
Uma análise sobre as importações de cacau da União Europeia
- As importações de cacau da União Europeia reduziram nos primeiros meses de 2025. A oferta restrita de cacau nos últimos anos, os baixos estoques e o encarecimento das amêndoas e de seus subprodutos podem ter contribuído para a redução das importações do bloco.
- No médio-longo prazo esse desempenho reforça as preocupações a respeito da tendência baixista quanto a demanda de cacau.
- Avaliando as importações de cacau da União Europeia por origem, Costa do Marfim e Gana representam mais de 50% do volume total importado nos últimos períodos.
- Nesse sentido, outro importante ponto a ser avaliado a respeito dessas origens de cacau é o EUDR, que exige comprovação através de mapeamento de que produtos como cacau vieram de áreas nãos desmatadas após 2020.
- Um estudo realizado por algumas organizações, dentre elas a Fundação Mundial do Cacau, avaliou a qualidade e o desempenho de mapas com dados locais e globais para regiões de Costa do Marfim e Gana, e concluiu que ainda há desafios.
- Por fim, o aumento da participação de outras origens como Equador e Nigéria nas importações de cacau da União Europeia pode indicar um possível movimento de diversificação do bloco.
Uma análise sobre as importações de cacau da União Europeia
As importações de cacau da União Europeia reduziram nos primeiros meses de 2025. No mês de abriu, o total importado ficou abaixo da média de dez anos e foi inferior ao mesmo período dos dois últimos ciclos. No acumulado desde o início da safra corrente (out/24 a abr/25), o volume de importações totais de cacau (amêndoas, pasta, manteiga e pó) foi 12,33% inferior do que o período correspondente para o ciclo 23/24.
UE: importações líquidas Semanais de cacau (‘000 toneladas)

Fonte: European Comission
UE: importações líquidas de cacau (‘000 toneladas)

Fonte: European Comission
Dentre algumas possibilidades, a oferta restrita de cacau nos últimos anos, os baixos estoques e o consequente encarecimento das amêndoas e de seus subprodutos, que registraram altas históricas, podem ter contribuído para a redução das importações europeias. Apesar dos reajustes sofridos desde janeiro, os preços do cacau continuam acima da média de 10 anos, o que pode ter impactado nas negociações.
Consequentemente, no médio-longo prazo esse desempenho reforça as preocupações a respeito da tendência baixista quanto a demanda de cacau. Esse fato já foi corroborado pelos resultados das moagens de cacau do primeiro trimestre desse ano e pelos recentes resultados financeiros algumas das grandes processadoras do setor, ambos apresentando reduções quando comparados ao mesmo período do ano anterior.
Preços cacau NY 1° contrato (US$/ton)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint
Avaliando as importações de cacau da União Europeia por origem, Costa do Marfim e Gana representam mais de 50% do volume total importado nos últimos períodos. Os dois maiores produtores mundiais de cacau ainda enfrentam os desafios, principalmente em relação ao clima, que provocaram a queda na oferta de cacau na safra 23/24 e, até o momento, ameaçam a recuperação parcial da produção no ciclo corrente 24/25.
UE: importações mensais de cacau por origem (‘000 toneladas)

Fonte: European Comission
UE: participação das origens nas importações de cacau (% do total)

Fonte: European Comission
Nesse sentido, outro importante ponto a ser avaliado a respeito dessas origens de cacau é o Regulamento Antidesmatamento da União Europeia. O EUDR, previsto para entrar em vigor no final de 2025, tem como objetivo reduzir o desmatamento global e exige comprovação através de mapeamento de que produtos como cacau, café e soja, entre outros, vieram de áreas nãos desmatadas após 2020.
Recentemente um estudo realizado por algumas organizações, dentre elas a Fundação Mundial do Cacau, foi desenvolvido com objetivo de avaliar a qualidade e o desempenho de mapas com dados locais e globais para regiões de Costa do Marfim e Gana. Os resultados divulgados em abril de 2025 mostram que o mapeamento com dados globais via satélite apresenta dificuldade em diferenciar paisagens mais complexas, como plantações de cacau de florestas naturais. Desse modo, o estudo sinaliza que uma abordagem híbrida seria o ideal para evitar a penalização principalmente de pequenos produtores, já que grande parte do cacau produzido nessas regiões vem de pequenas propriedades, o que poderia dificultar a entrada de cacau dessas origens no bloco europeu.
Por fim, vale observar o aumento da participação de outras origens como Equador e Nigéria nas importações de cacau da União Europeia. Isso pode indicar um possível movimento de diversificação do bloco, visto o melhor desempenho das lavouras de cacau nessas origens para o ciclo atual.
Em resumo
As importações de cacau da União Europeia reduziram em 2025. A oferta restrita de cacau nos últimos anos, os baixos estoques e o encarecimento das amêndoas e de seus subprodutos podem ter contribuído para a redução das importações do bloco. No médio-longo prazo esse desempenho reforça as preocupações a respeito da tendência baixista quanto a demanda de cacau. Avaliando as importações de cacau da União Europeia por origem, Costa do Marfim e Gana representam mais de 50% do volume total importado nos últimos períodos.
Nesse sentido, outro importante ponto a ser avaliado a respeito dessas origens de cacau é EUDR, que exige comprovação através de mapeamento de que produtos como cacau vieram de áreas nãos desmatadas após 2020. Um estudo realizado por algumas organizações, dentre elas a Fundação Mundial do Cacau, avaliou a qualidade e o desempenho de mapas com dados locais e globais para regiões de Costa do Marfim e Gana mostrando que o mapeamento com dados globais via satélite apresenta dificuldade em diferenciar paisagens mais complexas. Desse modo, uma abordagem híbrida seria o ideal para evitar a penalização principalmente de pequenos produtores e possivelmente afetar as importações do bloco. Por fim, o aumento da participação de outras origens como Equador e Nigéria nas importações de cacau da União Europeia pode indicar um possível movimento de diversificação do bloco.
Report Semanal — Cacau
Escrito por Carolina França
carolina.franca@hedgepointglobal.com
Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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