Atualização de O&D e Fluxo Comercial Global - 2024 08 20
Balanço Global de Açúcar e Fluxo Comercial
Estamos em um ponto crucial em que o mercado parece ter atingido seu ponto mais baixo. Em relatórios anteriores, destacamos 17,5 c/lb como um nível de suporte significativo, inferior a paridade de exportação indiana e com a arbitragem chinesa começando a se abrir nos estados produtores. Como resultado, esperamos que os preços se recuperem nas próximas semanas e se estabilize, dependendo do ritmo da safra do Centro Sul do Brasil.
Embora muito tenha sido falado sobre uma possível morte súbita da safra brasileira, é importante observar que o TCH da região continua robusto. Entretanto, quando comparamos com as temporadas anteriores, entendemos que podemos esperar uma correção mais acentuada na produtividade entre agosto e setembro. Dependendo da extensão dessa redução, talvez seja necessário revisar para baixo nossas estimativas de cana de 620 Mt. Por enquanto, optamos por manter nossos números inalterados até nova confirmação. Dito isso, mesmo que reduzíssemos a produção de açúcar da região para um valor entre 41,3 Mt e 40,5 Mt, ainda haveria um excedente, embora menos pronunciado, no fluxo comercial.
Esse aperto adicional pode reforçar o suporte já esperado para os preços do açúcar durante o período de entressafra do Centro Sul. Os preços precisariam retornar à paridade de exportação indiana, em pelo menos 18,5 c/lb. Considerando todos os fatores subjacentes, é razoável esperar que os preços voltem a 19 c/lb quando o TCH começar a mostrar sinais de fraqueza, com potencial para ultrapassar 20 c/lb durante a entressafra. Entretanto, continua sendo um desafio discutir níveis que se aproximem das máximas observadas em 2023.
Fonte: Hedgepoint
Fonte: Hedgepoint
Fonte: Hedgepoint
Fonte: Hedgepoint
Brasil CS
Fonte: Unica, MAPA, SECEX, Hedgepoint
Mantivemos nossos números inalterados, com uma queda esperada de 8,9% no TCH (toneladas de cana por hectare) em comparação com a última temporada. Essa projeção pressupõe um declínio mais acentuado no índice daqui para frente, semelhante ao observado na temporada 2016/17, o último ano impactado pelo El Niño. Dependendo do crescimento real da área para o próximo ano, que pode variar entre 2,5% e 4,5%, a produção total de cana deve ser entre 608 milhões de toneladas e 620 milhões de toneladas. De acordo com o relatório da Conab, o crescimento da área no Centro Sul para 2024/25 está projetado em 4,5%, sugerindo que a produção poderia se inclinar para a extremidade superior da faixa, mais perto de 620 milhões de toneladas, especialmente considerando volumes de cana bisada.
Com relação à qualidade da cana, uma tendência digna de nota é a maior concentração de açúcares redutores (RS), como glicose e frutose, no açúcar total recuperável (ATR). Isso foi relatado por muitas usinas e é uma das razões por trás do mix de açúcar mais baixo. Várias reduções nas expectativas do mix de açúcar foram observadas ao longo do ano e, com um mix projetado de 50,2% para a temporada, a produção de açúcar poderia variar entre 40,5 milhões de toneladas e 41,3 milhões de toneladas. Embora continuemos otimistas quanto a atingir o limite superior dessa faixa, é fundamental monitorar de perto os níveis de TCH.
Se a produção tender para a marca de 40,5 milhões de toneladas, poderemos ver um período de entressafra mais longo, o que pode dar algum suporte aos preços. No entanto, é importante observar que os fluxos comerciais ainda sugerem um excedente, mudando as discussões de um excedente de 1 milhão de toneladas entre o 3o trimestre de 2024 e o 3o trimestre de 2025 para algo mais próximo de 300 mil toneladas. Consequentemente, a faixa de preço poderia se ajustar de 17-19 centavos de dólar por libra-peso para 18-21 centavos de dólar por libra-peso, dependendo da duração do período de entressafra.
