Oct 30 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2023 10 30

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"A dependência global da produção de açúcar do Centro-Sul, juntamente com os baixos estoques nas principais origens e os desafios climáticos, continuam oferecendo suporte aos preços do adoçante. A maximização do açúcar no Brasil ganha força dado os investimentos realizados na capacidade de cristalização e na estagnação dos preços do etanol."

Etanol perde correlação com o complexo energético

  • O sentimento altista do mercado e as interrupções em Santos contribuíram para que os preços do açúcar permanecessem entre 27-27,6 Usc/lb durante a semana.

  • Há um consenso sobre o potencial do Brasil para fornecer volumes recordes de açúcar se as condições climáticas cooperarem.

  • O conflito no Médio Oriente, os cortes na oferta da OPEP+ e a redução das reservas estratégicas dos EUA levaram a um aumento nos preços do petróleo. O cenário internacional altista não impactou o mercado Brasileiro de combustíveis devido ao compromisso do governo em manter os preços nas bombas reduzidos e à maior disponibilidade de matéria-prima.

  • O aumento da quantidade de cana e milho levou a um incremento anual de 11,5% na produção de anidro e 9% de hidratado durante a temporada, apesar da maximização do açúcar por parte das usinas.
Com uma semana bastante monótona, os preços do açúcar conseguiram recuperar as perdas e ficar entre 27-27,6 Usc/lb. As razões incluem tanto o tom altista dado na “sugar week” como as chuvas que atrapalharam o carregamento no porto de Santos. Alguns consensos parecem se consolidar no mercado. O primeiro é a noção de que o mundo é altamente dependente da produção do Centro-Sul, especialmente devido aos menores estoques nas origens e às adversidades climáticas, o que acrescenta ainda mais suporte ao adoçante. O segundo é que o Brasil realmente tem potencial para continuar fornecendo volumes recordes, é claro, se o clima cooperar.

E por fim, temos a expectativa de que o Brasil continuará maximizando a produção de açúcar. Aliás, muitas usinas têm investido no processo de cristalização, permitindo previsões otimistas de oferta de açúcar para 24/25. Em contra partida, o etanol parece esquecido pelo mercado.

Figura 1: Estoque final nas principais origens

Fonte: hEDGEpoint

Os preços do biocombustível continuam pagando menos que os do adoçante e devem continuar assim. É claro que o conflito entre Israel e a Palestina contribuiu para o recente aumento de preços do complexo energético que, combinado com a estratégia da OPEP+ de cortar a sua oferta durante 2023 e uma diminuição nas reservas estratégicas dos EUA, determinou o cenário perfeito para a manutenção desta tendência.

Figura 2: Impacto dos cortes da OPEP+ nos estoques de petróleo dos EUA

Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint

Curiosamente, o aumento dos preços da energia no mercado internacional não impactou o mercado interno brasileiro de combustíveis. Isto pode ser atribuído ao compromisso do governo com a redução dos preços na bomba, o que evita que a volatilidade internacional atinja o país de forma abrupta.

Desde o anunciado “fim do PPI” em maio de 2023, os preços do etanol sofreram uma dissociação dos preços internacionais do petróleo, com a paridade de importação fechada durante a maior parte do período. Nota-se, ainda, que a correlação entre petróleo bruto e etanol hidratado entre janeiro de 2020 e maio de 2023 foi de 80%, enquanto de maio de 2023 até esta data a relação não só diminuiu como se inverteu, atingindo -67%.

Figura 3: Fim do PPI e quebra de correlação entre hidratado e petróleo

Fonte: Bloomberg, hEDGEpoint

Portanto, mesmo que possa reagir à volatilidade acrescentada pelo conflito no Médio Oriente, o biocombustível não deverá superar o adoçante. Outra razão para isso é o efeito spillover do petróleo, que desencadeia um suporte a todo o quadro das commodities ao afetar diretamente suas cadeias de produção. Com o açúcar não é diferente e, somado à escassez de disponibilidade que seu mercado tem enfrentado, o complexo energético oferece suporte adicional ao seu preço.

Figura 4: Paridade entre açúcar e etanol hidratado (USc/lb)

Fonte: Bloomberg, hEDGEpoint

Lembre-se de que os preços do etanol também não estão reagindo à maior procura por combustível: a disponibilidade não é um problema no mercado interno. Embora as usinas estejam maximizando o açúcar, a produção de etanol também está prosperando. O aumento de volume de matéria-prima, cana e milho, permitiu um crescimento anual de 11,5% na produção de anidro até o momento, com o hidratado não muito atrás, adicionando 9% durante a safra. Esse maior volume é responsável por manter os estoques estáveis ​​mesmo com a expectativa de alta de 5,6% no Ciclo Otto do Centro Sul, não dando motivos para qualquer reação dos preços do biocombustível.

Em resumo

Os preços do açúcar estabilizaram em 27-27,6 Usc/lb. A dependência global da produção de açúcar do Centro-Sul, juntamente com os baixos estoques nas principais origens e os desafios climáticos, continuam oferecendo suporte aos preços do adoçante. A maximização do açúcar no Brasil ganha força dado os investimentos realizados na capacidade de cristalização e na estagnação dos preços do etanol.

Apesar dos recentes aumentos globais nos preços do petróleo, o mercado de combustíveis do Brasil permaneceu estável devido ao compromisso do governo com preços mais baixos e estoques confortáveis.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Pedro Schicchi
pedro.schicchi@hedgepointglobal.com

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