Oct 9 / Lívea Coda

Relatório Mensal Açúcar - 2023 10 06

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"O mercado de açúcar segue encontrando suporte na perspectiva de escassez, tendo a Índia e a Tailândia como principais impulsionadores. No entanto, a tendência altista pode não ser tão forte quanto anteriormente esperada, uma vez que, a piora das condições de desenvolvimento em outros países como o EUA, México e América Central, foi parcialmente compensada por melhorias na Europa, Ucrânia e Brasil."

Balanço Global de Açúcar e Fluxo Comercial

A safra brasileira continua crescendo e sua maior disponibilidade contribuiu para a suavização dos fluxos comerciais - não é de surpreender que a entrega em outubro tenha sido um recorde em 2,8Mt. A possibilidade de outra grande safra no Centro-Sul em 24/25 e um mix de açúcar ainda maior também aliviou nossas estimativas para os fluxos comerciais do T2-24 e T3-24.

Contudo, o país por si só não é suficiente para compensar a ausência do Hemisfério Norte. A menor disponibilidade na Índia e na Tailândia ainda é o fator altista mais forte. A piora das condições de desenvolvimento de safra de outros fornecedores, como os EUA, México e outros países da América Central, foi parcialmente compensada por melhorias na Europa, Ucrânia e Brasil.

Portanto, embora ainda haja espaço para março continuar sustentado, a magnitude da tendência de alta poderá ser mais fraca do que o esperado anteriormente.
Figura 1: Fluxo Comercial Total ('000t)
Figura 2: Fluxo Comercial de Açúcar Bruto ('000t)

Fonte: hEDGEpoint

Fonte: hEDGEpoint

Figura 3: Fluxo Comercial de Açúcar Branco ('000t)
Figura 4: Balanço Global de Açúcar (MT RV out-set)

Fonte: hEDGEpoint

Fonte: hEDGEpoint

Brasil CS

Figura 5: Balanço de Açúcar - Brasil CS (Mt abr-mar)

Fonte: Unica, MAPA, SECEX, hEDGEpoint

Nossos modelos mostram que, considerando os últimos resultados de produtividade, é possível atingir 82,9t/ha ao final de 23/24. Com aumento de área de 1,3%, o CS pode atingir 624,86Mt de cana – o que também está em linha com as previsões meteorológicas.
A maior disponibilidade de matéria-prima também permite um mix de açúcar mais elevado, 48,5%. Essas mudanças combinadas com um ATR de 139,7 garantem à região a uma produção recorde de açúcar de 40,3Mt.
 Mesmo com uma possível queda no TCH durante a próxima safra, 24/25, a ideia de um maior volume de cana bisada e investimentos em cristalização devem permitir que a região continue fornecendo mais de 40Mt.

Figura 6: Exportações Totais - Brasil CS ('000t) 

Fonte: SECEX, Williams, hEDGEpoint

Figura 7: Estoque - Brasil CS ('000t)

Fonte: Unica,MAPA, SECEX, Williams, hEDGEpoint

Brasil CS Etanol

Figura 8: Ciclo Otto - Brasil (M m³)

Fonte: ANP, Bloomberg, hEDGEpoint

Os preços dos combustíveis não responderam à recente tendência de alta do petróleo no mercado internacional, como resultado do compromisso do governo com preços mais baixos. 
Por sua vez, esta política refletiu-se diretamente na demanda.
Com o aumento da disponibilidade de matérias-primas (tanto cana quanto milho), o etanol recuperou participação na bomba e suas vendas internas foram impulsionadas.

Porém, tudo isso ocorreu enquanto ainda perdia a batalha contra o açúcar. O aumento das vendas teve pouco efeito no preço do biocombustível, pois está longe de prejudicar sua disponibilidade e seus estoques.

Figura 9: Estoque Final de Anidro - Brasil CS ('000 m³) 

Fonte: Unica, MAPA, ANP, SECEX, hEDGEpoint

Figura 10: Estoque Final de Hidratado - Brasil CS ('000 m³) 

Fonte: Unica, MAPA, ANP, SECEX, hEDGEpoint

Brasil NNE

Figura 11: Balanço de Açúcar - Brasil NNE (Mt abr-mar)

Fonte: MAPA, SECEX, hEDGEpoint

Até o final de agosto, a região produziu 194kt de açúcar, segundo o MAPA. Isso representa um aumento de 31% A/A e está acima da média de 10 anos (177kt).
É seguro permanecer otimista com um aumento marginal na produção para 3,3Mt e manutenção das exportações de 2,3Mt.

