Apr 24 / Lívea Coda

Menor demanda chinesa e revisão da safra do CS brasileiro

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"A China vem enfrentando desafios econômicos, incluindo deflação e alta alavancagem financeira, exacerbados pela recente escalada da guerra comercial com os EUA, o que levou a uma desaceleração na demanda do mercado de açúcar. As perspectivas da safra brasileira continuam positivas, embora revisadas para baixo devido à precipitação abaixo da média. A reexecução de nosso modelo para o TCH indica uma redução da produtividade na região Centro-Sul, o que levou a uma revisão da previsão de moagem de cana de 630 Mt para 621,2 Mt."

Menor demanda chinesa e revisão da safra do CS brasileiro

  • A China enfrenta desafios econômicos, incluindo deflação e alta alavancagem financeira. A guerra comercial com os EUA pode agravar esses problemas.

  • A China não aproveitou a recente arbitragem de importação, indicando uma demanda mais fraca. Tanto os fundamentos quanto os desenvolvimentos macroeconômicos podem ser vistos como responsáveis pela falta de interesse de compra.

  • As perspectivas da safra brasileira são positivas, mas a precipitação de fevereiro e março, abaixo da média, não deve ser ignorada.

  • Entretanto, o Índice de Saúde da Vegetação (VHI) para áreas de cana da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) permite otimismo.

  • A redução da expectativa de produtividade na região Centro-Sul levou a uma revisão da previsão de moagem de cana de 630 Mt para 621,2 Mt, e reduziu a produção de açúcar de 43,3 Mt para 42,6 Mt.

A China vem enfrentando desafios econômicos, principalmente no setor imobiliário, há mais de um ano. Esses desafios incluem a deflação e a alta alavancagem financeira, já que o governo tem se apoiado no estímulo fiscal para estimular o crescimento da atividade. A recente escalada da guerra comercial com os EUA pode potencialmente exacerbar esses problemas e ressaltar uma tendência preocupante para o mercado de açúcar: uma desaceleração na demanda.


Figura 1: Estimativa de arbitragem de importação da China

Fontes: Bloomberg, Refinitiv, Msweet, Yntw, Hedgepoint

Embora os fundamentos não possam ser ignorados, e a produção recorde do país contribua para uma perspectiva mais pessimista em relação às necessidades de importação, a China não capitalizou as recentes oportunidades de arbitragem de importação em regiões não produtoras. Historicamente, mesmo quando a arbitragem nas regiões produtoras permaneceu fechada, a abertura das regiões não produtoras levou ao aumento das compras. Embora isso não indique necessariamente um crescimento das importações além das expectativas, seria razoável esperar que a China aproveitasse os recentes preços mais baixos do açúcar bruto para comprar o que já estava previsto. O fato de não ter feito isso indica que a demanda está realmente mais fraca, ou pelo menos adormecida, enquanto aguarda a nova safra brasileira. Consequentemente, os preços do açúcar não tiveram motivos para se recuperar, permanecendo em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso enquanto o mercado digere todas as mudanças macroeconômicas.

Figura 2: Exportações mensais do Brasil para a China ('000t)

Fonte: Williams, Hedgepoint

Além da demanda mais fraca, especialmente do principal importador do mercado de açúcar, a China, as perspectivas da safra brasileira continuam positivas, embora tenhamos revisado nossa disponibilidade ligeiramente para baixo.

A precipitação abaixo da média em fevereiro e março não pode ser ignorada, pois afetou a umidade do solo, levando-a ao nível mais baixo dos últimos 30 anos. No entanto, ao examinar o Índice de Saúde da Vegetação para as áreas de cana do Centro-Sul, calculado com base em informações compartilhadas pelo NOAA, fica evidente que, embora o índice tenha sofrido durante esses meses, as chuvas tardias em março e um abril próximo da média ajudaram a recuperar a saúde da planta. De acordo com os dados, o VHI não ultrapassou o nível básico de estresse de 40, indicando que ainda não há confirmação de preocupações com estresse hídrico mais elevado - pelo menos por enquanto.

Figura 3: Índice semanal de saúde da vegetação para as áreas de cana do Centro-Sul

Fonte: NOAA, Hedgepoint

A reexecução de nosso modelo para o TCH com valores atualizados de precipitação, VHI, temperatura e umidade do solo indica que a região Centro-Sul provavelmente enfrentará uma redução de produtividade. No entanto, as usinas relataram um aumento marginal na área, ao contrário de nossas estimativas iniciais, que consideravam uma diminuição devido aos incêndios e à seca do ano passado. Consequentemente, ao combinar uma redução de 1,1% no TCH com um crescimento de 1% na área, nossa previsão de moagem de cana foi ajustada de 630 Mt para 621,2 Mt

Figura 4: Evolução da produtividade e da área

Fontes: Unica, Conab, Hedgepoint

Não foram feitas alterações em nossas expectativas de mix de açúcar ou ATR, que permanecem em 51% e 141,2 kg/t, respectivamente. Consequentemente, a produção de açúcar foi reduzida de 43,3 Mt para 42,6 Mt, uma diminuição de quase 700 kt. Como resultado, o superávit dos fluxos comerciais foi marginalmente reduzido. Em última análise, o Brasil continua a atuar como uma importante força de baixa no mercado, contribuindo para a recente fraqueza do preço do açúcar bruto e para a incapacidade de ultrapassar o nível de 18c/lb.

Apesar das perspectivas positivas, devemos estar cientes de que os relatórios iniciais sobre a evolução da safra 25/26 da UNICA podem indicar um TCH mais baixo, potencialmente gerando momentos de suporte. No entanto, já é esperado que a primeira parcela da safra apresente resultados mais fracos, pois essa é a cana que mais sofreu durante seu desenvolvimento devido à seca do ano passado.

Figura 5: Resumo das estimativas de safra 

Fonte: Unica, Hedgepoint

Em resumo

A China vem enfrentando desafios econômicos, incluindo deflação e alta alavancagem financeira, exacerbados pela recente escalada da guerra comercial com os EUA, o que levou a uma desaceleração na demanda do mercado de açúcar. A China não aproveitou as recentes oportunidades de arbitragem de importação, o que indica uma demanda mais fraca enquanto aguarda a nova safra brasileira. Consequentemente, os preços do açúcar permaneceram em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso, não conseguindo se recuperar após as implicações do "Dia da Libertação".


As perspectivas da safra brasileira continuam positivas, embora revisadas para baixo devido à precipitação abaixo da média. A reexecução de nosso modelo para o TCH indica uma redução da produtividade na região Centro-Sul, o que levou a uma revisão da previsão de moagem de cana de 630 Mt para 621,2 Mt e a uma redução da produção de açúcar de 43,3 Mt para 42,6 Mt. Essa queda marginal não altera o sentimento geral de baixa, pois os fluxos comerciais continuam superavitários.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Carolina França

carolina.franca@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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