Figura 6: Exportações Totais - Brasil CS ('000t)
Fonte: SECEX, Williams, Hedgepoint
Figura 7: Estoque - Brasil CS ('000t)
Fonte: Unica,MAPA, SECEX, Williams, Hedgepoint
Brasil CS Etanol
Fonte: ANP, Bloomberg, Hedgepoint
A demanda por hidratado tem sido robusta durante os três primeiros meses da temporada. De acordo com dados da ANP, o etanol hidratado foi responsável por 37% da demanda total de combustível em junho (calculada com base no volume total, não no ciclo Otto), e essa participação tem sido consistentemente alta desde o início do ano, em grande parte atribuída à mudança da paridade na bomba em favor do etanol em julho passado. No entanto, por causa de um mix de açúcar abaixo do esperado - principalmente devido a problemas de qualidade - os preços do etanol não responderam tão fortemente quanto possível, oscilando em torno de 15 centavos de dólar por libra-peso.
Figura 9: Estoque Final de Anidro - Brasil CS ('000 m³)
Fonte: Unica, MAPA, ANP, SECEX, Hedgepoint
Figura 10: Estoque Final de Hidratado - Brasil CS ('000 m³)
Fonte: Unica, MAPA, ANP, SECEX, Hedgepoint
Brasil NNE
Fonte: MAPA, SECEX,Hedgepoint
Com a retomada das operações de algumas usinas, a região Norte-Nordeste (NNE) já produziu 78 mil toneladas (kt) de açúcar, registrando um aumento de mais de 25% em relação ao ano passado, quando a produção só começou em junho. Este ano, parte da cana foi processada já em abril e maio. No entanto, regiões importantes como Alagoas devem iniciar oficialmente sua safra 2024/25 somente na próxima semana.
Na frente de exportação, a região NNE manteve um forte impulso durante o período de entressafra, alcançando um crescimento de quase 25% entre abril e julho. De acordo com a SECEX, foram exportadas 603 kt de açúcar, sendo 458 kt de açúcar bruto e 144 kt de açúcar branco. Os EUA continuam sendo um parceiro comercial importante, recebendo cerca de 14% dessas exportações (ou aproximadamente 87 kt) em comparação com 16% (ou 67 kt) durante o mesmo período do ano passado.
Figura 12: Exportações Totais - Brasil NNE ('000t)
Fonte: SECEX, Hedgepoint
Índia
Fonte: ISMA,AISTA, Hedgepoint
No final de junho, a ISMA (Indian Sugar Mills & Bio-Energy Manufacturers Association) divulgou suas estimativas para a temporada de açúcar de 2024/25, que foram consideradas pelo mercado como otimistas. No início do ano, houve discussões sobre uma possível redução de 20% na área cultivada de cana, mas esse número foi revisado significativamente para uma redução de apenas 6%, com a área estimada em aproximadamente 5,61 milhões de hectares com base em imagens de satélite do final de junho de 2024.
Em seu comunicado à imprensa, a ISMA projetou a produção bruta de açúcar (antes do desvio) para a temporada 2024/25 em cerca de 33,3 milhões de toneladas. Depois de contabilizar um desvio de 5,5 milhões de toneladas, a produção líquida de açúcar seria de 27,8 milhões de toneladas. A agência também observou que, com um estoque inicial esperado mais alto, de cerca de 9 milhões de toneladas, e um consumo doméstico projetado em 29 milhões de toneladas, o país ainda terminaria a temporada com estoques mais altos do que o normal, excedendo a reserva requerida de 2,5 meses de consumo, 5,5 milhões de toneladas.
