Oct 23 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2023 10 23

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"Do lado dos fundamentos, é possível dizer que pouca coisa mudou. O Brasil está entrando na estação chuvosa e, naturalmente, pode enfrentar algum estresse no carregamento e exportação do açúcar. Mas, além do Brasil, da Índia e da Tailândia, é importante discutir outra região que contribuiu para o lado altista da equação: a América do Norte e Central."

Um pouco da América do Norte e Central

  • O açúcar bruto permanece sustentado, com as chuvas no Centro-Sul e a extensão do período de restrição às exportações na Índia contribuindo para esta tendência. No entanto, o adoçante enfrentou correções na sexta-feira, pouco depois de o governo brasileiro anunciar cortes nos preços domésticos da gasolina, uma notícia baixista para o etanol.

  • O El Niño interrompeu as chuvas no México, afetando o crescimento da cana-de-açúcar, especialmente em Jalisco e San Luis Potosi, levando expectativa de disponibilidade limitada no país.

  • O estado de Louisiana deve sofrer uma queda significativa (18%) na disponibilidade de cana-de-açúcar devido à seca, impactando o mercado de açúcar dos EUA, embora a Flórida e os estados produtores de beterraba tenham sido menos afetados.

  • Os países da América Central, incluindo a Guatemala e El Salvador, enfrentaram condições de seca, afetando sua produção.
Os contratos de açúcar bruto permaneceram sustentados durante a semana passada. Notícias como as chuvas no Centro-Sul e o governo da Índia estendendo a proibição de exportação, adicionadas à força dos preços do petróleo, ajudaram o açúcar a permanecer perto de 27 USc/lb, embora tenha havido uma correção em seu último pregão. O prolongamento do conflito no Oriente Médio alarmou o mercado, levantando preocupações de que a guerra possa evoluir para uma crise regional mais ampla. Dada a proximidade de vários países exportadores de petróleo de Israel e da Palestina, existe o risco de perturbações no fornecimento global de petróleo. Esta visão da força ao complexo energético, que se reflete diretamente no quadro de commodities, contrabalançando a maior percepção de risco e dando aos fundos outra razão, além da perspectiva do déficit, para permanecerem comprados.
Figura 1: WTI (USd/bbl) versus Açúcar (USc/lb)
Figura 2: Posicionamento especulativo ('000 lotes)

Fonte: Refiinitiv, hEDGEpoint

Fonte: CFTC, hEDGEpoint

Do lado dos fundamentos, é possível dizer que pouca coisa mudou. O Brasil está entrando na estação chuvosa e, naturalmente, pode enfrentar algum estresse no carregamento e exportação do açúcar. O governo brasileiro, por outro lado, reduziu ainda mais os preços da gasolina, dificultando o repasse da volatilidade internacional ao mercado interno. Mas, além do Brasil, da Índia e da Tailândia, é importante discutir outra região que contribuiu para o lado altista da equação: a América do Norte e Central.

Figura 3: IPS do México por 6 meses (abril – setembro)

Fonte: Conagua, SMN

A secura também é um tema quente nos EUA. A Louisiana, responsável por quase metade da produção total de cana-de-açúcar do país, foi fortemente penalizada pela falta de chuvas. Segundo o USDA, a disponibilidade de cana no estado deverá enfrentar uma queda de aproximadamente 18% em 23/24. No entanto, tanto a Flórida como os principais estados produtores de beterraba sofreram pouco, permitindo que as estimativas de produção total de açúcar permanecessem acima de 8Mt.

Figura 4: IPS dos EUA por 6 meses (abril – setembro)

Fonte: NOAA

A secura também é um tema quente nos EUA. A Louisiana, responsável por quase metade da produção total de cana-de-açúcar do país, foi fortemente penalizada pela falta de chuvas. Segundo o USDA, a disponibilidade de cana no estado deverá enfrentar uma queda de aproximadamente 18% em 23/24. No entanto, tanto a Flórida como os principais estados produtores de beterraba sofreram pouco, permitindo que as estimativas de produção total de açúcar permanecessem acima de 8Mt.

Segundo a última atualização da agência, o país deve fazer uso de seus estoques durante 23/24, passando de uma relação estoque/uso de 15,6% estimada para 22/23 para 12,3%.

Examinando o IPS para toda a região centro-americana, torna-se evidente que o clima seco é uma tendência predominante. Em relação à Guatemala e El Salvador, pode-se antecipar que os seus níveis de produção permanecerão comparáveis ​​aos da colheita anterior, em 2,5Mt e 0,8 kt, respetivamente. No cenário mais otimista, em termos de volume produzido, um aumento marginal pode ser plausível, dependendo das suas capacidades de irrigação. No entanto, olhando para os níveis de umidade do solo atuais, torna-se extremamente difícil acreditar nessa possibilidade.

Figura 5: IPS da América Central por 6 meses (abril – setembro)

Fonte: NOAA

Os principais estados produtores de cana da Guatemala, como Escuintla, Santa Rosa e Scuhitepequez, enfrentam baixo nível de precipitação e redução da humidade do solo, o que limita uma possível recuperação da produção de açúcar. A mesma tendência pode ser observada em El Salvador. La Libertad, um dos maiores estados produtores de açúcar, tem a umidade do solo mais baixa em 5 anos.
Figura 6: Umidade do solo em Escuintla Guatemala (mm no solo entre 0-1,6m)
Figura 7: Umidade do solo em La Libertad El Salvador (mm no solo entre 0-1,6m)

Fonte: Refinifiv, hEDGEpoint

Fonte: Refinifiv, hEDGEpoint

Desconsiderando a região da Europa Ocidental e Oriental, a maioria dos países produtores de açúcar do Hemisfério Norte enfrentaram condições climáticas adversas. Combinados, eles são o principal fator que compensa a excelente safra do Brasil.

Em resumo

Resumo
O mercado global de açúcar registou certo suporte na semana passada devido a vários fatores, incluindo as chuvas no Centro-Sul e a extensão da proibição de exportação da Índia, juntamente com os fortes preços do petróleo.

O México, que enfrenta o seu segundo ano de adversidades climáticas, deverá produzir cerca de 5,2Mt, limitando a sua participação no fluxo comercial global. Nos EUA, a produção de cana-de-açúcar da Louisiana foi severamente afetada pela seca, levando o USDA a estiamar uma queda de 18% em seu volume de cana, enquanto a Florida e estados produtores de beterraba deverão manter níveis de produção mais elevados. Países da América Central como a Guatemala e El Salvador também sofrem com a redução da humidade do solo, dificultando a recuperação da produção de açúcar.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Victor Arduim
victor.arduim@hedgepointglobal.com

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