Jan 24 / Lívea Coda

Mudanças geopolíticas e reações do mercado

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"A semana passada foi marcada por eventos geopolíticos significativos, incluindo o segundo mandato de Trump como presidente dos Estados Unidos, que levou a uma correção no índice do dólar após uma postura mais branda em relação às tarifas comerciais dos EUA. Isso provocou reações nas moedas emergentes, com o real apresentando bom desempenho devido aos fluxos de capital estrangeiro e à agenda econômica do Brasil para 2025. Os preços do açúcar, inicialmente em baixa, se recuperaram devido a fatores técnicos e ao fortalecimento do real. Embora os fluxos comerciais do primeiro trimestre de 2025 pareçam equilibrados, com uma demanda potencialmente maior devido ao Ramadã e à menor disponibilidade brasileira, o mercado continua, em geral, baixista para o açúcar no longo prazo, devido ao excesso de oferta esperado com o bom desenvolvimento da safra 25/26 do Brasil. " 

Mudanças geopolíticas e reações do mercado

  • Em 20 de janeiro, Trump iniciou seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, adotando uma postura mais branda em relação às tarifas comerciais do que o esperado, o que levou a uma correção no índice do dólar.

  • Esse movimento provocou reações em várias moedas emergentes, com o real apresentando um bom desempenho devido à entrada de capital estrangeiro e à divulgação da agenda econômica do Brasil para 2025.

  • Os preços do açúcar começaram a semana em baixa, mas se recuperaram devido a fatores técnicos e ao fortalecimento do real, que fechou em 5.9 na sexta-feira.

  • Os fluxos comerciais do primeiro trimestre de 2024 parecem equilibrados, com o potencial fortalecimento da demanda devido ao Ramadã, que, combinado com uma menor disponibilidade brasileira até a temporada 25/26, é um dos únicos suportes para os preços do açúcar bruto.

  • Apesar de alguns pontos altistas, o mercado continua, em geral, baixista para o açúcar, com expectativa de excesso de oferta a longo prazo devido ao clima positivo durante o desenvolvimento da safra 25/26 do Brasil.

Na semana passada, testemunhamos alguns eventos geopolíticos. Na segunda-feira, 20 de janeiro, Trump iniciou seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. A nova administração adotou uma postura mais branda em relação às tarifas comerciais dos EUA, o que desafiou as expectativas do mercado e levou a uma correção no índice do dólar. De mais de 109, o índice foi corrigido em 1.7% durante a semana, fechando em 107.4. na sexta-feira.

Figura 1: DXY vs BRL

Fonte: Refinitiv,Hedgepoint

Esse movimento provocou uma reação em várias moedas emergentes. O real brasileiro, por exemplo, foi uma das moedas com melhor desempenho. Além do enfraquecimento do DXY, o movimento do BRL refletiu a boa entrada de capital estrangeiro no Brasil até 22 de janeiro e a divulgação da lista de prioridades para a agenda econômica do governo em 2025 pelo Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad.

Embora os preços do açúcar tenham começado a semana em baixa, influenciados por um dólar forte e por notícias como a permissão do governo indiano para exportações de 1 milhão de toneladas em 24/25, o que fez com que os preços atingissem a mínima de 5 meses de 17,51 c/lb na terça-feira, eles começaram a se recuperar na sequência. A principal razão por trás da recuperação dos preços foi a constatação de que os fundos já estavam extremamente vendidos na commodity, juntamente com o fato de o BRL ter ganhado nova força com as correções do DXY. Analisando o Índice de Força Relativa, no mesmo dia em que o mercado fechou em 17,8 c/lb, o índice apontou sobrevenda em 25,3 pontos, possivelmente desencadeando compras. O real mais forte, por sua vez, pode ter limitado o ritmo de vendas, fazendo com que os produtores e exportadores se tornassem dispostos a esperar. Essa tendência de espera pode durar algum tempo, uma vez que os dados de inflação divulgados na sexta-feira (4.5%) foram superiores ao esperado pelo mercado (4.36%), sugerindo que o Banco Central do Brasil vai aumentar a sua taxa de juro em 100 pontos base, para 13,25%. O diferencial de juros, favorece a moeda brasileira e deve sustentar a valorização do real frente ao dólar.

Figura 2: Fluxos líquidos de capital estrangeiro para o Brasil (M BRL)

Fonte: B3; Hedgepoint

Figura 3: Índice de Força Relativa

Fonte: Refinitiv,Hedgepoint

Portanto, o açúcar reagiu a eventos técnicos e macroeconômicos que o levaram de volta ao nível 19 no final da semana. Mas será que esse é um nível justo?

