
Tarifas e fluxo comercial do etanol
Tarifas e fluxo comercial do etanol
- O comércio de etanol entre os EUA e o Brasil é fortemente influenciado pelas arbitragens, com o diferencial de preços no Nordeste do Brasil podendo favorecer tanto a exportação quanto a importação de biocombustível, devido à falta de produção significativa de etanol na região e à importância da logística.
- Atualmente, os EUA aplicam uma tarifa de 2,5% sobre o etanol brasileiro, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol americano. Discussões sobre tarifas "recíprocas" são complicadas pelo protecionismo dos EUA em relação a outras commodities agrícolas, como o açúcar.
- Em 2024, o Brasil exportou cerca de 1,9 bilhão de litros de etanol, dos quais apenas 313 milhões de litros foram para os EUA. Simultaneamente, o Brasil importou 110 milhões de litros dos EUA, resultando em um saldo positivo para o Brasil entre exportações e importações.
- Os EUA têm uma dependência significativa das importações de etanol brasileiro, com uma média de 380 milhões de litros anuais nos últimos cinco anos. Portanto, os EUA importam mais biocombustível brasileiro do que exportam etanol para o Brasil.
- Se o Brasil parar de exportar para os EUA, o impacto no mercado doméstico brasileiro seria mínimo, com menos de 1% a mais de produção sendo injetada. A principal tendência baixista para o mercado de biocombustível brasileiro está relacionada à maior disponibilidade de matéria-prima, crescimento tímido da demanda por energia e ausência de problemas de estoques previstos.
O comércio de etanol entre os EUA e o Brasil está fortemente ligado às arbitragens. Dependendo das safras de milho nos EUA e, principalmente, de cana-de-açúcar no Brasil, o diferencial de preços no Nordeste pode favorecer tanto a exportação quanto a importação de biocombustível. Como essa região não possui uma produção significativa de etanol, a logística acaba sendo um fator decisivo no processo.
Atualmente, os EUA aplicam uma tarifa de 2,5% sobre o etanol brasileiro, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol americano. Embora se discuta a adoção de tarifas "recíprocas", é importante lembrar que os EUA adotam uma postura bastante protecionista em relação a outras commodities agrícolas, especialmente o açúcar. O país não só importa açúcar do Brasil por meio de cotas, mas também aplica uma taxa de 80% sobre qualquer volume fora da cota de importação. Por isso, o setor sucroenergético do Brasil e o governo federal têm se posicionado contra a proposta de Trump.
Além das discussões no âmbito da política internacional, é importante notar que mudanças no fluxo comercial entre os países parecem penalizar mais os EUA do que o Brasil.
Tomemos como exemplo o ano de 2024. Durante esse ano, o Centro-Sul do Brasil produziu cerca de 34,6 bilhões de litros de etanol, e, considerando uma produção estimada de 2 bilhões de litros no Nordeste, o total chegou a 36,6 bilhões de litros. Desses, aproximadamente 5,4% foram exportados, ou cerca de 1,9 bilhão de litros. Os EUA receberam, segundo dados da SECEX, apenas 313 milhões de litros – apenas 1% do total produzido e 16,3% do exportado. Embora os EUA sejam o segundo maior parceiro comercial para biocombustíveis, a participação do país nas exportações brasileiras tem diminuído, ficando abaixo de 20% nos últimos três anos e perdendo espaço para países como Coreia do Sul e Países Baixos.
Figura 1: Participação nas exportações totais do Brasil de etanol (%)

Fonte: SECEX, Hedgepoint.
Figura 2: Participação nas importações totais do Brasil de etanol (%)

Fonte: SECEX, Hedgepoint.
Figura 3: Participação Brasileira na Importação Americana de Etanol Combustível

Fonte: EIA, Hedgepoint.
Em resumo
O comércio de etanol entre os EUA e o Brasil é fortemente influenciado pelo custo de logística e arbitragens da região Norte e Nordeste, com tarifas de 2,5% e 18% aplicadas pelos EUA e Brasil, respectivamente. Em 2024, o Brasil exportou 1,9 bilhão de litros de etanol, dos quais apenas 313 milhões de litros foram para os EUA, enquanto importou 110 milhões de litros do mesmo país. Os EUA dependem significativamente das importações de etanol brasileiro, com uma média de 380 milhões de litros anuais nos últimos cinco anos. Se o Brasil parar de exportar para os EUA, o impacto no mercado doméstico brasileiro seria mínimo, com a principal tendência baixista no setor estando relacionada à maior disponibilidade de matéria-prima e crescimento tímido da demanda por energia.
Relatório Semanal — Açúcar
Escrito por: Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por: Carolina França
carolina.franca@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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