
Estoques totais de cacau em recuperação
- Os estoques totais de cacau em Nova York atingiram o maior nível em nove meses, revertendo a mínima histórica registrada no início do ano de 2025.
- No entanto, os estoques certificados pela ICE EUA (que são os estoques aprovados pela bolsa para entrega física sob contratos futuros) recuaram. Essa tendência pode estar relacionada ao uso para entrega física, ao perfil das origens armazenadas e a decisões comerciais influenciadas por custos e condições de mercado.
- A recuperação dos estoques, somada à expectativa de melhora nas condições climáticas na África Ocidental, contribui para a tendência de baixa nos preços do cacau no curto e médio prazo.
- A participação de origens como Equador, Colômbia, Peru e Venezuela aumentou, enquanto as entregas da Costa do Marfim desaceleraram e apresentaram problemas de qualidade.
- Já na Europa, os estoques da ICE EU apresentaram queda em maio, possivelmente refletindo as diferenças na estrutura de classificação entre os dois mercados.
Estoques totais de cacau em recuperação
Os estoques totais de cacau na ICE US continuam em trajetória de recuperação. Na última quarta-feira, 18 de junho, o volume total reportado atingiu seu nível mais alto em nove meses, um contraste significativo com o início de 2025, quando foi registrado o nível mais baixo em 21 anos. Esse aumento indica maior disponibilidade de grãos e é um dos fatores que, combinado com melhores expectativas de chuvas para a África Ocidental nos próximos dias, sustenta a tendência de queda nos preços do cacau no curto e médio prazo. Considerando esse cenário, especulações sobre possíveis mudanças na política comercial dos EUA, como o retorno de tarifas, podem estar levando os participantes do mercado a acelerar as importações ou exportações, em um esforço para se proteger contra possíveis despesas futuras relacionadas ao comércio. Nesse sentido, o contrato de setembro de 2025 seguiu a tendência do dia anterior e fechou em 18 de junho a 8.803 USD/ton em Nova York e 6.016 GBP/ton em Londres, com queda de 3,7% e 3,4%, respectivamente.
Estoques totais e certificados de cacau – ICE EUA (‘000 sacas)

Fonte: ICE
Ao analisar os estoques por origem, destaca-se o aumento no volume proveniente de países como Equador, Colômbia, Peru e Venezuela, em contraste com as entregas da Costa do Marfim. Embora o ritmo de embarques nos portos marfinenses ainda esteja ligeiramente acima do registrado no mesmo período do ano passado, observa-se uma desaceleração nas últimas semanas, além de relatos de problemas relacionados à qualidade das amêndoas. Esse cenário pode estar contribuindo para o crescimento da participação de outras origens nos estoques globais.
Estoques certificados por origem – ICE US (‘000 sacas)

Fonte: ICE
Apesar do aumento nos estoques totais de cacau em Nova York, os volumes certificados apresentaram queda. Essa diferença pode estar relacionada ao uso de grãos certificados para entrega física, à mudança no perfil das origens atualmente armazenadas, e a possíveis decisões comerciais influenciadas por custos operacionais e condições de mercado. O cenário pode indicar uma recomposição dos estoques físicos, enquanto o volume certificado reflete fatores logísticos, comerciais e de qualidade.
Estoques certificados de cacau – ICE EUA (‘000 sacas)

Fonte: ICE
No caso dos estoques da ICE Europa, observa-se um comportamento distinto em relação à ICE EUA, com uma queda registrada no mês de maio. Segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO), o mercado londrino valoriza os grãos do Tipo 1 oriundos da África Ocidental. Já os grãos do Tipo 2, majoritariamente provenientes da América Latina e da Ásia, são menos valorizados e algumas vezes negociados com desconto. Nesse contexto, a redução no ritmo de entregas da Costa do Marfim, aliada à queda na qualidade das amêndoas, pode estar contribuindo para a diferença de comportamento entre os dois mercados.
Estoques totais e válidos de cacau – ICE EU (‘000 sacas)

Fonte: ICE
Estoques válidos de cacau – ICE EU (‘000 sacas)

Fonte: ICE
Em resumo
Os estoques totais de cacau na ICE EUA seguem em trajetória de recuperação, atingindo em junho o maior nível dos últimos nove meses. Esse movimento contrasta com o início do ano, quando os estoques estavam em sua mínima em mais de duas décadas. A recuperação dos estoques, somada à expectativa de melhora nas condições climáticas na África Ocidental, contribui para a tendência de baixa nos preços do cacau no curto e médio prazo. Ao mesmo tempo, observa-se uma queda nos estoques certificados, possivelmente relacionada ao uso de grãos para entrega física, à maior presença de origens menos tradicionais e a decisões comerciais influenciadas por custos operacionais e perfil de demanda.
Report Semanal — Cacau
Escrito por Carolina França
carolina.franca@hedgepointglobal.com
Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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