Analisando os fundamentos, os fluxos comerciais do primeiro trimestre de 2025 parecem estar bem equilibrados. Considerando o potencial fortalecimento da demanda nos próximos dias devido às festividades do Ramadã e o fato de que a paridade de importação chinesa é estimada em torno de 16.8 c/lb para regiões não produtoras, os preços atuais parecem justos. Espera-se que o Brasil tenha menor disponibilidade até o início da temporada 25/26, o que adiciona suporte de curto prazo ao açúcar bruto e contribui para o nível de 18,5 centavos de dólar por libra-peso.

Um aspecto interessante que também adiciona a essa tendência é a paridade de exportação da Índia. Para o açúcar bruto, estima-se que o país tenha uma situação marginalmente fechada, em 19.1 c/lb, o que significa que não faria sentido exportar nesse nível, considerando os preços internos. No entanto, o cenário é diferente para o açúcar branco, que ainda pode ter um lucro de pelo menos $30 USD/t. A permissão de 1Mt de exportações pelo governo, combinado com as paridades atuais, sugere que o país exportará açúcar branco – ou exercerá pressão para uma recuperação do preço do bruto. Portanto, a disponibilidade indiana não deve aliviar o mercado bruto em um primeiro momento, mas sim o lado do branco da equação. Isso pode ser visto como baixista para o prêmio do açúcar branco.

Figura 4: Fluxos comerciais totais ('000t tq)

Fonte: Green Pool, Hedgepoint

Considerando uma perspectiva mais ampla, muito foi antecipado sobre uma possível segunda rodada de uma guerra comercial quando Trump assumiu o cargo. Entretanto, devemos lembrar que os efeitos diretos podem ser limitados no mercado de açúcar. O principal motivo é que os EUA não participam dos fluxos comerciais globais de forma muito ativa. É claro que não podemos ignorar as importações médias de 2,5Mt, mas elas já são feitas sob licenças/cotas com a aplicação de tarifas. Dessa forma, efeitos indiretos devem ser monitorados.

No futuro, compreender os impactos de possíveis tarifas sobre a economia Chinesa é essencial para entender seus efeitos sobre a demanda do país asiático pelo adoçante. Hoje, estima-se que a China já deva participar de uma forma mais tímida do mercado internacional, já que sua produção é estimada como mais alta que a sua média e as paridades se mantiveram fechadas.

Com relação ao mercado de energia, que também afeta o açúcar, ainda há muito a ser desvendado. Ainda não se sabe como o novo governo agirá e se isso poderá desencadear uma tendência de alta ou de baixa. Entretanto, uma coisa é certa: um impacto direto sobre o mercado brasileiro de biocombustíveis ainda parece improvável. Sem a PPI, pouca volatilidade internacional deve ser sentida pelo mercado interno brasileiro, e nenhum problema de estoque no mercado de etanol manteve seu preço estável até o momento.

Figura 5: Paridades Importantes

Fonte: Refinitiv, Bloomberg, Hedgepoint



Portanto, devemos ter em mente que, embora estejamos discutindo alguns pontos de suporte de curto prazo, o mercado permanece em geral baixista para o adoçante. Na semana passada, os preços foram afetados por resistências técnicas, macroeconômicas e alguns fundamentais do mercado, mas, a longo e médio prazo, o clima positivo durante o desenvolvimento da safra brasileira de 25/26 e a expectativa de mais um ano de mix açucareiro dão o tom de excesso de oferta, deixando pouco espaço para novos ganhos.

Em resumo

A semana passada foi marcada por eventos geopolíticos significativos, incluindo o segundo mandato de Trump como presidente dos Estados Unidos, que levou a uma correção no índice do dólar após uma postura mais branda em relação às tarifas comerciais dos EUA. Isso provocou reações nas moedas emergentes, com o real apresentando bom desempenho devido aos fluxos de capital estrangeiro e à agenda econômica do Brasil para 2025. Os preços do açúcar, inicialmente em baixa, se recuperaram devido a fatores técnicos e ao fortalecimento do real. Embora os fluxos comerciais do primeiro trimestre de 2025 pareçam equilibrados, com uma demanda potencialmente maior devido ao Ramadã e à menor disponibilidade brasileira, o mercado continua, em geral, baixista para o açúcar no longo prazo, devido ao excesso de oferta esperado com o bom desenvolvimento da safra 25/26 do Brasil.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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