Embora tenhamos observado esses números, continuamos confiantes de que o país tem potencial para aumentar a produção. A cana continua sendo a cultura mais lucrativa do país, e a estação das monções apoiou o desenvolvimento da cana. A principal preocupação é o potencial de aumento da disseminação de doenças, especialmente a “red-hot”, e condições climáticas adversas no futuro. Apesar disso, mantivemos nossa estimativa de produção em 31,7 milhões de toneladas, quase 4 milhões de toneladas acima da projeção da ISMA, o que nos permite considerar 1,5 milhão de toneladas de exportações.
Figura 14: Exportações Totais - Índia ('000t exc. Refinarias Costeiras)
Fonte: ISMA,AISTA, Hedgepoint
Tailândia
Fonte: Thai Sgar Millers, Sugarzone, Hedgepoint
Desde o início da temporada 23/24, a Tailândia exportou aproximadamente 3,5 milhões de toneladas de açúcar, 35% a menos do que as 5,2 milhões de toneladas exportadas até o final de junho do ano passado. Esses números estão de acordo com as expectativas, pois a queda na produção de açúcar da Tailândia desencadeia uma redução igualmente acentuada nas exportações.
Figura 16: Exportações Totais Tailândia ('000t)
Fonte: Thai Sgar Millers, Hedgepoint
UE 27 e Reino Unido
Fonte: EC, Greenpool, Hedgepoint
México
Fonte: Conadesuca, Greenpool, Hedgepoint
A temporada de moagem 2023/24 do México terminou com a produção de açúcar atingindo aproximadamente 4,7 milhões de toneladas, alinhando-se com as expectativas, mas representando uma queda de 10% em relação à temporada anterior. Essa queda se deve principalmente a uma área de cultivo reduzida. Em comparação com a temporada 2022/23, a área diminuiu 7,8%, para 743 mil hectares, o que também é menor do que a estimativa inicial de 798 mil hectares. Além disso, a produtividade foi afetada pela seca do ano passado, caindo 2,3% para apenas 6,3 toneladas de açúcar por hectare.
Com relação à próxima temporada, as condições climáticas serão cruciais para avaliar o potencial de recuperação. De acordo com a Conagua, a precipitação nacional acumulada em julho de 2024 foi de 153,3 mm, 21,8% acima da média nacional (1991-2020) de 125,9 mm, resultando em um excedente de 27,4 mm. Durante o mês, a maior parte do país registrou chuvas acima da média, principalmente no Planalto Central, nas regiões oeste, nordeste e sul, com aumentos significativos em San Luis Potosí e Veracruz - principais estados produtores de açúcar. Isso é promissor para o desenvolvimento da cana, que, juntamente com o fato de que 2024 teve uma precipitação acumulada 5,9% maior em comparação com a média, nos permite esperar alguma recuperação.
Figura 19: Exportações totais - México ('000t)
Fonte: Conadesuca, Greenpool, Hedgepoint
EUA
Fonte: USDA, Hedgepoint
Nas Estimativas Mundiais de Oferta e Demanda Agrícola (WASDE) de agosto, as previsões de produção de açúcar dos EUA para as safras 2023/24 e 2024/25 aumentaram ligeiramente em relação ao mês anterior. Essa atualização se deve ao aumento das importações e à maior produção de açúcar de cana da Flórida na atual temporada, apesar de uma redução na produção de açúcar de beterraba. Para 2023/24, o uso total foi reduzido, resultando em estoques finais mais altos.
Como resultado, os EUA podem precisar de menos importações do que o previsto anteriormente. A agência estima as importações para 2024/25 em 2,6 milhões de toneladas métricas, uma redução de 20,5% em relação aos 3,3 milhões de toneladas métricas projetadas para 2023/24. Essa mudança pode indicar uma perspectiva mais baixista em termos de demanda.
Guatemala
Fonte: Cengicaña, Sieca, Azucar.gt,Greenpool, hEDGEpoint
Sem atualização: a Guatemala concluiu sua temporada de moagem com um crescimento de 4,5% em comparação com 2022/23, quando condições climáticas adversas afetaram a produção. Essa recuperação alimenta o otimismo com relação ao papel do país no comércio internacional. Espera-se que pelo menos 1,5 Mt sejam exportadas durante a atual temporada, 2023/24.