Setembro trouxe chuvas abundantes às principais regiões produtoras de cana-de-açúcar do NNE, ultrapassando as médias históricas em mais de 75%.

Figura 12: Exportações Totais - Brasil NNE ('000t)

Fonte: SECEX, hEDGEpoint

Índia

Figura 13: Balanço de Açúcar - Índia (Mt out-set) 

Fonte: ISMA,AISTA, hEDGEpoint

Mesmo que agosto tenha sido extremamente penalizado pela seca, se analisarmos o Índice Padronizado de Precipitação (SPI) da Índia, é possível observar que alguns dos principais estados produtores, como Uttar Pradesh, Tamil Nadu e Gujarat, sofreram pouco durante todo o período de desenvolvimento da cana-de-açúcar (jun-set). 
Portanto, mantivemos nossas estimativas de produção inalteradas.
Considerando 31,4Mt, a Índia poderia ter algum excedente de açúcar para exportar, mas com o programa de etanol, as preocupações com a segurança alimentar durante o ano eleitoral e o aumento dos preços dos combustíveis, a ideia de não haver exportações e reestocar é provável.

Figura 14: Exportações Totais - Índia ('000t exc. Refinarias Costeiras)

Fonte: ISMA,AISTA, hEDGEpoint

Tailândia

Figura 15: Balanço de Açúcar - Tailândia (Mt dez-nov) 

Fonte: Thai Sgar Millers, Sugarzone, hEDGEpoint

A Tailândia experimentou condições climáticas adversas de junho a setembro, com chuvas abaixo da média afetando o crescimento da cana. 
Além disso, espera-se que a área de cana diminua em comparação com a safra anterior devido à crescente preferência dos agricultores pela mandioca, que estimamos pagar um prêmio de cerca de 100 dólares por hectare em relação à cana.

Devido às condições climáticas atuais e projetadas, revisamos nossa estimativa de produção de cana-de-açúcar de 75 para 70 Mt, impactando tanto a produção (8,2 Mt) quanto as exportações (5,3 Mt).

Figura 16: Exportações Totais Tailândia ('000t)

Fonte: Thai Sgar Millers, hEDGEpoint

UE 27 e Reino Unido

Figura 17: Balanço de Açúcar - UE27+RU (Mt out-set)

Fonte: EC, Greenpool, hEDGEpoint

A Comissão Europeia atualizou as suas projeções de produção de açúcar para a temporada 2023/2024. 
Prevê-se agora que a produção de açúcar de beterraba da UE27, que inclui o açúcar utilizado na produção de etanol, atinja 15,6Mt. Isto representa um aumento significativo de 1Mt em comparação com a temporada 2022/2023, que teve produção de 14,6Mt.

Considerando pelo menos 1Mt de desvio para etanol, mas adicionando o Reino Unido, nossa estimativa aumentou em quase 400kt para 23/24, atingindo uma produção líquida de 15,5Mt.

México

Figura 18: Balanço de Açúcar - México (Mt out-set) 

Fonte: Conadesuca, Greenpool, hEDGEpoint

O El Niño afetou o regime de precipitação no México, tornando o clima mais seco do que o normal durante a principal fase de desenvolvimento da cana – entre junho e agosto. 
Embora o maior estado produtor possa ter sido poupado (Veracruz), Jalisco e San Luis Potosi foram severamente afetados.

Para Setembro/Outubro, a precipitação realizada e as previsões melhoraram, permitindo-nos permanecer otimistas em 5,6Mt. No entanto, se o clima desafiador persistir, podemos antecipar novas reduções nesta estimativa, possivelmente levando a uma repetição de 22/23.

Figura 19: Exportações totais - México ('000t)

Fonte: Conadesuca, Greenpool, hEDGEpoint

EUA

Figura 20: Balanço de Açúcar -EUA (Mt out-set) 

Fonte: USDA, hEDGEpoint

Para a temporada 22/23, o USDA aumentou sua expectativa de produção devido aos bons resultados da beterraba e das importações com tarifas mais altas. 
Não só isso, mas o uso total dos EUA foi reduzido como reflexo do menor consumo humano. Com maior oferta e menor uso, os estoques subiram quase 300kt, induzindo uma razão estoque/uso de 17%.

