Nov 26 / Victor Arduin

Estoques de gasolina nos EUA trazem um sinal de alerta

Estoques de gasolina nos EUA trazem um sinal de alerta

  • Na última semana, os EUA registraram um aumento de 2,1 milhões de barris nos estoques de gasolina. o nível é um dos mais baixos dos últimos cinco anos.
  • Entre novembro e março, as refinarias americanas costumam direcionar parte de sua produção para estoques comerciais, visando garantir suprimentos suficientes para atender à alta demanda da Driving Season (temporada de viagens).
  • Embora as refinarias ainda tenham tempo para preparar o suprimento para o próximo ano, os baixos estoques no país podem continuar sustentando os futuros da gasolina.
  • Esse risco é amplificado por possíveis condições climáticas adversas, que, como no início de 2024, comprometeram a extração de petróleo e forçaram o fechamento de refinarias temporariamente.

Introdução

Após semanas de tendência de queda, os estoques de gasolina dos EUA registraram crescimento, segundo dados divulgados pela EIA na semana passada. Com um aumento de 2,1 milhões de barris, os estoques atingiram 208,93 milhões na semana encerrada em 15 de novembro.

No entanto, um sinal de alerta foi acionado e pode persistir nos próximos meses. Além dos estoques baixos, sua formação deles está mais lenta em 2024, diante de uma demanda ainda resiliente. Os dias de suprimento de gasolina, que relacionam estoques e demanda, estão em 23,4, cerca de 1 dia a menos que em 2023 para mesma época do ano e praticamente no mesmo nível de 2022, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia gerou forte pressão sobre os estoques americanos.

Portanto, o relatório de hoje discutirá riscos de alta para a gasolina que podem surgir no futuro, impactando benchmarks da commodity nos mercados globais.
Figura 1: EUA – Estoques de Gasolina (Milhões de Barris)

Fonte: EIA

Figura 2:  Dias de Suprimento de Gasolina nos EUA

Fonte: EIA

Demanda por gasolina tem permanecido elevada nos EUA

Atualmente, os estoques de gasolina nos EUA estão 3,74% abaixo da média dos últimos cinco anos, cerca de 8 milhões de barris em termos absolutos. A aproximação do inverno no hemisfério norte, período tradicionalmente marcado por menor mobilidade de veículos, pode limitar os fundamentos de alta no mercado. No entanto, esse cenário também acende um sinal de alerta para o próximo ano. Isso porque, geralmente, entre os meses de novembro e março, as refinarias americanas direcionam parte de sua produção para estoques comerciais, com o objetivo de garantir suprimentos suficientes para atender à alta demanda da Driving Season (temporada de viagens), que começa no Memorial Day (maio) e termina no Dia do Trabalho americano (setembro).

Contudo, o início da formação de estoques de gasolina, geralmente observado no mês de novembro, está mais lento em 2024. Esse cenário pode ser atribuído, em parte, à elevada demanda registrada nos últimos meses, impulsionada por eventos como o furacão Milton, que, em outubro, forçou milhões de pessoas a se deslocarem na Flórida. Além disso, a conjuntura econômica também está diferente esse ano: com a inflação mais controlada, os preços de varejo nos postos de combustíveis estão cerca de 6% inferiores aos níveis de 2023, segundo a EIA, o que tem contribuído para estimular a demanda nos Estados Unidos.

Figura 3: EUA – Demand Implícita por Gasolina (Média de 4 Semanas, M b/d)

Fonte: EIA

Elevação do RBOB representa um risco adicional para importadores de combustíveis

Embora refinadores ainda tenham tempo para preparar o suprimento para o próximo ano, os baixos estoques no país podem continuar oferecendo suporte aos futuros da gasolina. Esse risco é amplificado por possíveis condições climáticas adversas, que, como no início deste ano, comprometeram a extração de petróleo e forçaram o fechamento de refinarias.

Esses fundamentos parecem estar chamando a atenção do mercado, com hedge funds e money managers ampliando suas posições líquidas compradas para cerca de 68 milhões de barris em RBOB, um aumento de 21,794 milhões de barris em novembro em comparação ao final de outubro. Um sinal de percepção mais altista se formando para a gasolina nos EUA.

Nesse contexto, os importadores de combustíveis brasileiros podem enfrentar um desafio adicional nos próximos meses. A elevação nos preços da gasolina pode impactar o preço de paridade de importação, já pressionado pela forte desvalorização do real, dificultando ainda mais a obtenção de margens de lucro na importação de combustíveis.

Figura 4: Posições Líquidas Compradas de Gestores de Fundos em RBOB

Fontes: Bloomberg

Em Resumo

Nos preços futuros das commodities energéticas, como a gasolina, não apenas os fundamentos do seu próprio mercado influenciam seus preços, mas também os fundamentos do mercado de petróleo.

A tendência baixista do petróleo, devido à demanda enfraquecida na Ásia e às negociações de paz no Oriente Médio, que reduzem os prêmios de risco geopolítico, também deve influenciar os preços das commodities energéticas no curto prazo.

Por outro lado, fatores como condições climáticas adversas impõem um elevado nível de incerteza para os próximos meses, podendo resultar em redução na atividade de refino norte-americana.

Em condições normais, com estoques elevados nos EUA, esse efeito seria limitado, mas pode não ser o caso devido aos baixos níveis de gasolina. Além disso, diferente dos últimos dois anos, a demanda tem apresentado uma tendência de resiliência, assim como preços dos combustíveis no varejo menores frente a uma inflação mais controlada no país.

Assim, apesar de um contexto baixista para petróleo, o contrato de gasolina, RBOB, encontra em seu mercado fatores altistas que podem impactar não apenas seu mercado doméstico, mas países importadores.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com

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