normalmente entra em declínio devido às manutenções.

Os cracks — margens de lucro obtidas pela conversão de um barril de petróleo em produtos para consumo — aumentaram nas últimas duas semanas, com o crack da gasolina registrando um crescimento de quase 7 dólares em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse efeito pode se manter por mais alguns dias, à medida que muitas pessoas precisarão voltar para suas casas, mantendo o suporte para refinadores.

Figura 3: EUA – Margem de Produtos Refinados (US$ por Barril)

Fonte: Bloomberg

Os ganhos do afrouxamento monetário serão graduais

À medida que nos aproximamos do fim da temporada de furacões e as temperaturas mais baixas começam a reduzir a mobilidade no país, as margens de refino dependerão mais do desempenho dos destilados médios (Heating Oil). Há uma recuperação na demanda, que registra um consumo médio de 3,662 milhões de barris em 2024, mas permanece cerca de 2,78% abaixo do acumulado para o mesmo período de 2023.

Entretanto, existem fundamentos de baixa presentes no mercado que podem afetar as margens das refinarias nos próximos meses. Os biocombustíveis têm ganhado espaço relativo no consumo total de diesel, especialmente na Califórnia, onde políticas públicas têm beneficiado o uso de biodiesel e diesel renovável. Além disso, os juros em patamares restritivos têm reduzido a atividade do setor industrial, que é intensivo no uso de diesel.

Existem mudanças importantes em curso, como o afrouxamento da política monetária americana, que tende a tornar o dólar mais barato e a favorecer a atividade econômica doméstica. Contudo, os ganhos do novo cenário monetário nos EUA levarão algum tempo para serem sentidos e ocorrerão de forma gradual.

Figura 4: EUA – Consumo de Petróleo nas Refinarias (Milhões de Barris por Dia)

Fontes: EIA

Em Resumo

Eventos climáticos têm se tornado cada vez mais relevantes no mercado de commodities. Um exemplo recente é a ocorrência de furacões na costa do Golfo, uma região que concentra quase metade da capacidade de refino dos Estados Unidos.
Devido ao aumento no consumo de combustíveis e à interrupção parcial do fornecimento, os cracks para refinarias tendem a melhorar no curto prazo, proporcionando suporte para suas margens.

No entanto, fundamentos de baixa podem ganhar força nos próximos meses à medida que o consumo de combustíveis diminui no inverno e a demanda por destilados médios enfrenta um futuro incerto, devido à atividade de manufatura limitada pelos juros restritivos.

Se os fatores do lado da demanda já não trouxessem preocupações suficientes para as refinarias, o custo do petróleo, elevado pelos prêmios de risco associados ao Oriente Médio, pode torná-lo ainda mais caro, pressionando ainda mais as margens das refinarias.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Thais Italiani
thais.italiani@hedgepointglobal.com

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