Feb 7 / Lívea Coda

Projeção de Safra: Açúcar Centro-Sul - 2025 02 10

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"Em janeiro, atualizamos nossos modelos e expectativas para a safra 25/26 com base em dados de NDVI, precipitação, temperatura e umidade do solo. Esperamos 82 t/ha, o que se traduz em cerca de 630 Mt, em comparação com 617,7 Mt em 24/25. Espera-se que a região Centro-Sul tenha mais disponibilidade de açúcar na próxima temporada, com um mix de açúcar mais alto e estoques confortáveis de biocombustível. "

A saga do açúcar em 25/26: o que esperar

  • Atualizamos nossos modelos e expectativas para a safra 25/26 do Centro-Sul Brasileiro com base em dados de NDVI, precipitação, temperatura e umidade do solo.

  • A umidade do solo melhorou no final de 2024, permanecendo abaixo da média, mas melhor do que os níveis de 2023; as chuvas impactaram positivamente o desenvolvimento da cana nas principais regiões.

  • O período de entressafra teve temperaturas 1,5ºC mais baixas do que no ano anterior, indicando uma recuperação do TCH, mas a condição ruim da cana em 2024 poderia limitar o lado positivo, assim como uma redução marginal da área.

  • Espera-se que a região Centro-Sul tenha mais disponibilidade de açúcar na próxima temporada, com um mix de açúcar mais alto e estoques confortáveis de biocombustível.

  • Os preços internos indianos subiram 4% em janeiro, enquanto os preços do açúcar bruto corrigiram, aumentando a paridade de exportação. Se excluirmos as exportações de 1 Mt da Índia, o fluxo commercial no T2-25 mostraria uma disponibilidade mais apertada, o que significa que sua paridade de exportação é um bom nível para o açúcar no curto prazo.
Com os dados obtidos em janeiro para NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), precipitação, temperatura e umidade do solo, pudemos atualizar nossos modelos e, portanto, nossas expectativas para a próxima safra 25/26 do Centro-Sul brasileiro.

A umidade do solo recuperou algum terreno durante os últimos meses de 2024, permanecendo abaixo da média, mas superando os níveis de 2023. As chuvas têm sido positivas para o desenvolvimento da cana, atingindo níveis acima da média nas principais regiões produtoras, como Ribeirão Preto, Triângulo Mineiro, Araçatuba e outras, aproximando a média calculada para o CS do normal. Isso também afetou positivamente o NDVI, que apresentou resultados mais saudáveis do que em janeiro de 2024 e 2023.

Combinando tudo isso com o fato de que o período de entressafra (entre novembro e janeiro) teve temperaturas estimadas em 1,5 ºC mais baixas em comparação com o ano anterior, nosso modelo indicou um potencial de recuperação no TCH.

Figura 1: Evolução da área e do TCH Projetado para o CS do Brasil

Fontes: Conab, UNICA, CTC, Hedgepoint

No entanto, a condição ruim da cana em 2024 pode limitar a alta, tornando difícil o retorno aos níveis de 23/24. No entanto, espera-se atingir 82 t/ha, o que se traduz em uma produção de cerca de 630 Mt de cana, em comparação com as 617,7 Mt esperadas em 24/25 - um número que ainda pode surpreender para cima.

A limitação dos números da cana também pode vir de uma área um pouco menor. Embora a Conab tenha projetado um aumento de 4,4% em 24/25, incêndios e condições ruins de plantio podem levar a uma redução desse nível mais alto em 25/26. Atualmente, estamos trabalhando com uma queda de 2% na área para a próxima temporada. No entanto, esse é um ponto crítico a ser monitorado, pois houveram relatos de plantio tardio em novembro, o que ainda pode acrescentar às estimativas.
Como resultado, espera-se que a região Centro-Sul tenha mais disponibilidade de açúcar na próxima temporada. Isso não se deve apenas a um aumento na matéria-prima, mas também ao fato de que o mix açúcar deverá ser maior. Além de o açúcar pagar um prêmio bastante alto em relação ao etanol, o aumento na produção de etanol de milho e a disponibilidade de mais matéria-prima tornam os estoques de biocombustível bastante confortáveis. Isso é verdade mesmo quando se considera um crescimento de 2% na demanda e a implementação de uma mistura de anidro na gasolina de 30% a partir de junho. Portanto, não há nenhuma indicação de que devemos ter uma mudança no problema de maximização da receita das usinas: elas ainda devem priorizar o adoçante.

