Jun 10 / Guilhermo Marques

Câmbio: Dólar tem semana de desvalorização frente ao real

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Dólar perde força no mercado brasileiro

A semana demonstrou certa volatilidade e ainda cautela quanto ao rumo do dólar em território nacional, fechando a sexta-feira (06) em R$ 5,5941, com uma desvalorização de aproximadamente -2,0% frente a moeda brasileira. Durante a semana, como tem acontecido no Brasil, os impactos externos mais uma vez não tiveram ampla influência, uma vez que temos como pano de fundo as incertezas locais sobre a situação fiscal e os desdobramentos das decisões quanto as alíquotas de impostos aplicadas ao IOF pelo governo brasileiro. Todavia, o Real ainda se sobressaiu com valorização de cerca de 10 centavos.

Desempenho Semanal do BRL/USD

Fonte: Ipeadata, Hedgepoint

• Variação semanal: -2,00%
• Mínima: R$  5,5941 (06/jun)
Máxima: R$  5,6931 (02/jun)

O que aconteceu no Brasil?

As decisões sobre o IOF ganharam mais um episódio neste final de semana. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite deste último domingo (08), um rebalanceamento sobre a incidência do imposto sobre operações financeiras - já revisado logo em seu primeiro anúncio devido aos impactos gerados no mercado financeiro no dia 23/05 - com a ideia de cobrança de imposto sobre operações de Renda Fixa. Os ativos da vez são as letras de crédito do agronegócio e do mercado imobiliário (LCA e LCI, respectivamente), com o recolhimento de 5% sobre os ganhos, antes nunca aplicados.

Toda esta situação se mostra muito crítica quanto a atratividade brasileira para capital estrangeiro. O capital recluso aos Estados Unidos procura novos destinos, e os mercados emergentes se mostram como uma oportunidade. Mas, o Brasil, na contramão, vem se posicionando como uma alternativa não tão desejada. Conforme vemos abaixo, ao analisarmos os últimos 20 anos o valor do Ibovespa (índice das principais ações negociadas na bolsa de valores brasileira) em relação ao dólar, vemos que o índice se manteve praticamente estável devido à desvalorização do real frente à moeda americana. O que isso nos mostra? Que basicamente nos últimos 20 anos o valor da bolsa brasileira em dólar se manteve em níveis iguais. Agora, imagine o investidor estrangeiro que aportou capital no Brasil em meados de 2005, auferindo retornos praticamente estáveis 20 anos depois?


Dollar vs Ibovespa (BRL and USD)

Fonte: Refinitiv


No Brasil, continuamos a observar a situação fiscal com muita atenção, bem como os desdobramentos das atualizações do governo sobre o IOF, o que provavelmente deve continuar a pressionar o real perante o dólar.


Panorama Internacional

Estados Unidos

O país passou por uma semana intensa de acontecimentos e divulgações das quais geraram impactos nos mercados.

Pelo lado dos números, foram divulgados dados sobre geração de novos empregos, com 139 mil novas vagas formais de trabalho anunciadas pelo relatório oficial do Bureau of Labor Statistics, superando as expectativas do mercado que rondavam os 130 mil novos postos. Atenção especial para o fato de que atualizações significativas foram realizadas nos números de março e abril - março foi ajustado de +185 000 para +120 000 (-65 000) e abril de +177 000 para +147 000 (-30 000); totalizando -95 000 empregos revisados. De uma maneira geral, os ajustes mostram um esfriamento da economia no mês de abril. Porém, com as expectativas sendo superadas quanto aos números de maio, entendemos que possivelmente isto seja considerado de neutro a ligeiramente positivo, visto que demonstra um certo suporte e resiliência da economia americana, por ora espantando sinais de recessão. Como já explicamos aqui anteriormente, de uma maneira educacional como fazemos na Hedgepoint, números como inflação e empregos influenciam diretamente na análise do FED (Federal Reserve) sobre o termômetro da economia americana. O consenso dos analistas de mercado de que a instituição possivelmente seguirá monitorando a economia durante o verão, mantendo os juros inalterados, continua. Até o final do ano, entendemos que podem ocorrer de um a dois cortes nos juros, com o primeiro acontecendo provavelmente em setembro de 2025.

Do lado político, o presidente Donald Trump e o empresário e ex-membro da comitiva de governo do atual presidente - e até então, amigo - Elon Musk, se desentenderam publicamente pela plataforma X, trocando acusações sobre a situação fiscal dos Estados Unidos. Musk demonstrou publicamente sua insatisfação após o governo americano extinguir a isenção sobre veículos elétricos, impactando diretamente em uma “conta” estimada em $ 2 bilhões de dólares para a Tesla, empresa da qual é fundador.

Com esse pano de fundo, o mercado financeiro segue atento não apenas aos dados macroeconômicos, mas também aos desdobramentos políticos que podem influenciar a confiança dos agentes econômicos e o apetite por risco. A recente tensão entre Trump e Musk levanta preocupações sobre possíveis interferências na agenda econômica e regulatória, especialmente em setores estratégicos como tecnologia e energia limpa. Além disso, investidores seguem monitorando as negociações em torno do orçamento federal e do teto da dívida, questões que podem reacender a volatilidade dos Treasuries e influenciar diretamente a trajetória do dólar. Em meio a esse cenário, o comportamento dos ativos de risco deverá continuar sensível tanto à comunicação do Federal Reserve quanto aos desdobramentos políticos domésticos, reforçando a importância de uma leitura ampla e integrada entre fundamentos econômicos, cenário fiscal e estabilidade institucional.


Europa

Em 5 de junho, o BCE cortou novamente os juros — pela oitava vez em um ano —, passando a taxa principal de 2,25 % para 2,00 % ao ano. A inflação de 1,9% em maio (abaixo da meta), crescimento modesto de 0,3% no Q1/2025 e o aumento dos riscos econômicos decorrentes das tarifas norte-americanas foram os principais motivos para tal decisão. Segundo comunicado do BCE (Banco Central Europeu), o corte pode ter sido o último por ora, dependendo, obviamente, dos dados futuros.


Em Resumo


A semana foi marcada por volatilidade no câmbio e crescente cautela fiscal no Brasil. Apesar da valorização pontual do real frente ao dólar, a continuidade das incertezas sobre a política tributária – especialmente com o novo episódio envolvendo a tributação de LCI e LCA – reforça um ambiente de baixa atratividade ao capital estrangeiro. No cenário internacional, os EUA surpreenderam com dados positivos de emprego em maio, ainda que revisões anteriores tenham sinalizado perda de fôlego. O mercado continua atento à postura do Fed e à estabilidade política, especialmente após tensões entre Trump e Musk. Na Europa, o BCE reduziu juros novamente em resposta à inflação contida e crescimento lento, encerrando o ciclo de cortes por ora. Em meio a esse contexto, o dólar tende a continuar oscilando frente ao real, com influência decisiva do cenário fiscal doméstico e das expectativas globais de política monetária.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Guilhermo Marques
guilhermo.marques@hedgepointglobal.com

Revisado por Luiz Fernando Roque
luiz.roque@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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