Mar 3 / Lívea Coda

Um novo recorde de entrega em março

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"A volatilidade observada na semana passada deveu-se principalmente à antecipação do vencimento do contrato de março. Após a entrega recorde, a disponibilidade brasileira é vista como mais apertada, e os problemas de produção na Índia e na Tailândia estão dando suporte de curto prazo aos preços do açúcar. Essa situação pode potencialmente levar a uma recuperação no contrato de maio se a demanda não esperar.

Um novo recorde de entrega em março

  • O relatório da UNICA mostrou números em linha com às expectativas, não tendo reflexo nos preços futuros, com o Centro-Sul brasileiro moendo apenas 245 mil toneladas de cana.

  • A volatilidade observada na semana passada deveu-se à antecipação do vencimento do contrato de março. Já na segunda-feira, o contrato de março mostrava sinais de sobrecompra o que, juntamente a influencia de um complexo energético mais baixo e de um dólar mais forte, resultou em uma queda de 3,8% nos preços do açúcar na quarta-feira.

  • A tendência continuou com uma redução de 4,6% na quinta-feira, devido à venda ativa por parte dos produtores brasileiros. A entrega de março superou as expectativas, com 34.385 lotes, totalizando 1,7 milhão de toneladas entregues a 19,51c/lb, estabelecendo um novo recorde.

  • A disponibilidade brasileira é vista como mais apertada após a entrega, e os problemas de produção na Índia e na Tailândia dão suporte de curto prazo aos preços do açúcar.

  • Como o mercado aguarda a próxima safra do Centro-Sul, os preços ainda podem encontrar apoio, com uma possível recuperação no contrato de maio, dependendo da demanda.

Na semana passada, o relatório da UNICA apresentou números que se alinharam às nossas expectativas e às do mercado, o que não resultou em nenhuma movimentação de preços. O Centro-Sul do Brasil moeu apenas 245 mil toneladas de cana, produzindo somente 7 mil toneladas de açúcar e 381 milhões de litros de etanol, níveis significativamente menores do que em 23/24 e consistentes com o período de entressafra. Além disso, como previsto, o diretor da UNICA, Luciano Rodrigues, enfatizou que a maior produção de etanol em 24/25, tanto de cana quanto de milho, garante pouco riscos à disponibilidade doméstica. Isso sustenta a perspectiva de outra safra açucareira em 25/26 e uma tendência de baixa para os preços do adoçante no médio prazo.


Figura 1: Resumo da safra do Centro-Sul

Fonte: Unica, Hedgepoint

Portanto, a volatilidade observada na semana passada não pode ser atribuída a essa notícia específica. Em vez disso, foi uma consequência da antecipação do vencimento do contrato de março. Na segunda-feira, o mercado já estava mostrando sinais de sobrecompra, sugerindo a possibilidade de correções de preço. O mesmo dia foi marcado por um mercado externo adverso. Um complexo energético mais baixo e um dólar mais forte influenciaram o quadro de commodities, exacerbando a situação de sobrecompra do açúcar. Enquanto a terça-feira foi relativamente neutra em termos de negociação, na quarta-feira os preços do açúcar caíram em um padrão de consolidação, levando a uma redução de 3,8%.

Figura 2: Análise do Índice de Força Relativa do Açúcar Bruto

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

A tendência se intensificou na quinta-feira, quando surgiram rumores sobre o fato de alguns produtores brasileiros terem vendido ativamente quando os preços atingiram as máximas de dois meses, o que contribuiu para a redução de 4,6%. Analisando os contratos em aberto, ficou evidente que a entrega de março ultrapassaria 1 milhão de toneladas, podendo chegar a 1,5 milhão de toneladas. Essa possível entrega acima da média levantou dúvidas sobre o verdadeiro nível de aperto do mercado e contribuiu para uma sessão final em queda. Por fim, 34.385 lotes foram entregues, totalizando 1,7 milhão de toneladas, a 19,51c/lb. Esse volume estabeleceu um novo recorde, superando até mesmo os 1,3 milhão de toneladas entregues em março de 2024.

Figura 3: O índice Dolar e o complexo energético

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Mudando o foco para o contrato de maio, é fundamental monitorar suas sessões iniciais para entender melhor as tendências de preço do mercado. Com a entrega significativa, a disponibilidade brasileira ficou mais restrita e ficará ainda mais à medida que a entressafra for chegando ao fim. Enquanto isso, a produção da Índia e da Tailândia ficaram abaixo das expectativas, e seus custos de produção são mais altos - o que representa uma fonte de suporte de curto prazo para os preços do adoçante.

Embora continuemos um pouco otimistas quanto à possibilidade de a Índia atingir 30 milhões de toneladas, o fato de sua produção de açúcar estar atualmente 14% abaixo da temporada passada, atingindo apenas 21,9 milhões de toneladas até 28 de fevereiro, levanta uma bandeira vermelha. Se a temporada terminar mais cedo, poderemos enfrentar um déficit maior no balanço global para 24/25. No entanto, os fluxos comerciais não devem ser afetados, pois 1 Mt já foi permitido.

Figura 4: Entrega de açúcar bruto (dados preliminares - '000t)

Fonte: Green Pool, Hedgepoint

Com relação à Tailândia, embora esteja no caminho certo para um ano de recuperação, o resultado pode não ser tão promissor quanto o esperado inicialmente. Revisamos nossas expectativas para baixo, de 11 milhões de toneladas para 10,5 milhões de toneladas, devido às condições climáticas desfavoráveis para moagem. Isso restringe sua capacidade de exportação em pelo menos 800kt quando comparado as estimativas iniciais, levando a um mercado mais apertado no curto prazo.

Portanto, enquanto o mercado aguarda o início da próxima safra do Centro-Sul, que pode começar lentamente ou até sofrer atrasos, os preços ainda podem encontrar apoio. Poderemos ver uma recuperação no contrato de maio à medida que o aperto se estabelecer, mas essa tendência poderá ser de curta duração, dependendo da disposição da demanda em esperar.

A Indonésia ainda não decidiu quando de fato importará os 200kt aprovados. Enquanto isso, a alfândega da China ainda não divulgou os números de janeiro, mas até dezembro, suas importações caíram 36% para o açúcar e 24% se incluirmos estimativas de xarope e contrabando.

Em resumo

A volatilidade observada na semana passada deveu-se principalmente à antecipação do vencimento do contrato de março. Na segunda-feira, o mercado mostrou sinais de sobrecompra, influenciado por um complexo energético mais baixo e um dólar mais forte, levando a uma redução de 3,8% nos preços do açúcar na quarta-feira. A tendência continuou com uma redução de 4,6% na quinta-feira, impulsionada pela venda ativa dos produtores brasileiros. Após a entrega recorde, a disponibilidade brasileira é vista como mais apertada, e os problemas de produção na Índia e na Tailândia estão dando suporte de curto prazo aos preços do açúcar. Essa situação pode potencialmente levar a uma recuperação no contrato de maio se a demanda não esperar.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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