Por outro lado, as perspectivas para 23/24 pioraram e o aumento dos estoques iniciais e da produção de beterraba são compensados ​​pela menor produção da Louisiana e pelas importações reduzidas do México. Com mais de 300kt de redução de disponibilidade, o estoque/uso deve cair para 13,5% em 23/24.

Guatemala

Figura 21: Balanço de Açúcar - Guatemala (MT out-set)

Fonte: Cengicaña, Sieca, Azucar.gt,Greenpool, hEDGEpoint

Sem alteração: A precipitação na Guatemala está abaixo da média. A maioria das regiões produtoras de cana (terras baixas, centrais e terras altas da Guatemala) recebeu precipitação abaixo da média. 
As previsões meteorológicas mostram resultados diferentes, enquanto o GFS prevê mais chuvas nos principais estados produtores, os modelos canadense e europeu ainda apontam para um período seco.

É justo lembrar, no entanto, que os efeitos da seca podem ser mitigados pela decisão de irrigar. O país é conhecido por ter feito grandes investimentos na área.

Figura 22: Exportações Totais - Guatemala ('000t) 

Fonte: Sieca

Ucrânia

Figura 23: Balanço de Açúcar -Ucrânia (Mt out-set)

Fonte: Ukrsugar, Sugar.ru, Greenpool, hEDGEpoint

Segundo o Ministério da Política Agrária e Alimentação da Ucrânia, o país atingiu 249 mil hectares, mais do que os 220 cultivados em 2021.
Embora tenha atrasado quase duas semanas devido a condições climáticas adversas, a atual semeadura de beterraba e seu desenvolvimento tem progredindo de forma positiva. Ainda é muito cedo para fixar um número, mas o país poderá voltar a produzir 1,7Mt e exportar até 600kt.

Rússia

Figura 24: Balanço de Açúcar - Rússia (Mt set-out)

Fonte: Ikar, Sugar.ru, Greenpool, hEDGEpoint

Existem riscos associados ao processamento de beterraba, incluindo desafios relacionados ao clima e problemas com combustíveis e lubrificantes que acrescentam uma pressão negativa sobre a estimativa de 6,4Mt.
Os dados mais recentes da Soyuzrossakhar, divulgados pelo sugar.ru, revelam que o rendimento do açúcar em 11 de setembro é de 13%, o que é notavelmente baixo. Para contextualizar, em 12 de setembro de 2022 era de 14,2% e em 2021 era de 13,5%. Estimando a atual safra de beterraba sacarina em 45,7 milhões de toneladas métricas (contabilizando perdas), o veículo sugar.ru aposta em uma faixa entre 6,2 e 6,4Mt.

China

Figura 25: Balanço de Açúcar - China (Mt out-set)

Fonte:GSMN, CSA, Refinitiv, Greenpool, hEDGEpoint

Obs: os estoques consideram volume parado na alfândega e os volumes de importação totais (açúcar, xarope e contrabando estimado)

Embora esperássemos que 365kt fossem importados pelo país durante agosto, a China realizou 370kt, o que significa que estamos perto de atingir as importações de 3,7Mt (excluindo xarope e contrabando) esperadas para 22/23. 
As exportações de açúcar caíram 27% até agora, enquanto o xarope melhorou 37%, atingindo 1,4Mt.

Para 23/24, com uma possível recuperação da produção para 10Mt, as importações de açúcar “como tal” deverão permanecer próximas da média, com participação crescente do xarope – especialmente se os preços continuarem desfavoráveis à importação.

Figura 26: Importações Totais - China ('000t exc. contrabando e xarope) 

Fonte: GSMM, hEDGEpoint

Figura 27: Produção Total - China ('000t)

Fonte: CSA, Refinitiv, Greenpool, hEDGEpoint

Inteligência de Mercado - Açúcar e Etanol

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Natália Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

Mesa de Açúcar e Etanol

Murilo Mello
murilo.mello@hedgepointglobal.com

Matheus Jacques
matheus.jacques@hedgepointglobal.com

Gabriel Oliveira
gabriel.oliveira@hedgepointglobal.com

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