Jun 3 / Guilhermo Marques

Câmbio: Desempenho da moeda brasileira e o que esperar

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Comportamento da moeda brasileira

Em uma semana com feriado nos Estados Unidos, observamos o real cedendo frente ao dólar, finalizando a semana em R$ 5.7229. Durante a semana, a moeda ficou praticamente estável nos fechamentos até quinta-feira, onde alcançou o valor de R$ 5.6663. O pregão da sexta-feira (30) apresentou maior volatilidade, levando a moeda a acumular alta de 1.51% na semana. No fechamento de maio, o real desvalorizou 0.87% frente ao dólar.

Desempenho Semanal do BRL/USD

Fonte: Reuters, Hedgepoint

• Variação semanal: +1,51%
• Mínima: R$ 5,6349 (27/05)
• Máxima: R$ 5,7400 (30/05)

Mercado Doméstico Brasileiro

As decisões sobre o IOF continuam gerando incertezas sobre o mercado brasileiro. Na última semana, o recuo do governo sobre a taxação de operações internacionais — como remessas para contas de mesma titularidade e compras de moeda em espécie — não foi suficiente para acalmar os investidores. A mudança inesperada nas alíquotas e a comunicação pouco clara provocaram receios quanto à previsibilidade da política econômica.

Além disso, o mercado reagiu negativamente à sinalização de uma possível flexibilização do arcabouço fiscal, especialmente após declarações de integrantes do governo sugerindo a revisão de metas de resultado primário e o fato de que a agência de risco Moody’s rebaixou a perspectiva da nota do Brasil de positiva para estável devido a situação das contas públicas do governo. O temor de maior gasto público pressionou a curva de juros futuros e impactou o câmbio, com o dólar voltando a se aproximar dos R$ 5,70 ao longo da semana.

Como reflexo, o Ibovespa acumulou queda semanal, encerrando a sexta-feira (30/05) com recuo de 1,09%, em 137.062 pontos, influenciado também por um desempenho mais fraco dos setores ligados ao consumo interno e bancos.


Panorama Internacional

Estados Unidos

O mercado norte-americano atravessou a semana em clima de cautela, com os investidores digerindo dados econômicos mistos e expectativas sobre a política monetária. O destaque foi índice de inflação PCE (Personal Consumption Expenditures), monitorado de perto pelo Federal Reserve, que apresentou variação de 0,2% em abril, em linha com o esperado. Na base anual, o núcleo desacelerou para 2,8%, reforçando a percepção de que a inflação caminha para a meta de 2% do Fed — ainda que de forma lenta.

Em relação a taxas de juros dos Estados Unidos, o Federal Reserve Bank (FED) continua monitorando os níveis de atividade econômica, inflação e comércio para determinar os próximos passos sobre possíveis movimentações. O consenso do mercado seria de pelo menos um corte em setembro, ainda observando um possível segundo corte para dezembro. Porém, nada ainda muito sólido indicado pelo FED.

Na última sexta-feira (30), o presidente norte-americano Donald Trump anunciou que vai dobrar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, adicionando mais tensões sobre as negociações entre EUA e China sobre as tarifas comerciais.

Existem fatores que podem reforçar a projeção de desaceleração da economia americana, principalmente se observarmos a última semana de maio de 2025. A contração do PIB no 1º trimestre em 0.3%, o aumento nas solicitações de seguro-desemprego para a semana encerrada em 24 de maio, as tensões comerciais com principais economias globais, o aumento dos rendimentos dos títulos do tesouro – explicado pela Hedgepoint no relatório semanal de 27/05 – e o possível esfriamento na confiança dos CEOs e principais empresas nos EUA.

Ucrânia x Rússia

A Ucrania realizou uma série dramática de ataques sobre toda a Rússia com drones que decolavam de caminhões escondidos e containers de madeira pelo interior do país, inutilizando 40 aeronaves russas, com algumas até com capacidade nuclear. Tal fato fez com que o Brent subisse de patamar, ignorando anúncios de aumento de produção pela OPEP. Maiores tensões sobre uma possível ação recíproca do exército Russo devem chamar atenção para esta semana.

México

O Banco do México revisou negativamente sua projeção de crescimento para o país em 2025, projetando uma expansão do PIB de apenas 0.1%, ante os 0.6% previsto anteriormente. Essa redução reflete uma combinação de fatores, dentro dos quais destacam-se uma economia interna enfraquecida, uma baixa taxa de investimento e consumo, além de incertezas globais com os desdobramentos do país frente as negociações comerciais com os EUA. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma contração de 0.3% no PIB mexicano para 2025

Em Resumo


Em uma semana marcada por pressões fiscais no Brasil e sinais crescentes de desaceleração econômica global, o dólar ganhou força frente ao real, refletindo a aversão ao risco dos investidores diante de incertezas domésticas e internacionais. A combinação entre a deterioração da confiança na política fiscal brasileira, revisões negativas de crescimento em países emergentes como México e o fortalecimento do dólar diante do cenário externo contribuíram para a alta semanal de 1,51% do USD/BRL.

No cenário internacional, os dados de inflação dos EUA ainda não garantem cortes imediatos de juros pelo Federal Reserve, ao mesmo tempo em que tensões geopolíticas — como o conflito entre Ucrânia e Rússia — e comerciais — especialmente entre EUA e China/México — reforçam a cautela global. Esses elementos adicionam volatilidade às moedas emergentes e mantêm o dólar sustentado em patamares elevados.

Para os próximos dias, a atenção seguirá voltada para a evolução do cenário fiscal brasileiro, novos dados de inflação nos EUA e desdobramentos nas tensões geopolíticas, que devem seguir influenciando o comportamento do câmbio e o apetite ao risco global.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Guilhermo Marques
guilhermo.marques@hedgepointglobal.com

Revisado por Luiz Fernando Roque
luiz.roque@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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