Nov 23 / Lívea Coda

Relatório Mensal Açúcar - 2023 11 27

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"O contrato de março deverá encontrar suporte no aperto do mercado durante o T4/23 e o T1/24. Quanto a safra 24/25 do Brasil, assumindo normalidade climática durante o verão, o país poderia produzir mais de 42Mt de açúcar, considerando os recentes investimentos em cristalização e a manutenção de um mix elevado."

Balanço Global de Açúcar e Fluxo Comercial

A ausência da Índia no fluxo comercial em 2024 parece bem aceita pelo mercado. A Tailândia, por outro lado, continua sendo fonte de volatilidade, especialmente após seu governo ter classificado o açúcar como um bem controlado.

No entanto, espera-se que o açúcar brasileiro continue fluindo durante o T4/23, com as usinas maximizando sua produção do adoçante e trabalhando rapidamente para moer o máximo de cana possível.

O congestionamento portuário devido a um outubro mais chuvoso do que a média induziu os ganhos recentes, mas a seca prevista pode exercer pressão sobre os preços do açúcar.

O contrato de março deverá encontrar suporte no aperto do mercado durante o T4/23 e o T1/24. Quanto a safra 24/25 do Brasil, assumindo normalidade climática durante o verão, o país poderia produzir mais de 42Mt de açúcar, considerando os recentes investimentos em cristalização e a manutenção de um mix elevado.
Figura 1: Fluxo Comercial Total ('000t)
Figura 2: Fluxo Comercial de Açúcar Bruto ('000t)

Fonte: hEDGEpoint

Fonte: hEDGEpoint

Figura 3: Fluxo Comercial de Açúcar Branco ('000t)
Figura 4: Balanço Global de Açúcar (MT RV out-set)

Fonte: hEDGEpoint

Fonte: hEDGEpoint

Brasil CS

Figura 5: Balanço de Açúcar - Brasil CS (Mt abr-mar)

Fonte: Unica, MAPA, SECEX, hEDGEpoint

A produtividade da cana e a expansão da área durante 23/24 são os principais motivos dos excelentes resultados da região. A recente volatilidade dos preços está ligada à capacidade de exportação do país. O congestionamento portuário devido a um outubro mais chuvoso do que a média deu suporte ao açúcar bruto, mas um novembro mais seco deve contornar a situação.
Embora alguns modelos prevejam chuvas mais baixas durante o verão no Brasil, as perspectivas para o desenvolvimento da cana 24/25 são boas. O país poderá produzir mais de 42Mt de açúcar na próxima temporada.

Figura 6: Exportações Totais - Brasil CS ('000t) 

Fonte: SECEX, Williams, hEDGEpoint

Figura 7: Estoque - Brasil CS ('000t)

Fonte: Unica,MAPA, SECEX, Williams, hEDGEpoint

Brasil CS Etanol

Figura 8: Ciclo Otto - Brasil (M m³)

Fonte: ANP, Bloomberg, hEDGEpoint

Desde o anunciado “fim do PPI” em maio de 2023, os preços do etanol sofreram uma dissociação dos preços internacionais do petróleo. 
Os efeitos do compromisso do governo de reduzir os preços na bomba, juntamente com a maior disponibilidade de matérias-primas, impediram que os preços do etanol encontrassem apoio.

Portanto, embora o consumo de combustível esteja em alta, a disponibilidade não parece ser um problema. A diferença de preço de quase 300 USd/t entre os produtos permite maiores investimentos em cristalização e uma decisão de mix mais açúcareiro.