Em relação à temporada 2024/25, as previsões climáticas atuais indicam que a Guatemala manterá um nível de produção semelhante, mas o aumento dos estoques sugere um maior potencial de exportação.
Figura 22: Exportações Totais - Guatemala ('000t)
Fonte: Sieca
El Salvador
Fonte: Cengicaña, Sieca, Azucar.gt,Greenpool, Hedgepoint
Sem atualização: entre Nicarágua, Guatemala e El Salvador, este último registrou o pior resultado em relação ao ano anterior. Produzindo apenas 754 kt, o país enfrentou uma queda de 4% em relação a 2022/23. Para a temporada 2024/25, as previsões climáticas atuais sugerem uma recuperação. O país pode voltar ao nível de 780 kt no próximo ano, mantendo as exportações estáveis. No entanto, isso permanece aproximadamente 50 kt abaixo de sua capacidade alcançada em 2019/20.
Russia
Fonte: Ikar, Sugar.ru, Greenpool, Hedgepoint
De acordo com dados da Soyuzrossakhar até 1º de agosto, a qualidade da beterraba diminuiu em comparação com a temporada passada. Em média, o peso da beterraba diminuiu 12%, enquanto o peso das folhas caiu 37%. No entanto, o teor de sacarose aumentou em 2,3%, chegando a 13,2%.
Apesar desses contratempos, a região inicial da colheita continua sendo uma das mais afetadas e, portanto, ainda há potencial para atingir uma produção total de açúcar de 6,3 milhões de toneladas, incluindo açúcar bruto e xarope.
China
Fonte:GSMN, CSA, Refinitiv, Greenpool, Hedgepoint
Obs: os estoques consideram volume parado na alfândega e os volumes de importação totais (açúcar, xarope e contrabando estimado)
Figura 26: Importações Totais - China ('000t exc. contrabando e xarope)
Fonte: GSMM, Hedgepoint
Figura 27: Produção Total - China ('000t)
Fonte: CSA, Refinitiv, Greenpool, Hedgepoint
Inteligência de Mercado - Açúcar e Etanol
Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
Mesa de Açúcar e Etanol
Murilo Mello
murilo.mello@hedgepointglobal.com
Vipul Bhandari
vipul.bhandari@hedgepointglobal.com
Gabriel Oliveira
gabriel.oliveira@hedgepointglobal.com
Etori Veronezi
etori.veronezi@hedgepointglobal.com
José Torreão
jose.torreão@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
Aviso legal
Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente com fins informativos e instrucionais, não tendo o propósito de estabelecer obrigações ou compromissos à terceiros, nem a intenção de promover uma oferta, ou solicitação de oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários, futuros, opções, moedas e swap ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral do HPGM, é uma Introducing Broker e um membro registrado do National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swap envolve riscos significativos de perdas e pode não ser adequado para todos os investidores. Performance anterior não é necessariamente indicativo de resultados no futuro. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e em consultores externos antes de entrar em qualquer transação que seja introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados expressamente não se responsabiliza por qualquer uso das informações contidas neste documento que resulte direta ou indiretamente em danos ou prejuízos de qualquer tipo. Em caso de questionamentos não resolvidos por nossa equipe de atendimento ao cliente (client.services@hedgepointglobal.com), contate nosso canal de ombudsman interno (ombudsman@hedgepointglobal.com) ou 0800-878 8408/ouvidoria@hedgepointglobal.com (somente para clientes no Brasil).
Fale conosco
-
hedgepointhub.support@hedgepointglobal.com
-
hedgepointhub.ouvidoria@hedgepointglobal.com
-
Rua Funchal, 418, 18º andar - Vila Olímpia São Paulo, SP, Brasil