Jan 29 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2024 01 29

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"O mercado, buscando motivos para subir, conta com o apoio sazonal da demanda e rumores, enquanto o Brasil continua forte."

Buscando motivos para subir

  • O mercado de açúcar tem registrado maior volatilidade devido a uma mudança nos fundamentos em direção a um cenário mais equilibrado. Andar em corda bamba faz com que cada nova informação seja um possível gatilho para os preços, mesmo quando não se trata de um movimento fundamentalista.

  • A alta tomou a dianteira. O anúncio do governo indiano contemplando um possível aumento de 8% no preço mínimo da cana (FRP) para 2024/25 influenciou os preços. Isso, juntamente com as expectativas de condições mais secas do que a média no verão do Centro Sul, contribuiu para o aumento dos preços.

  • No entanto, o Brasil demonstrou sua força com uma moagem robusta e um mix de açúcar elevado durante a primeira quinzena de janeiro, levando a uma queda nos preços abaixo de 24c/lb.

  • O mercado, buscando motivos para subir, conta com o apoio sazonal da demanda e rumores, enquanto o Brasil continua forte.
A volatilidade do mercado de açúcar tem experimentado níveis elevados desde a mudança dos fundamentos para um cenário mais equilibrado. Conforme discutido em relatórios anteriores, um pequeno superávit ou déficit pode ser comparado a andar em uma corda bamba, com os preços suscetíveis a movimentos baseados nas forças predominantes. Na semana passada, o sentimento de alta tomou a dianteira.

Embora não tenham sido impulsionados por fatores fundamentais, os preços testaram o nível de 24,6 c/lb após o anúncio do governo indiano de que está contemplando um aumento de 8% no preço mínimo da cana pago pelas usinas em 2024/25, conhecido como Preço Justo e Remuneratório (FRP). Normalmente, o governo estabelece o FRP alguns meses antes do início da nova safra, mas, neste ano, um pode ser antecipado em uma tentativa de aumentar a disponibilidade de açúcar no país. Esse anúncio, combinado com as previsões de condições mais secas do que a média no verão do Centro Sul, serviu como um fator de alta.

Figura 1: Preços do açúcar bruto (c/lb)

Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint

É importante observar que ainda não se chegou a uma decisão final em termos do FRP, enquanto nossas estimativas para o Brasil, 620 Mt de cana em 24/25, já levam em conta o clima menos favorável que induz a uma redução de 6% no TCH.

Figura 2: 24/25 está longe de ser uma quebra

Fonte: hEDGEPoint

Na quinta-feira foi a vez dos baixistas. O relatório da Unica lembrou ao mercado que o Brasil é uma força da natureza. Com uma moagem robusta de 1,1 Mt de cana durante a primeira quinzena de janeiro e um mix de açúcar de 34,2%, a região está mais perto de atingir 651 Mt, especialmente com algumas usinas anunciando um início antecipado para 24/25. Os preços voltaram a ficar abaixo de 24c/lb.

Além disso, na semana passada, embora percebidos por alguns como altistas, os números de moagem da Índia divulgados pela ISMA não só estavam dentro das expectativas, como também reduziram a diferença observada até dezembro. No final do mês passado, a discrepância entre a safra 23/24 e a 22/23 era de 7%. Somando a primeira quinzena de janeiro, essa diferença caiu para 5,3%. A associação acrescentou que as condições climáticas recentes foram positivas para a safra atual, levando os comissários de cana em estados importantes como Uttar Pradesh, Maharashtra e Karnataka a revisar para cima suas estimativas de produção de açúcar para a temporada 23/24 em 5% a 10% cada. Isso nos deixa ainda mais confortáveis em manter nossas estimativas de produção de açúcar inalteradas em quase 32 Mt.

Entretanto, esse aumento esperado na disponibilidade levou a ISMA a solicitar ao governo indiano um desvio adicional de 1-1,2Mt de açúcar para o etanol. Se permitido, isso poderia afetar negativamente nossas estimativas, mas observe que isso não mudaria o cenário de ausência de exportações.


Figura 3: Balanço de açúcar da Índia (Mt tq - out-set)

Fonte: ISMA, AISTA, hEDGEpoint

Portanto, pouco mudou em termos de fundamentos. Parece que o mercado está procurando um motivo para subir, contando com o apoio sazonal da demanda, evidenciado pelo aumento dos prêmios do físico em Santos, e dos anúncios ainda incertos. Enquanto isso, o Brasil continua sendo um forte fornecedor, com nomeações robustas de quase 3Mt até 24 de janeiro, aumentando o tempo de espera nos portos.

Figura 4: Prêmio do físico de Santos - Prompt (Usc/lb)

Fonte: Refinitiv, Green Pool, hEDGEPoint


Em resumo

A semana passada foi marcada por uma força de alta que atingiu seu pico na quarta-feira, quando o governo indiano anunciou que estava considerando aumentar o FRP. No entanto, pouco mudou em termos de fundamentos. De fato, o mercado permanece em um equilíbrio apertado. Enquanto consideramos um pequeno superávit, outras casas contam com um pequeno déficit, mas o resultado final é o mesmo: o aperto induz à volatilidade. Qualquer notícia ou rumor pode desencadear movimentos de preços de curta duração. Compreender a realidade por trás dos fundamentos é essencial para entender quando esses movimentos durarão. No momento, o Brasil está fazendo o que esperávamos: exportando o mais rápido e o máximo que pode para suprir a ausência do Hemisfério Norte. Ninguém disse que seria fácil, o prêmio do físico mostra isso, mas é viável e está acontecendo

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Natália Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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