Apr 25 / Guilhermo Marques

As continuas incertezas sobre os desdobramentos das negociações globais e os impactos sobre o Brasil

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As continuas incertezas sobre os desdobramentos das negociações globais e os impactos sobre o Brasil

  • As tensões comerciais globais, impulsionadas pelas negociações e imposições tarifárias coordenadas pelos Estados Unidos, têm gerado incertezas quanto ao crescimento da economia mundial.

  • Desde o começo de abril os investidores experimentam oscilações no mercado devido a divergência entre falas da Casa Branca e respectivas reações do mercado, com reações adversas aos próximos passos das negociações — o sentimento permanece cauteloso e incerto diante dos desdobramentos das ações e diretrizes que possam ser impostas pelos EUA.

  • A economia dos EUA teve sua projeção de crescimento reduzida para 1,8% em 2025, refletindo a desaceleração econômica decorrente das tensões comerciais.

  • Preocupações com a inflação nos Estados Unidos, aliadas às pressões do presidente Donald Trump por cortes nas taxas de juros e rumores sobre possíveis mudanças no Federal Reserve envolvendo Jerome Powell, destacaram-se como pontos de atenção nos últimos dias.

  • O USD vem demonstrando sensibilidade e incertezas como moeda de segurança, fazendo com que perca valor frente a moedas mais solidas (EUR, GBP, CHF por exemplo).

  • O ouro continua alcançando recordes históricos, ultrapassando $ 3,500.00 a onça recentemente com a busca dos investidores por ativos de segurança em momentos de incertezas.

Introdução

A situação econômica global tem se caracterizado por um ambiente de incertezas e um sentimento de cautela quanto aos desdobramentos das negociações entre os Estados Unidos e os demais países. Dentre estes, destaca-se a China, sobre a qual estabeleceu-se tarifas de até 145%, obtendo como resposta, uma tarifa retaliatória de 125%.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento global para 2,8% em 2025, uma queda em relação aos 3,3% previstos anteriormente. Segundo o próprio FMI, essa revisão se deve às incertezas provocadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. A economia americana também teve sua projeção de crescimento revisada para 1.8% apenas em 2025.
O sentimento geral dos investidores, assim como o consenso do mercado, gira em torno dos rumos que essas negociações tomarão — especialmente em relação aos valores efetivos das tarifas e à eventual reciprocidade por parte dos demais países diante de qualquer decisão final adotada pelos Estados Unidos.

Desde o começo de abril os investidores experimentam oscilações no mercado devido a divergência entre falas da Casa Branca e respectivos impactos sobre o mercado, com reações adversas aos próximos passos das negociações.

Câmbio 

Um movimento interessante que temos observado é a crescente busca dos investidores por ativos e moedas consideradas mais seguras, o que tem impulsionado a valorização do ouro e contribuído para o enfraquecimento do dólar americano em relação às principais moedas globais.

Ouro (USD/oz) e comportamento das moedas que compõe o índice de dólar

Fonte: Refinitiv, Bloomberg, Hedgepoint


O índice DXY vem registrando perdas recentes, sinalizando uma percepção generalizada de cautela do mercado em relação aos Estados Unidos, historicamente tido como porto seguro, porém desafiado neste posto histórico.


Variação do DXY nas últimas quatro semanas 

Fonte: LSEG, Hedgepoint

As críticas mais severas de Donald Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, acenderam um sinal de alerta quanto à independência do Banco Central dos Estados Unidos. Trump tem exigido cortes imediatos na taxa de juros com o objetivo de acelerar a economia, responsabilizando a política monetária atual como a principal causa da desaceleração econômica no país.

O tom das críticas intensificou-se a tal ponto que surgiram rumores sobre uma possível demissão de Powell no dia 17 de abril — discurso posteriormente revertido alguns dias depois, em 22 de abril, pelo próprio Trump. Esses episódios geraram tensões nos mercados, que reagiram com quedas abruptas, seguidas por leves recuperações, porém sem grande otimismo. Os desencontros de informações têm gerado ruídos e instabilidade, afetando negativamente a confiança dos investidores.

EUR/USD, GBP/USD e CHF/USD – variação mensal YTD

Fonte: LSEG, Hedgepoint

Os impactos sobre o Brasil


Ainda observamos uma posição favorável ao Brasil em relação aos desdobramentos das negociações tarifarias entre Estados Unidos e o mundo. Como sabemos, até o momento o Brasil se encontra na lista de tarifas “básicas’, com a taxa de 10% sobre seus produtos exportados aos EUA. Porém, como já sabido, os valores impostos a Europa e principalmente China tornam o Brasil atrativo para uma reordenação de fluxos globais de consumo, principalmente no campo das commodities.

Vemos que o dólar vem sendo cotado na casa de R$ 5.726, menor valor dos últimos meses, seguindo o cenário global de desvalorização da moeda americana frente as demais economias, ainda que mais timidamente nos países emergentes, porém seguindo a mesma tendência. Essa tendência pode afetar a competitividade das exportações brasileiras, já que o produto brasileiro se encarece para o mercado americano, mas, o ganho de poder de compra das demais moedas pode aumentar sua procura por outros países. Assim, assumindo que as tarifas prevalecerão, pode-se esperar que grandes potencias, como a China, devem migrar seu fluxo de consumo dos Estados Unidos para outras origens, como o Brasil, favorecendo sua balança comercial e agindo como suporte ao fortalecimento de sua demanda.

É esperado que esta tendência ocorra em mercados altamente taxados cujos Estados Unidos seja uma origem relevante e sofra retaliações, por exemplo para grãos. Já aqueles dos quais o país norte americano é demandante líquido, a expectativa se torna mais baixista a medida que inflação e desaceleração econômica podem restringir o consumo destes bens, especialmente sendo eles não essenciais
 

Em Resumo

A economia global enfrenta um cenário de incertezas, especialmente devido às tensões comerciais entre os Estados Unidos e países como a China. Observamos com cautela os movimentos de ambos os países até que decisões materiais sejam tomadas para direcionamento da economia global.

Em um cenário de alta volatilidade, o gerenciamento de risco contra exposições cambiais se torna essencial, em especial em um momento no qual investidores migram para ativos mais seguros. Essa tendência tem refletido na valorização do outro e, diferentemente do usual, quando o dólar é visto como porto-seguro, por ser um dos principais países envolvidos na guerra-comercial, a moeda norte americana tem desvalorizado. O índice DXY caiu, refletindo a desconfiança do mercado quanto à estabilidade econômica americana, agravada pelas críticas públicas de Donald Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Em relação ao Brasil, o país pode se beneficiar indiretamente das disputas tarifárias, mantendo tarifas mais baixas sobre seus produtos e se tornando alternativa viável para exportações, principalmente de commodities.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Guilhermo Marques
guilhermo.marques@hedgepointglobal.com

Revisado por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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