Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2024 01 08
24/25 será menor, mas não uma quebra
- As chuvas decepcionantes de dezembro e as temperaturas mais altas levaram a uma queda significativa na umidade do solo nas principais regiões produtoras de cana, aumentando as preocupações quanto ao TCH (toneladas de cana por hectare) na próxima temporada.
- Revisamos nossas estimativas para as safras 23/24 e 24/25. Com o clima mais seco do último mês, é plausível que a safra 23/24 acabe moendo toda a matéria-prima disponível, atingindo o nível de 651,5 Mt.
- Enquanto isso, os preços recuperaram parte do terreno perdido após a queda significativa no mês passado, impulsionados por revisões para baixo da safra 24/25 do Centro Sul. A falta de chuvas reduziu a expectativa de cana bisada e aumentou a queda esperada para o TCH. Portanto, revisamos para baixo a disponibilidade de cana de 640Mt para 620Mt. Impactando diretamente a produção de açúcar.
- Entretanto, mesmo com uma redução na produção total da temporada 24/25, o Brasil continua sendo o principal componente de baixa. O país pode resolver os fluxos comerciais por conta própria, simplesmente aumentando as exportações durante a ausência do Hemisfério Norte, o que se mostrou uma realidade nos últimos dois meses.
Figura 1: Média da umidade do solo em São Paulo (mm entre 0-1,6 m)
Fonte: Refinifiv, hEDGEpoint
Figura 2: Dias perdidos por quinzena no CS (número de dias considerando um limite de 5 mm)
Fonte: Bloomberg, hEDGEpoint
Como resultado direto, as 640Mt estimadas anteriormente para 24/25 já foram reduzidas em 5Mt por conta da cana bisada, para 635Mt. Mas essa não foi a única revisão que fizemos.
Figura 3: Estimativas de área e TCH
Fonte: UNICA, Conab, hEDGEPoint
Figura: Moagem por quinzena (Mt)
Fonte: UNICA, hEDGEPoint
É claro que há riscos. Nossas estimativas mostram que há uma faixa viável entre 611Mt e 635Mt, dependendo estritamente do clima dos próximos meses. Se o clima for extremamente seco e quente, a produtividade da cana pode cair e levar a produção de açúcar para perto de 41 milhões de toneladas, o que provocaria algum aperto no T2/24. Enquanto isso, se as chuvas forem abundantes entre janeiro e março, poderemos ver alguma recuperação, elevando o excedente do 3T/24 e do 4T/24 a níveis mais altos e até mesmo criando algum volume de bisada.
Portanto, o monitoramento rigoroso das condições climáticas é essencial, principalmente para decifrar as tendências de preços. O Brasil continua sendo a principal influência de baixa e é provável que continue nesse papel. Apesar do possível suporte de curto prazo aos preços devido à escassez, é fundamental reconhecer que a situação geral não é tão grave quanto se previa anteriormente. Os fluxos comerciais sugerem uma perspectiva mais equilibrada para o 4T/23 e o 1T/24, indicando que uma faixa de 20.5-22.5c/lb parece ser o novo normal. Os traders precisarão empregar estratégias criativas se quiserem ultrapassar esse intervalo.
Figura 6: Sazonalidade das exportações totais da CS vs. fluxos comerciais totais ('000t)
Fonte: SECEX, Williams, Green Pool, hEDGEPoint
Em resumo
Relatório Semanal — Açúcar
Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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