Projeção de Safra: Café Brasil 2026/27

Neste relatório, apresentamos nossa primeira estimativa para a safra brasileira 26/27 de café. O desenvolvimento não ocorreu sem desafios e o clima nos próximos meses ainda será essencial para os números finais da safra, especialmente com o início da fase de enchimento dos grãos no final deste ano.

Por enquanto, a produção de arábica deve ficar na faixa de 46,5 a 49 M de sacas, enquanto a produção do conilon pode variar entre 24,6 e 25,4 M de sacas, levando a um potencial de 71 a 74,4 M de sacas em 26/27. Explore a análise detalhada abaixo.

De agosto até o início de outubro, um período de seca no Brasil criou incerteza quanto ao desenvolvimento da safra 26/27, atrasando a fase de floração e causando perdas em parte das primeiras flores em setembro. No entanto, após meados de outubro, chuvas abundantes voltaram às regiões produtoras de café arábica, permitindo uma segunda floração (ou a primeira, em algumas áreas). Ainda que abaixo dos níveis médios, os bons volumes de chuva continuaram até meados de novembro, permitindo a floração e restaurando as expectativas positivas para a safra 26/27.

No entanto, é improvável que a produção de arábica neste ciclo atinja os níveis da safra 20/21. Embora a produção tenha aumentado – apoiada por novas áreas plantadas e melhoria no manejo das árvores –, algumas fazendas ainda relatam rendimentos abaixo do esperado. Muitos esperavam que 26/27 trouxesse sincronização do ciclo bienal e recuperação na maioria das regiões produtoras de arábica, mas a produtividade continua desigual.

Em certas regiões, também houve um aumento na poda das árvores, particularmente em áreas com plantas mais danificadas que não foram podadas na última temporada devido aos preços mais altos. Por outro lado, os cafeicultores continuaram a investir em novas áreas, contudo os resultados desses investimentos se tornarão ainda mais evidentes somente no decorrer dos próximos anos.

Apesar desses desafios, a produção deve aumentar na safra 26/27. Por enquanto, a produção de arábica está projetada entre 46,5 e 49 M, bem acima dos 37,7 M de sacas colhidas no ciclo 25/26 (23,3 a 29,9%). Números mais precisos serão divulgados entre março e abril, já que os campos de café estão atualmente na fase de enchimento dos grãos, com os níveis de precipitação nos próximos meses tendo um impacto direto nos rendimentos do processamento.

As condições climáticas, especialmente no Espírito Santo e na Bahia, têm sido mais favoráveis para o desenvolvimento da safra de conilon 26/27 desde agosto. Embora as precipitações tenham permanecido abaixo da média, sua consistência, combinada com bons níveis dos reservatórios, favoreceu a floração e o desenvolvimento dos grãos na maioria das regiões, mantendo as expectativas positivas para o próximo ciclo.

É importante observar, no entanto, que a safra 25/26 apresentou uma produção excepcional. Normalmente, após um ciclo tão forte, os rendimentos diminuem, pois as plantas gastaram grande parte de sua energia. Nesse contexto, previa-se uma queda na produção para 26/27, embora a expansão das áreas cultivadas nos últimos anos tenha compensado parcialmente o declínio esperado. Desde 2023, os preços mais altos do Robusta levaram os cafeicultores a investir em novas áreas e na renovação de áreas antigas, com parte dessas novas áreas entrando em produção neste ciclo.

Devido a isso, espera-se que a produção de Conilon alcance cerca de 24,6 a 25,4 M de sacas, uma queda de 6 a 9% em relação aos 27 M de sacas dos níveis de 25/26, mas ainda na faixa alta da produção. Assim como para o Arábica, as áreas de Conilon também estão na fase de enchimento dos grãos e novas revisões em nossos números serão feitas após março.

Com a produção de conilon ainda elevada e recuperação no lado do arábica, a safra brasileira 26/27 pode atingir entre 71 e 74,4 M de sacas de café. Embora inferior ao que alguns agentes esperavam inicialmente – com rumores sugerindo que a produção poderia ultrapassar 80 M de sacas –, ainda assim é um nível elevado e que tende a contribuir para recuperação parcial dos estoques globais no próximo ano.

No entanto, conforme mencionado anteriormente, números mais concretos para a safra 26/27 só serão possíveis após a fase de enchimento dos grãos (dezembro a março), quando os rendimentos do processamento poderão ser avaliados adequadamente. Essa incerteza também tende a levar a um contexto de maior volatilidade no mercado. Embora o sentimento esteja atualmente mudando para uma perspectiva mais pessimista, impulsionado pelas expectativas de maior produção brasileira no próximo ano e pela remoção da maioria das tarifas dos EUA sobre o café brasileiro, qualquer adversidade climática pode provocar picos de preços de curto prazo.

Os estoques continuarão sendo um fator-chave para os movimentos dos preços, já que os estoques na maioria dos destinos – incluindo os estoques certificados pela ICE – continuam em níveis baixos. Até que esses estoques atinjam níveis mais favoráveis, os preços ainda podem encontrar algum suporte.