Nov 13 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2023 11 13

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"O Brasil está de volta ao jogo, com rendimentos acima da média histórica recente, expansão de área e investimentos em cristalização. É claro que sua infraestrutura poderá impor algumas restrições, mas é difícil imaginar que o setor deixaria passar a oportunidade, especialmente considerando a recente disparidade de preços entre o adoçante e o etanol. "

Brasil está de volta ao jogo!

  • Atingindo o nível de 28 c/lb, o açúcar bruto aproveitou a recente mudança no sentimento macro e os congestionamentos portuários no Brasil.

  • O mercado de açúcar está cada vez mais dependente do Brasil, a boa notícia é que a expectativa é que o país continue avançando e alcançando excelentes resultados.

  • A produtividade da cana em 23/24 é o principal motivo dos excelentes resultados da região, ultrapassando a média da história recente e aproximando-se dos níveis de 08/09.

  • A disparidade de preços entre o adoçante e o etanol – atualmente em 13USc/lb ou mais de 290 USD/t – também apoia a decisão das usinas em maximizar o adoçante, além de criar incentivos para investimentos tanto na cristalização como em infraestrutura.

  • Para 24/25, o consenso de mercado sugere excelentes resultados no Centro-Sul, nossa visão preliminar contabiliza uma produção superior a 42Mt e exportações próximas de 33,5Mt. Mas ainda há muito para desvendar.
O mercado de açúcar está cada vez mais dependente do Brasil, a boa notícia é que o país deverá continuar avançando e alcançando excelentes resultados. Mas antes de nos aprofundarmos nos números e expectativas para o país, é importante discutir os movimentos de preços da última semana.

Começou com os preços do açúcar atingindo o maior nível em 12 anos, apoiados por interrupções nas exportações do Centro-Sul (CS) causadas por congestionamentos portuários e chuvas. No entanto, o Brasil ainda negocia com desconto – muito próximos de zero, é verdade ​​– o que significa que as origens ainda não estão totalmente sob a influência da escassez do Hemisfério Norte. É claro que, à medida que nos aproximamos do verão brasileiro e, portanto, da época em que as usinas são forçadas a reduzir o ritmo e a cana se torna mais escassa, os preços poderão encontrar ainda mais suporte.

Figura 1: O açúcar aproveitou o suporte ao seu mercado

Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint

Ao atingir o nível de 28c/lb, o açúcar bruto também aproveitou a recente mudança no sentimento macro. O discurso conciliatório proferido por Powell após a decisão do Fed de manter a taxa de juros estável ofereceu ainda mais suporte à commodity, ao induzir uma forte correção no índice do dólar. Mesmo com este quadro, o açúcar não conseguiu sustentar os seus ganhos, corrigindo-se para 27,2c/lb na sexta-feira.

Foi, portanto, uma semana volátil e o CS continua a ser um dos temas mais relevantes e baixistas.

A produtividade da cana no período (23/24) é o principal motivo dos excelentes resultados da região, ultrapassando a média da história recente e se aproximando dos níveis de 08/09. Não só isso, mas também se espera que a área aumente. Ambos são temas bem explorados, que, aliados à excelente qualidade da cana até o momento – apesar da precipitação mais próxima da média – permitem que o Brasil seja a maior força baixista do mercado.

Figura 2: O Brasil é o principal fator baixista: sua produtividade deve superar a média

Fonte: UNICA, Conab, hEDGEpoint

país de escoar o adoçante. O congestionamento portuário está aumentando e o prêmio do físico está começando a reagir, mas isso não significa que o Brasil não tenha produto, pelo contrário, o açúcar está esperando para chegar ao mercado internacional. Portanto, o país deve adiar o início dos efeitos da escassez no Hemisfério Norte, fornecendo mais de 30Mt de exportações durante 23/24.

Sabe-se que as chuvas recentes já são benéficas para a próxima safra de açúcar. Até agora, as perspectivas parecem estar a favor da região. Mesmo se assumirmos que haverá alguma retração no TCH, mais chuvas podem tanto impulsionar o desenvolvimento da cana, quanto induzir um volume maior de cana bisada, aumentando a expectativa de volume de matéria-prima para 24/25.

Figura 3: Balanço Brasileiro de Açúcar CS (Mt tq)

Fonte: UNICA, SECEX, Williams, MAPA, hEDGEpoint

A disparidade de preços entre o adoçante e o etanol – atualmente em 13USc/lb ou mais de 290 USD/t – também endossa a decisão das usinas. Não só se espera que o açúcar continue a ser a alternativa mais lucrativa, mas os resultados do 23/24 induziram investimentos na capacidade de cristalização, ao mesmo tempo que tornaram explícita a necessidade de investir em infraestrutura – e o setor não deixará esta oportunidade passar.

Para 24/25, embora cedo para afirmar, o consenso do mercado parece apontar para excelentes resultados. Até o momento, esperamos que o Centro Sul seja capaz de produzir mais de 42Mt e exportar cerca de 33,5Mt. Isto significa que uma forte tendência de alta poderá durar pouco, especialmente se o impacto do El Niño no Hemisfério Norte permanecer restrito a sua safra 23/24. No entanto, devemos permanecer cautelosos, uma vez que a demanda global deve continuar a sua trajetória de expansão e qualquer ocorrência de clima adverso pode levar o mercado à escassez.

Figura 4: Fluxos comerciais globais (‘000tq)

Fonte: Green Pool, hEDGEpoint


Em resumo

O Brasil está de volta ao jogo, com rendimentos acima da média histórica recente, expansão de área e investimentos em cristalização. É claro que sua infraestrutura poderá impor algumas restrições, mas é difícil imaginar que o setor deixaria passar a oportunidade, especialmente considerando a recente disparidade de preços entre o adoçante e o etanol. Podemos esperar que, dado que a cana tenha condições favoráveis ao seu desenvolvimento, o Brasil deverá maximizar sua participação no mercado internacional também em 24/25.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Natália Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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