May 20 / Lívea Coda

Um início lento, mas um sentimento de baixa

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"Na semana passada, o mercado de açúcar experimentou um mix de estabilidade e volatilidade. Embora o otimismo macroeconômico das reduções de tarifas entre os EUA e a China tenha inicialmente penalizado o adoçante, os preços do açúcar foram sustentados no início da semana. Os dados de abril da UNICA revelaram uma moagem mais fraca devido a interrupções relacionadas ao clima, elevando brevemente os preços. No entanto, o sentimento de baixa retornou durante a “Sugar Week”, reforçado pela licitação da cota B da Tailândia e pelas expectativas de um ano de superávit. Com o início da nova semana, as atenções se voltam para o próximo relatório da UNICA de maio, que poderá oferecer sinais mais claros sobre a trajetória da safra. "

Um início lento, mas um sentimento de baixa

  • Os preços do açúcar caíram na segunda-feira (12), seguindo um dólar mais forte e correções mais amplas das commodities após a flexibilização das tarifas entre os EUA e a China.

  • Os dados do Centro-Sul mostraram moagem de cana prejudicada e produtividade mais fraca, fazendo com que os preços do açúcar bruto subissem quase 3% na terça-feira (13).

  • Apesar das preocupações com a oferta de curto prazo, o consenso do mercado se inclina para um ano superavitário em 25/26, impulsionado por uma participação saudável do Centro-Sul, o que pesa sobre os preços.

  • A conclusão da licitação da Tailândia para 24/25 pode ser ambígua. Embora seu sucesso aponte para a uma demanda mais aquecida, os produtores tailandeses podem ter desistido de esperar melhores preços de venda.

  • O próximo relatório da UNICA para a primeira quinzena de maio é fundamental, com os primeiros sinais apontando para menos interrupções causadas pelas chuvas e um resultado potencialmente melhor em comparação com a segunda quinzena de abril.

Na semana passada, o mercado passou por um período de relativa estabilidade, influenciado em grande parte pela ampla participação dos traders em eventos realizados em Nova York. Na frente macroeconômica, o otimismo voltou com as negociações entre os EUA e a China no fim de semana, que levaram a um acordo de redução de tarifas por 90 dias. Os EUA se comprometeram a reduzir as tarifas sobre as importações chinesas de 145% para 30%, enquanto a China retribuiu reduzindo suas taxas de 125% para 10%. Esse avanço diplomático fortaleceu o índice do dólar, desencadeando uma onda de correções em todos os mercados de commodities - e o açúcar não foi exceção, devolvendo alguns de seus ganhos anteriores ainda na segunda-feira (12).

Figura 1: Índice do dólar vs. açúcar (c/lb)

Fonte: Refiniv, Hedgepoint

A divulgação dos últimos números da UNICA para a segunda quinzena de abril mudou rapidamente o sentimento do mercado. Como previsto, os dados confirmaram os desafios operacionais: as chuvas persistentes prejudicaram a moagem da cana, e a cana que está sendo colhida atualmente é a mesma que sofreu as condições mais severas de desenvolvimento no início de 2024 - levando a uma produtividade notavelmente mais fraca. Esses fatores provocaram um aumento de quase 3% nos preços do açúcar bruto, ressaltando a sensibilidade do mercado às pressões do lado da oferta.

Ainda assim, o ímpeto de alta foi atenuado durante a “Sugar Week”, quando o sentimento se inclinou para a baixa. Embora o impacto do clima seco não possa ser descartado, o Índice de Saúde da Vegetação continua a indicar uma safra mais saudável em comparação com as temporadas anteriores no Centro Sul brasileiro. Além disso, o consenso do mercado está cada vez mais alinhado a mais um ano de produção abundante de açúcar no Brasil: uma narrativa que continua a pesar sobre os preços. Embora o volume de cana não tenha sido um consenso, o aumento nas expectativas do mix de açúcar da maioria dos participantes apoia essa visão.

Figura 2: Estimativa de dias perdidos por quinzena - Número de dias

Fonte: Bloomberg, Hedgepoint

Na quarta-feira, os preços do açúcar recuaram. Esse movimento não foi motivado apenas pelo sentimento mais amplo de baixa, que continua a apontar para um ano de superávit em 25/26, mas também foi influenciado pelo retorno da Tailândia ao mercado com a conclusão de sua licitação da cota B de 24/25.

Embora alguns possam considerar o sucesso da licitação e o aumento das nomeações de exportação do Centro-Sul do Brasil como sinais de apoio, há outra interpretação: A Tailândia pode ter optado por vender agora em vez de esperar por um suporte de preço mais forte. Nesse contexto, a reação do mercado permanece ambígua: uma mistura de otimismo cauteloso e pressão subjacente. Como resultado, os eventos da semana também não desencadearam nenhuma reação importante no lado especulativo, com os fundos permanecendo fiéis à sua posição anterior, apesar do início lento da temporada 25/26 do Centro-Sul.

Figura 3: Índice semanal de saúde da vegetação nas áreas de cana da CS

Fonte: NOAA, Hedgepoint

Com o início desta semana, toda a atenção está voltada para a reação dos preços do açúcar, já que o sentimento do mercado começa a se consolidar após os eventos da semana passada em Nova York. O próximo relatório da UNICA sobre a primeira metade de maio será um indicador importante a ser observado. As primeiras estimativas sugerem menos dias perdidos devido às chuvas, o que aponta para um desempenho potencialmente mais forte.

Figura 4: Curva de moagem de cana esperada (Mt)

Fonte: UNICA, Hedgepoint


A maioria dos analistas, inclusive nós, acredita que a safra continua no caminho certo e deve ganhar ritmo. Entretanto, é importante observar que a primeira parcela da safra reflete a cana que sofreu as condições climáticas mais severas durante seu desenvolvimento em 2024. Embora os números possam destacar alguns desses desafios, eles não devem ser vistos como a palavra final sobre as perspectivas da temporada.

Em resumo

Na semana passada, o mercado de açúcar experimentou um mix de estabilidade e volatilidade. Embora o otimismo macroeconômico das reduções de tarifas entre os EUA e a China tenha inicialmente penalizado o adoçante, os preços do açúcar foram sustentados no início da semana. Os dados de abril da UNICA revelaram uma moagem mais fraca devido a interrupções relacionadas ao clima, elevando brevemente os preços. No entanto, o sentimento de baixa retornou durante a “Sugar Week”, reforçado pela licitação da cota B da Tailândia e pelas expectativas de um ano de superávit. Com o início da nova semana, as atenções se voltam para o próximo relatório da UNICA de maio, que poderá oferecer sinais mais claros sobre a trajetória da safra.


Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Carolina França

carolina.franca@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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