Oct 30 / Victor Arduin

China continua aumentando incerteza sobre o consumo de petróleo global

China continua aumentando incerteza sobre o consumo de petróleo global

  • Por muitos anos, a China tem sido o principal impulsionador do mercado de energia, contribuindo para uma expansão significativa do consumo de petróleo.
  • Entretanto, nos últimos anos, o país reduziu sua dependência do petróleo por meio da eletrificação de sua frota de veículos e da expansão do uso de energias alternativas.
  • Ao mesmo tempo, a atual crise no setor imobiliário do país também afetou o consumo de combustível, aumentando as incertezas com relação ao setor energético no país. para o setor em relação a China.
  • Os estímulos fiscais e monetários podem aquecer a economia do país, mas não necessariamente se traduzirão em um aumento do consumo de combustível, mantendo um sentimento de baixa em relação às commodities energéticas.

Introdução

Nos últimos meses, surgiram fundamentos de alta e de baixa no mercado de petróleo. As tensões geopolíticas no Oriente Médio adicionaram um prêmio de risco aos preços do petróleo bruto devido ao temor de interrupções na produção e na logística da região. No entanto, as preocupações com a demanda e a percepção de uma redução no conflito entre Israel e Irã resultaram em uma queda de mais de 5,8% (-US$ 4,19) nesta semana nos principais bencharmks de petróleo.

Do lado da demanda, um dos impactos mais significativos vem da China, onde as importações totais em 2024 caíram em mais de 3 milhões de barris por dia (-3,1%) em comparação com o ano anterior. Esse declínio se deve principalmente à eletrificação da frota de veículos e atual crise imobiliária do país.

Devido á sua importância para o complexo energético, o relatório de hoje analisa o cenário atual do mercado de combustíveis na China e seus impactos sobre os preços globais do petróleo.
Figura 1: China - Importações de petróleo bruto (b/d)

Fonte: Bloomberg

Figura 2:  China - Demanda aparente de petróleo (b/d)

Fonte: Bloomberg

Consumo de combustível da China pode não ter muito espaço para crescer

Em setembro, as importações de petróleo bruto registraram outro declínio, dessa vez em 0,55% em relação ao ano anterior, caindo aproximadamente 1 milhão de barris por dia em relação ao mês anterior. Esse declínio intensificou o sentimento de baixa no mercado de energia, onde as projeções de crescimento global da demanda pela OPEP foram revisadas para baixo nos últimos meses.

A crise imobiliária do país contribuiu para a queda no consumo total de combustível, já que as máquinas de construção consomem diesel. Outro fator significativo foi a mudança gradual de veículos com motor de combustão para veículos elétricos, levando a uma redução acentuada no consumo de gasolina.

O consumo de gasolina está atualmente em torno de 3,5 milhões de bpd e pode estar próximo de seu pico (o nível máximo que atingirá antes de começar recuar), o que aumenta a incerteza sobre a demanda adicional que o país pode gerar para o mercado de petróleo e derivados no futuro. Da mesma forma, espera-se que o uso crescente de GNL para caminhões também leve o consumo de diesel, atualmente em 3,75 milhões de bpd, ao seu pico nos próximos anos.

Figura 3: Consumo de combustível da China pode não ter muito espaço para crescer

Fonte: EIA

Os estímulos econômicos não se traduziram em consumo de combustível

A demanda doméstica por produtos refinados tem sido um desafio para as refinarias independentes do país, conhecidas como "teapots", que estão operando abaixo de 60% da capacidade desde agosto. Diferentemente das refinarias estatais, elas produzem produtos de menor valor agregado, como o betume. Devido à diminuição da atividade econômica no país, impactando especialmente o setor de construção, as refinarias privadas têm lidado com margens reduzidas, resultando em menor utilização de suas instalações.

Embora os estímulos fiscais e monetários sejam bem-vindos para apoiar a economia, eles podem não se traduzir necessariamente no consumo de combustível, o que resulta no sentimento mais baixista que observamos nas commodities de energia nas últimas semanas.

Portanto, os atuais fundamentos do mercado de energia na China podem continuar criando um cenário de incerteza em relação ao consumo de combustível, resultando em menores importações de petróleo nos próximos meses.

Figura 4: Os estímulos econômicos não se traduziram em consumo de combustível

Fontes: Bloomberg

Em Resumo

Há sinais de que o consumo de gasolina e diesel no país poderá em breve atingir seu pico de demanda uma vez que as importações parecem estar perdendo força. A transição energética no país vem se acelerando e é crucial para reduzir sua dependência do petróleo, já que a China é atualmente o maior importador do mundo.

No entanto, as necessidades energéticas da segunda maior economia do mundo continuam fortes para outras commodities, como o GLP e o GNL. As exportações de propano e butano dos EUA para a China estão crescendo cada vez mais, atendendo tanto ao setor industrial quanto à geração de eletricidade.

Embora o conflito no Oriente Médio possa introduzir algum prêmio de risco, como ocorreu nos últimos meses, as preocupações com a demanda de petróleo continuarão influenciando os preços do petróleo e seus derivados. Um aumento nas importações de petróleo da China nos próximos meses poderá dar suporte ao mercado, enquanto uma redução poderá intensificar o sentiment de baixa sobre o sentimento de baixa atualmente presente no mercado.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com

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