May 16 / Guilhermo Marques

Câmbio: Preços e Posição Fiscal Brasileira

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Câmbio: Preços e Posição Fiscal Brasileira

Durante a semana, o real apresentou nova desvalorização frente ao dólar americano, porém mais tímida, refletindo um cenário de incerteza fiscal interna e reações a dados econômicos dos EUA. A moeda iniciou a semana a R$ 5,6556 e encerrou em alta, a R$ 5,6821 (+0,47%). Apesar da volatilidade intradiária, o real foi pressionado por temores sobre o cumprimento das metas fiscais brasileiras, enquanto a divulgação do CPI e PPI abaixo do esperado nos EUA trouxe alívio temporário. O fluxo cambial seguiu positivo, mas insuficiente para conter a percepção de risco doméstico.

Desempenho Semanal do BRL/USD

Fonte: Reuters, Hedgepoint


• Variação semanal: +0,47%
• Mínima: R$ 5,6085 (13/05)
• Máxima: R$ 5,6821 (15/05)

Mercado Doméstico Brasileiro

O principal catalisador da variação cambial na última semana foi o crescente pessimismo com a sustentabilidade fiscal do Brasil. Sinais de descumprimento das metas estabelecidas no novo arcabouço fiscal - especialmente após a divulgação de um resultado primário abaixo do esperado para o primeiro trimestre - elevaram as preocupações sobre a capacidade do governo de conter o crescimento da dívida pública. Além disso, rumores de ampliação de gastos discricionários, associados a pressões políticas por aumento de investimentos públicos em ano pré-eleitoral, aumentaram o receio de desvio do compromisso com a consolidação fiscal.

Esse ambiente fiscal mais frágil reforçou a incerteza no mercado, impactando a confiança de investidores locais e estrangeiros. Como consequência, houve um movimento de aversão a risco com saída de capital de ativos domésticos, o que pressionou a curva de juros futuros e impulsionou a cotação do dólar frente ao real.

Cenário Externo

Nesta última semana foram divulgados índices relevantes nos Estados Unidos, adicionando mais incertezas e expectativas sobre a maior economia do mundo. O CPI (Consumer Price Index ou Índice de Preços ao Consumidor) de abril avançou +0,3%, abaixo do consenso de mercado (+0,4%), apresentando uma inflação anual de 2.3% para 2025. Já o PPI (Producer Price Index ou Índice de Preços ao Produtor) caiu -0,1%, reforçando a expectativa de que o Fed pode iniciar o ciclo de corte de juros ainda em 2025, o que já discutimos em relatórios passados. O mercado demonstra consenso para possíveis movimentos de redução dos juros a partir de setembro 2025. O dólar global (DXY) recuou momentaneamente, favorecendo moedas emergentes - efeito que foi limitado no caso do real devido ao risco local da economia brasileira.

Índice de Preços ao Consumir nos EUA (abril/2025)

Fonte: Bureau of Labor Statistics (BLS), Hedgepoint


A leitura mais branda da inflação foi bem recebida pelos mercados, porém, como já discutido aqui em relatórios anteriores, acredita-se que os reais efeitos das tarifas ainda não foram refletidos nos preços finais ao consumidor, seja por questão de estoques remanescentes adquiridos anteriormente ou por simplesmente ainda não terem sido repassados. Por estes fatos, poderá ser observada uma pressão inflacionária nos próximos meses.

A postura do Fed frente aos preços continua sendo cautelosa, observando o comportamento da economia nas próximas semanas.

Ainda no cenário global, após negociações em Genebra, EUA e China chegaram a um acordo para a redução mútua de tarifas por 90 dias. Os EUA reduziram tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China por sua vez, alterou as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%. Esse acordo foi bem-visto pelo mercado - ainda com muitas incertezas – como uma tentativa de aliviar tensões comerciais e estabelecer um mecanismo de diálogo contínuo entre os países.

O comportamento do real perante demais moedas


Nas últimas semanas, o Brasil tem se distanciado do desempenho observado em outros mercados emergentes, com o real se desvalorizando frente ao dólar, apesar de um ambiente internacional mais construtivo. A melhora no apetite ao risco global, impulsionada pelas negociações comerciais entre Estados Unidos e China – com avanços relevantes anunciados em 12 de maio de 2025 –, não foi suficiente para sustentar os ativos brasileiros.

Internamente, a crescente perda de confiança na condução da política econômica, somada à instabilidade fiscal e ao aumento das tensões políticas, tem contribuído para o enfraquecimento do real. Esse cenário doméstico adverso impede que o Brasil se beneficie dos ventos favoráveis do exterior, colocando o país na contramão da trajetória de valorização observada em outras economias emergentes.

Em Resumo

A última semana foi marcada por uma combinação de fatores domésticos e externos que moldaram o comportamento do real frente ao dólar. Embora dados de inflação mais amenos nos Estados Unidos e avanços nas negociações comerciais entre EUA e China tenham oferecido um pano de fundo mais favorável para ativos emergentes, o real seguiu pressionado por incertezas internas, em especial no campo fiscal.

A percepção de fragilidade na condução da política econômica e o aumento do risco de deterioração das contas públicas minaram a confiança dos investidores, afastando o Brasil de uma tendência mais positiva observada em outros países emergentes.

Nesse contexto, a valorização do dólar ante o real reflete não apenas os fundamentos globais, mas sobretudo uma penalização específica ao risco Brasil, que tende a persistir enquanto não houver sinais mais claros de responsabilidade fiscal e estabilidade política.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Guilhermo Marques
guilhermo.marques@hedgepointglobal.com

Revisado por Thais Italiani
thais.italiani@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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