Apr 9 / Carolina França

Tarifas Americanas: Os Impactos do “Dia da Libertação” no Mercado de Cacau

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  • O mercado de commodities tem sentido os efeitos do “Dia da Libertação” e as tarifas recíprocas do presidente americano Donald Trump.

  • Para o cacau, os efeitos nos preços mundiais da commodity vieram após o mercado do grão ter registrado a alta máxima de quatro semanas, sendo mais um fator para contribuir com um mercado já volátil.

  • Desde o anúncio, o mercado do cacau vem registrando uma sequência de quedas, com os contratos de maio 25 de Londres e Nova York encerrando a última terça-feira com redução de 3,8% e 3,7%, respectivamente.

  • Caso as tarifas sejam mantidas são esperadas mudanças no fluxo comercial e processamento do cacau, com o objetivo de economia por parte dos compradores norte-americanos.

  • Desse modo, espera-se uma redução na moagem de cacau norte-americana, possivelmente provocando um aumento nos preços domésticos nos próximos meses, refletindo também nos temores crescentes de uma recessão global.

Tarifas Americanas: Os Impactos do “Dia da Libertação” no Mercado de Cacau

A última semana foi marcada pelo anúncio do presidente Donald Trump sobre novas tarifas impostas aos parceiros comerciais dos EUA. Os efeitos do “Dia da Libertação” foram sentidos em diversos mercados de commodities, com temores de que uma guerra comercial possa reduzir a demanda e potencializar uma recessão global.

Para o volátil mercado do cacau, as tarifas impostas a grandes produtores e exportadores de cacau tanto em amêndoas quanto em subprodutos provocaram queda nos preços mundiais da commodity, após preocupações com possíveis reduções na demanda. Os EUA são um dos maiores consumidores de cacau e exportadores de chocolate e produtos de confeitaria do mundo. Para isso, importam amêndoas de cacau e produtos derivados de países como Gana (amêndoas), União Europeia (bolo e pó), Costa do Marfim (amêndoas e licor) e Malásia (manteiga) taxados em 10%, 20%, 21% e 24%, respectivamente.

EUA: Novas Tarifas – Mercado de Cacau 

Fonte: Hedgepoint, Refinitiv

Caso as tarifas aplicadas sejam mantidas, provavelmente teremos mudanças no fluxo comercial e processamento de cacau nos próximos meses, visando economia nas operações por parte dos compradores norte-americanos. Como exemplo, algumas possibilidades são o desvio de amêndoas priorizando países próximos aos EUA que possuem tarifas menores e capacidade de moagem, como Canadá, México, Brasil e Gana. Assim, seria possível suprir a demanda dos EUA de amêndoas, manteiga, licor e pó através do processamento em outras origens.


EUA: importação de amêndoas de cacau por origem (%)


EUA: importação de manteiga de cacau por origem (%)

Fonte: Departamento de Comércio dos EUA

Fonte: Departamento de Comércio dos EUA

EUA: importação de pó de cacau por origem (%)

 

Fonte: Departamento de Comércio dos EUA


EUA: importação de licor de cacau por origem (%)


Fonte: Departamento de Comércio dos EUA


Desse modo, espera-se redução na moagem americana e elevação dos preços no país nos próximos meses, não só para o cacau como para outros produtos, com temores de uma recessão na economia norte-americana. Isso contribui com a perspectiva de queda na demanda de cacau, um fator que já vem sendo comentado em função dos preços historicamente altos da amêndoa desde o início de 2024.

Por fim, o “Dia da Libertação” foi mais um fator para contribuir com um mercado já extremamente volátil, visto os últimos anos do setor do cacau. A queda da semana passada aconteceu no dia posterior ao mercado de cacau ter registrado a alta máxima de quatro semanas, reforçada pela perspectiva de redução na safra intermediária da Costa do Marfim (abril de 2025 a setembro de 2025) e reajuste negativo na expectativa de produção da safra 24/25 de Gana, os dois maiores produtores mundiais de cacau. Ainda assim, esse ponto não é novidade e o mercado segue em tendência baixista para o médio prazo, com expectativa de redução na demanda, chegadas de cacau aos portos dentro do esperado e melhora do volume acumulado de chuvas na África Ocidental nas últimas semanas.

Preços do contrato de maio25 do cacau

Precipitação acumulada estimada para os distritos de cacau da Costa do Marfim

Fonte: Hedgepoint, Refinitiv

Fonte: Hedgepoint, Refinitiv

Em resumo

A última semana foi marcada pelo anúncio do presidente Donald Trump sobre novas tarifas impostas aos parceiros comerciais dos EUA. Os efeitos do “Dia da Libertação” foram sentidos em diversos mercados de commodities, e para o volátil mercado do cacau as tarifas impostas a grandes produtores e exportadores tanto em amêndoas quanto em subprodutos provocaram queda nos preços mundiais da commodity. Os EUA são um dos maiores consumidores de cacau e exportadores de chocolate e produtos de confeitaria do mundo. Para isso, importam amêndoas de cacau e produtos derivados de países como Gana (amêndoas), União Europeia (bolo e pó), Costa do Marfim (amêndoas e licor) e Malásia (manteiga) taxados em 10%, 20%, 21% e 24%, respectivamente. Caso as tarifas aplicadas sejam mantidas, provavelmente teremos mudanças no fluxo comercial e processamento de cacau nos próximos meses. Desse modo, espera-se redução na moagem americana e elevação dos preços no país no curto-médio prazo, não só para o cacau como para outros produtos, com temores de uma recessão na economia norte-americana. Isso contribui com a tendência baixista de preços para o cacau para o médio prazo.


Report Semanal — Cacau

Escrito por Carolina França
carolina.franca@hedgepointglobal.com

Revisado por Thais Italiani
thais.ithaliani@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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