Atualização de Mercado - Soja - 2025 04 25

A nossa nova atualização para o quadro de oferta e demanda de soja do Brasil aponta para um aumento da estimativa de exportações na temporada 2024/25. O novo número indica uma exportação potencial de 109 milhões de toneladas, com aumento de 2 de milhões de toneladas em relação à estimativa anterior (107 milhões de toneladas).

A nova estimativa já leva em consideração um provável aumento da demanda chinesa pela soja brasileira no cenário atual de “guerra comercial”, onde as tarifas chinesas sobre produtos norte-americanos – em resposta às tarifas norte-americanas sobre produtos chineses – devem trazer uma redução importante para as compras chinesas de soja dos Estados Unidos nos próximos meses. Atualmente, a China impõe uma tarifa de importação de 125% sobre todos os produtos norte-americanos, enquanto os EUA estão trabalhando com uma tarifa de 145% sobre praticamente todos os produtos chineses (com poucas exceções).

Entendemos que a tarifa chinesa inviabiliza novas compras de soja de origem norte-americana, visto o que o preço final pago pelos importadores chineses tende a ser mais que o dobro do preço pago em outras origens, como o Brasil. Dessa forma, enquanto não houver um acordo comercial robusto entre as duas maiores economias do mundo, não deveremos ver mais nenhum novo navio com soja norte-americana sendo enviado para a China. Paralelamente, restam algumas dúvidas em relação às compras já realizadas e que ainda não foram entregues à China. Tais compras serão tarifadas? Tais compras serão canceladas?

É importante lembrar que a estimativa atual do USDA aponta para exportações norte-americanas de soja de 49,7 milhões de toneladas (total, para todos os países) na temporada 2024/25. Até o momento, os registros de exportação de soja dos EUA chegam a 47,1 milhões de toneladas na temporada 2024/25. Ou seja, faltam aproximadamente 2,6 milhões de toneladas de novas vendas para se atingir a estimativa do USDA. Além disso, do total já registrado, 4,3 milhões de toneladas ainda não foram entregues aos seus destinos, que incluem países que também estão impondo tarifas retaliatórias sobre os EUA. Desse volume já registrado, aproximadamente 200 mil toneladas são para a China, ou aproximadamente 4,6%. Diante disso, podemos dizer que boa parte das vendas já registradas e não entregues, além das vendas pendentes, estão em risco, com possíveis cancelamentos ocorrendo nas próximas semanas. Se ocorrerem, tais cancelamentos podem levar a uma redução da estimativa de exportação do USDA, o que pode resultar em aumento de estoques nos EUA e possível pressão negativa em Chicago. O próximo relatório de oferta e demanda do USDA será divulgado no dia 12 de maio, e possíveis ajustes já poderão ser notados.

Nesse contexto, a soja brasileira tende a ser muito beneficiada nos próximos meses, com as compras chinesas ficando ainda mais concentradas no maior país produtor e exportador de soja do mundo. Além disso, caso outros países também não entrem em acordo com os EUA, demandas adicionais podem ser incluídas na conta. Mas, a questão é: até onde podem ir as exportações brasileiras de soja?

Trabalhando com o quadro de oferta e demanda atual para temporada 2024/25, onde a produção brasileira deve ficar em torno de 170 milhões de toneladas, exportações em 109 milhões e esmagamento em 57,5 milhões, entendemos que o contexto atual já deve trazer estoques finais bastante “apertados”, não havendo muito espaço para elevações nos fatores ligados à demanda. De qualquer forma, caso a demanda por exportação continue crescendo, é possível vermos alguma redução no número final de esmagamento, ou até mesmo alguma elevação no número de importação de soja para abastecimento do mercado interno, principalmente em regiões que fazem fronteira com a Argentina e o Paraguai. Diante disso, não podemos descartar a possibilidade das exportações brasileiras atingirem (ou superarem) a marca de 110 milhões de toneladas na temporada.

O fato é: aparentemente, embora os números finais de exportações e esmagamento ainda possam sofrer alterações, a tendência é termos estoques finais extremamente reduzidos nesta temporada, o que pode trazer uma pressão positiva para os prêmios/basis e, consequentemente, para os preços brasileiros nos últimos meses do ano.