Mar 31 / Lívea Coda

A moagem brasileira e as chuvas levaram à correção de preços

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"Durante a semana passada, o lado baixista retornou com força no mercado de açúcar, fazendo com que os preços recuassem para 18,96 c/lb depois de atingirem brevemente 20 c/lb na semana anterior, marcando uma queda de quase 4% no período. Essa tendência foi influenciada pelas chuvas no Centro-Sul do Brasil, aliviando as preocupações com um fevereiro e início de março secos, e pela forte moagem de cana, conforme relatado pela Unica. Com as previsões climáticas favoráveis e a expectativa de uma safra saudável no Brasil, continuamos otimistas em relação a 25/26. Embora a volatilidade possa surgir dos acontecimentos em outros países produtores, um resultado saudável do Centro-Sul poderia suavizar alguns desses impactos."

A moagem brasileira e as chuvas levaram à correção de preços


  • Os preços caíram para 18,96 c/lb depois de atingirem brevemente 20 c/lb na semana anterior, marcando um declínio de quase 4% semana contra semana.

  • As chuvas no Centro-Sul do Brasil aliviaram as preocupações com um fevereiro e início de março secos, contribuindo para a queda de preços.

  • A Unica registrou forte moagem de cana-de-açúcar, sugerindo um resultado ainda mais robusto em 24/25 e a possibilidade de ultrapassar 620 milhões de toneladas de cana.

  • As previsões climáticas favoráveis para abril, maio e julho indicam uma perspectiva positiva para a safra brasileira 25/26, restringindo o suporte aos preços.

  • O aumento da participação do Brasil no comércio internacional elevou sua importância em relação à volatilidade dos preços, sendo capaz de suavizar, ou piorar, o impacto que outras regiões poderiam causar.

  • Estamos nos aproximando da época do ano em que o mercado monitora tanto o início da safra do Centro-Sul quanto o desenvolvimento das condições da safra no Hemisfério Norte

Durante a semana passada, o lado baixista retornou com força no mercado de açúcar. Os preços recuaram depois de atingir brevemente 20 c/lb na semana anterior. Após quatro reduções consecutivas, o açúcar bruto fechou na sexta-feira, dia 28, em 18,96 c/lb, marcando uma queda de quase 4% em relação à semana anterior. Portanto, é interessante entender por que o adoçante enfrentou tanta resistência no nível de 20 c/lb e o que ainda poderia sustentar seu preço.

Uma das principais razões por trás dessa tendência foram as chuvas registradas no Centro-Sul do Brasil, que possivelmente aliviaram algumas preocupações em relação a um fevereiro seco e à primeira quinzena de março. 

Figura 1: Precipitação acumulada estimada para o Centro-Sul (mm)

Fonte: Bloomberg, Hedgepoint

Além disso, o relatório da Unica trouxe alguns insights interessantes. Em primeiro lugar, a moagem de cana-de-açúcar foi forte na primeira quinzena de março, levando a um resultado mais robusto em 24/25 e sugerindo que pode até ser possível ultrapassar 620 Mt de cana, especialmente com algumas usinas começando mais cedo do que as expectativas do mercado. Com um total de 37 usinas em operação no Centro-Sul e outras 19 que devem iniciar sua temporada 25/26 no final deste mês, as preocupações com um início ruim foram reduzidas. Combinando todas essas informações, continuamos bastante otimistas em relação ao volume de cana para a próxima temporada, de 630 Mt. Entretanto, a seca de fevereiro não deve ser ignorada, e o monitoramento da precipitação de abril é essencial para determinar se serão necessárias revisões.

Figura 2: Moagem quinzenal de cana nas usinas do Centro-Sul (Mt)

Fonte: Unica

Observando o clima previsto, o Inmet mostra expectativas médias para abril, maio e até julho. Vale ressaltar que é difícil prever, e as previsões meteorológicas de longo prazo geralmente não são 100% precisas. Considerando que estamos em um ano neutro - em termos de ENSO - é provável que a precipitação de fato converja para a média, o que seria favorável para a safra 25/26 daqui para frente.

Figura 3: Previsão de anomalia de precipitação de longo prazo (mm)

Fonte: Inmet

Conforme discutido em relatórios anteriores, isso significa que se espera que o Brasil tenha outro ano saudável e ajude o mercado em termos de fornecimento de açúcar. Entretanto, combinando essa tendência de bons resultados no Brasil com uma fraca recuperação no Hemisfério Norte, vemos que o Brasil está ganhando participação no comércio internacional, tornando as notícias sobre seu desenvolvimento uma fonte mais forte de volatilidade.

Isso não significa que notícias e rumores de outros países não causariam impacto no mercado - por exemplo, a discussão sobre uma possível proibição de exportação da Índia. No entanto, dependendo da previsão de produção da região Centro-Sul, os ganhos e perdas nos preços do açúcar bruto resultantes de notícias relacionadas a outros países produtores poderiam ser mitigados.

Figura 4: Participação brasileira no total de exportações (%)

Fonte: Green Pool, Hedgepoint

Por exemplo, estamos nos aproximando da época do ano em que o mercado monitora tanto o início da safra do Centro-Sul quanto o desenvolvimento das condições da safra no Hemisfério Norte. Enquanto o primeiro pode ser acompanhado por meio de relatórios da Unica, o segundo depende do clima e de suas previsões, que se tornarão mais claras no final de maio.

Se tivermos uma boa formação de monções, isso poderá significar um melhor desenvolvimento da cana na Índia e na Tailândia, levando a alguma recuperação da produção e a uma intensificação da tendência de baixa gerada pelo Brasil. Obviamente, a participação da Índia nos fluxos comerciais depende muito das decisões do governo, que estão intimamente ligadas aos estoques finais e ao programa de mistura de etanol. Até o momento, a previsão é de que o clima seja favorável, portanto, nossos números consideram algumas exportações saindo do país após fevereiro de 2026, como um aumento na disponibilidade da Tailândia também.

Entretanto, se as formações de monções não forem favoráveis, isso significaria mais um ano de menor disponibilidade no Hemisfério Norte, levando a uma tendência de alta dos preços no T1 e T2-26, que teriam uma disponibilidade mais apertada. No entanto, dados os resultados saudáveis esperados no Centro-Sul, essa tendência seria atenuada, pois os estoques ainda poderiam ser vendidos durante a entressafra.

Figura 5: Fluxos comerciais totais ('000tq)

Fonte: Green Pool, Hedgepoint

Em resumo

Durante a semana passada, o lado baixista retornou com força no mercado de açúcar, fazendo com que os preços recuassem para 18,96 c/lb depois de atingirem brevemente 20 c/lb na semana anterior, marcando uma queda de quase 4% no período. Essa tendência foi influenciada pelas chuvas no Centro-Sul do Brasil, aliviando as preocupações com um fevereiro e início de março secos, e pela forte moagem de cana, conforme relatado pela Unica. Com as previsões climáticas favoráveis e a expectativa de uma safra saudável no Brasil, continuamos otimistas em relação a 25/26. Embora a volatilidade possa surgir dos acontecimentos em outros países produtores, um resultado saudável do Centro-Sul poderia suavizar alguns desses impactos.


Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Carolina França

carolina.franca@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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