Figura 9: Estoque Final de Anidro - Brasil CS ('000 m³) 

Fonte: Unica, MAPA, ANP, SECEX, hEDGEpoint

Figura 10: Estoque Final de Hidratado - Brasil CS ('000 m³) 

Fonte: Unica, MAPA, ANP, SECEX, hEDGEpoint

Brasil NNE

Figura 11: Balanço de Açúcar - Brasil NNE (Mt abr-mar)

Fonte: MAPA, SECEX, hEDGEpoint

Até o final de outubro, a região havia produzido 1,173 Mt de açúcar, segundo o MAPA. Isto representa um aumento de 7,8% A/A e está acima da média de 10 anos (980kt).
Revisamos nossa disponibilidade de cana para 61,3Mt. Permitindo que a região alcance 3,6Mt de açúcar na safra 23/24. Esta revisão é um reflexo do clima positivo durante a fase de desenvolvimento da cana. Por outro lado, para 24/25, o clima mais seco do que a média devido a ocorrência do El Niño pode impactar a disponibilidade do NNE

Figura 12: Exportações Totais - Brasil NNE ('000t)

Fonte: SECEX, hEDGEpoint

Índia

Figura 13: Balanço de Açúcar - Índia (Mt out-set) 

Fonte: ISMA,AISTA, hEDGEpoint

O governo deve priorizar a formação de estoques, não permitindo exportações, principalmente com o atraso no início da moagem. Ao invés de iniciarem em Outubro, a maioria das regiões começou a moagem em Novembro.
O mau tempo contribui para diminuir as perspectivas em relação à produção total da Índia. Dos 31,4Mt anteriores, revisamos para 30Mt, o que significa que o país poderá reestocar apenas 1Mt. Vale ressaltar, porém, que esses números consideram cerca de 3,5Mt de desvio para o etanol, valor inferior ao realizado em 22/23.

Figura 14: Exportações Totais - Índia ('000t exc. Refinarias Costeiras)

Fonte: ISMA,AISTA, hEDGEpoint

Tailândia

Figura 15: Balanço de Açúcar - Tailândia (Mt dez-nov) 

Fonte: Thai Sgar Millers, Sugarzone, hEDGEpoint

Nenhuma alteração foi feita em relação às nossas estimativas de cana e açúcar. A área de cana deverá cair cerca de 5,6% em 23/24, enquanto a área da mandioca continua em tendência ascendente.
Combinando expectativas climáticas, redução de área e sentimento de mercado, tudo aponta para menor disponibilidade: 70Mt de cana e 8,2Mt de açúcar.

Estas reduções afetam diretamente a disponibilidade de exportação. Combinado com a recente decisão do governo de tornar o açúcar um bem controlado, o mercado de adoçantes encontrou suporte.

Figura 16: Exportações Totais Tailândia ('000t)

Fonte: Thai Sgar Millers, hEDGEpoint

UE 27 e Reino Unido

Figura 17: Balanço de Açúcar - UE27+RU (Mt out-set)

Fonte: EC, Greenpool, hEDGEpoint

Nenhuma alteração foi feita em nossas estimativas para a temporada 23/24. Considerando pelo menos 1Mt de desvio para etanol, mas adicionando o Reino Unido, continuamos confiantes em uma produção de 15,5Mt. 
As condições meteorológicas foram positivas para o desenvolvimento da beterraba, mas as chuvas recentes podem perturbar o ritmo de colheita, sendo um fator chave a monitorar.

Outra questão que merece destaque são as importações, resultados menores sugerem fraqueza na reta final de 22/23.

México

Figura 18: Balanço de Açúcar - México (Mt out-set) 

Fonte: Conadesuca, Greenpool, hEDGEpoint

Como não houve sinais de melhora do clima, revisamos nossa produção para 4,95Mt em 23/24. Essa estimativa é ligeiramente inferior a divulgada pela Conadesuca de 5,18Mt. 
Ainda assim, entre um movimento lateral e uma queda marginal, uma coisa é certa: a seca prejudicou a disponibilidade do país e deverá afetar a sua participação no fluxo de comércio internacional.

É seguro dizer que o seu principal parceiro comercial, os EUA, vai precisar procurar outras origens através de seu regime de cotas com tarifas mais elevadas.

Figura 19: Exportações totais - México ('000t)

Fonte: Conadesuca, Greenpool, hEDGEpoint

EUA

Figura 20: Balanço de Açúcar -EUA (Mt out-set) 

Fonte: USDA, hEDGEpoint

De acordo com a NOAA, algumas regiões produtoras de cana, como Texas e Louisiana, tiveram um clima mais seco do que a média. 
A produção de açúcar na Louisiana, estado responsável por aproximadamente metade de toda a disponibilidade de cana no país, deverá enfrentar uma queda de quase 18%.