Figura 2: Moagem de cana por quinzena no CS do Brasil (Mt)
Figura 3: Exportações totais de açúcar do CS Brasileiro ('000 t)

UNICA, Hedgepoint

Fonte: SECEX, Williams, Hedgepoint

Figura 4: Estoques de hidratado (à esquerda) e de anídro (à direita) ('000 m³) no Centro-Sul Brasileiro

Fontes: ANP, SECEX, UNICA, Hedgepoint

Além disso, espera-se que alguns investimentos feitos entre 2023 e 2024 na capacidade de cristalização estejam totalmente operacionais, possibilitando atingir 51% em 25/26. Obviamente, o principal risco para essa visão seria outro ano de baixa qualidade da cana com maior concentração de açúcares redutores.



No entanto, conforme discutido anteriormente, as condições climáticas melhoraram. Normalmente, esses problemas de qualidade estão ligados a eventos de curto prazo. Por exemplo, a seca de 2024 afetou a qualidade da safra daquele ano, e a maior concentração de açúcares redutores não foi resultado de condições registradas em 2023. Portanto, precisamos esperar e monitorar se teremos alguma anomalia que possa derrubar o mix de açúcar.
Figura 5: Fluxos comerciais totais ('000t)
Observando as previsões meteorológicas atuais, especialmente com relação aos eventos climáticos, espera-se que 2025 seja um ano neutro, sem previsão de um El Niño forte nem de um La Niña. Essa tendência geralmente aproxima o clima da norma e garante um resultado mais saudável.

Entretanto, pode haver algum incentivo para iniciar a temporada de moagem um pouco mais tarde. Como não se espera que haja sobras de cana (cana bisada), algumas usinas podem estar dispostas a esperar um pouco mais para que a cana se desenvolva antes de iniciar sua moagem. 

Fonte: Green Pool, Hedgepoint

Como resultado, poderemos ver as exportações ganhando ritmo mais tarde, talvez até o final de maio. Essa tendência se torna explicita quando comparado a 24/25, quando a região tinha sobras para começar rápido e cedo. Portanto, os fluxos comerciais ainda podem ser um pouco altistas até que a próxima temporada brasileira entre em ritmo. Quando o Brasil começar a moer, os preços poderão começar a corrigir, visto a previsão de excesso de oferta.
Figura 6: Balanço entre oferta e demanda de açúcar no Centro Sul do Brasil (Mt)

Fontes: UNICA, SECEX, Williams, Hedgepoint

Até lá, a disponibilidade brasileira está se tornando escassa, aproximando-se dos níveis médios durante a entressafra. Essa tendência, combinada com a busca da Índia por preços mais altos para exportar a 1Mt permitida pelo governo, faz com que o preço doméstico do país asiático seja o fator de maior apoio por trás da recente tendência de alta.

Os preços domésticos indianos aumentaram em média 4% em janeiro, impulsionados pela redução dos estoques. Enquanto isso, os preços do açúcar bruto flutuaram, mas o contrato de março conseguiu cair 2% durante o mês. Como resultado, a paridade de exportação aumentou acentuadamente. Para que os usineiros indianos sejam indiferentes entre vender no mercado interno e contribuir para os fluxos comerciais, os preços brutos devem estar próximos de 19,7 c/lb. Em termos de açúcar branco, a paridade está aberta, mas também tem sido reportado que os indianos estão pedindo prêmios mais altos.
Se excluirmos as exportações de 1 milhão de toneladas da Índia, o segundo trimestre de 2025 mostraria uma disponibilidade mais apertada. Portanto, o nível de 19+ poderia servir como um piso de curto prazo. Entretanto, se a demanda estiver confortável o suficiente para esperar pelo Brasil, o preço poderá orbitar em torno desse valor até começar a se corrigir.
Resumo
Em janeiro, atualizamos nossos modelos e expectativas para a safra 25/26 com base em dados de NDVI, precipitação, temperatura e umidade do solo. Esperamos 82 t/ha, o que se traduz em cerca de 630 Mt, em comparação com 617,7 Mt em 24/25. Espera-se que a região Centro-Sul tenha mais disponibilidade de açúcar na próxima temporada, com um mix de açúcar mais alto e estoques confortáveis de biocombustível. As condições climáticas melhoraram, e espera-se que 2025 seja um ano neutro, aproximando o clima do normal. Algumas usinas poderão começar a moagem mais tarde, o que fará com que as exportações aumentem o ritmo no final de maio. Até lá, a disponibilidade brasileira está se tornando escassa, e a busca da Índia por preços mais altos sustenta a recente tendência de alta. Os preços internos indianos aumentaram 4% em janeiro, enquanto os preços do açúcar bruto foram corrigidos. Se excluirmos as exportações de 1 milhão de toneladas da Índia, o segundo trimestre de 2025 mostraria uma disponibilidade mais apertada, com o nível 19.5c/lb servindo como um piso de curto prazo. Se a demanda esperar pelo Brasil, os preços poderão oscilar em torno desse valor até serem corrigidos.

Atualização de Safra - Açúcar e Etanol

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Thaís Italiani
thais.italiani@hedgepointglobal.com

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