Esperamos que os efeitos da seca sejam mais fortes do que o indicado pelo USDA. Portanto, em vez de mais um ano de produção próxima de 8,3Mt, estimamos uma queda mais acentuada, para 8Mt, o que significa que o país precisará aumentar suas importações.

Guatemala

Figura 21: Balanço de Açúcar - Guatemala (MT out-set)

Fonte: Cengicaña, Sieca, Azucar.gt,Greenpool, hEDGEpoint

Olhando para o SPI (Índice Padronizado de Precipitação) de toda a região da América Central, o clima mais seco não parece ser uma exceção. Em geral, a maioria dos países produtores do Hemisfério Norte enfrentou adversidades climáticas.
A produção da Guatemala deverá ser inferior à de 22/23, atingindo apenas 2,4Mt. Esta redução considera a capacidade de irrigação do país, que se estima não estar em sua capacidade máxima, uma vez que a umidade do solo nos principais estados produtores é inferior à média.

Figura 22: Exportações Totais - Guatemala ('000t) 

Fonte: Sieca

El-Salvador

Figura 23: Balanço de Açúcar - El Salvador (Mt out-set)

Fonte: Consaa, Sieca, Greenpool, hEDGEpoint

Tal como noutros países do Hemisfério Norte, El Salvador também sofre com as adversidades climáticas do El Niño. 
A expectativa é que as secas impeçam a recuperação da produção, sendo o mesmo resultado de 22/23 o mais alto que podemos esperar.

A umidade do solo nos principais estados produtores também sugere que o sistema de irrigação de El Salvador não está operando em sua capacidade máxima. Tal como na Guatemala, o procedimento depende das águas subterrâneas.

Rússia

Figura 24: Balanço de Açúcar - Rússia (Mt set-out)

Fonte: Ikar, Sugar.ru, Greenpool, hEDGEpoint

Os dados mais recentes da Soyuzrossakhar mostram um aumento na produção de beterraba. 
De acordo com sugar.ru, cerca de 47,5 milhões de toneladas podem ser colhidas em 2023/24, com apenas uma redução marginal em sua produtividade. Levando em conta esses dois fatores, a agência elevou a estimativa atual de produção de açúcar para 6,85Mt.

Destas , cerca de 6,55Mt seriam produzidas diretamente a partir de beterraba, enquanto 220-250kt a partir de xarope e melaço. Revisamos nossos números de acordo, porém considerando o limite inferior das estimativas.

China

Figura 25: Balanço de Açúcar - China (Mt out-set)

Fonte:GSMN, CSA, Refinitiv, Greenpool, hEDGEpoint

Obs: os estoques consideram volume parado na alfândega e os volumes de importação totais (açúcar, xarope e contrabando estimado)

A China importou surpreendentes 920 kt de açúcar em outubro. Este volume representa um aumento de quase 77% em relação a 2022 e está acima do nível de 810kt registado em 2021, quando a arbitragem de importação estava extremamente favorável.
Simultaneamente, o país iniciou sua temporada 23/24, atingindo 370kt de açúcar produzidos, uma melhoria de 8,8% A/A. Essa tendência fortalece a expectativa de recuperação tanto da produtividade quanto da produção de açúcar.

Figura 26: Importações Totais - China ('000t exc. contrabando e xarope) 

Fonte: GSMM, hEDGEpoint

Figura 27: Produção Total - China ('000t)

Fonte: CSA, Refinitiv, Greenpool, hEDGEpoint

Inteligência de Mercado - Açúcar e Etanol

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

Mesa de Açúcar e Etanol

Murilo Mello
murilo.mello@hedgepointglobal.com

Etori Veronezi
etori.veronezi@hedgepointglobal.com

Gabriel Oliveira
gabriel.oliveira@hedgepointglobal.com

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