Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2024 02 12
Quão ruim está clima no Centro Sul?
- O clima continua sendo um fator fundamental no mercado de açúcar, com as recentes condições adversas no Hemisfério Norte contribuindo para o suporte do mercado.
- Nossos modelos sugerem uma redução potencial de 6% na produção de cana da região Centro Sul do Brasil para a temporada 24/25, podendo cair de quase 655 Mt para 620 Mt, embora as tendências históricas possam levar essa redução para 7,2%.
- Ainda que as chuvas tenham melhorado na primeira quinzena de janeiro, a segunda metade do mês não conseguiu compensar a queda da umidade do solo de dezembro, principalmente em regiões como Ribeirão Preto. No entanto, algumas áreas como São José do Rio Preto, Araçatuba e Bauru apresentaram condições mais favoráveis, mitigando as preocupações até certo ponto.
- Os fundos estão aguardando em silêncio a próxima grande notícia, e o clima pode ser exatamente o que eles estão esperando. Temos muito a monitorar, desde uma possível formação do La Niña até o desenvolvimento da cana da safra 24/25 do Brasil.
O clima sempre desempenhou um papel importante no mercado de açúcar. Seu impacto foi fundamental nos últimos dois ou três anos, especialmente após a significativa quebra de safra do Brasil em 2021-2022. Mais recentemente, as condições climáticas adversas no Hemisfério Norte reforçaram o suporte do mercado. O nível de 23,8 c/lb observado no início de fevereiro para o açúcar bruto é cerca de 40% mais alto do que a média de 23 anos considerando o mesmo período. Para o açúcar branco, a diferença é maior: os preços estão atualmente 45% mais altos. Isso deixa explícito que o mercado está navegando em um cenário muito mais apertado, com maior demanda e interrupções no fornecimento. Nesse contexto, torna-se essencial compreender os efeitos do clima sobre a disponibilidade futura.
Figura 1: Estimativa de dias perdidos (nº de dias)
Fonte: Bloomberg, hEDGEpoint
Embora as chuvas tenham melhorado durante a primeira metade de janeiro, a segunda metade apresentou um resultado contrastante, levando a um desempenho insuficiente no mês para contrabalançar a diminuição da umidade do solo observada em dezembro. Pelo menos em algumas regiões.
Figura 2: São Paulo - umidade do solo media nas áreas de cana (mm no solo de 0-1,6m)
Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint
Figura 3: Precipitação acumulada Ribeirão Preto (mm)
Fonte: Bloomberg, hEDGEpoint
Figura 4: Precipitação acumulada São José do Rio Preto (mm)
Fonte: Bloomberg, hEDGEpoint
Portanto, algumas regiões foram mais afetadas do que outras e, em geral, a umidade do solo não é animadora. No entanto, o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) da região, que mede a capacidade da planta de absorver a luz solar, melhorou durante o mês. Esse índice é muito usado para medir e monitorar a saúde das plantas, pois as culturas que têm uma melhor absorção da luz solar durante os estágios iniciais de desenvolvimento podem melhorar a produtividade.
Figura 5: Anomalia de NDVI
Fonte: USDA
Em resumo
O mercado de açúcar responde ao clima. Os fundos estão aguardando slienciosamente a próxima grande notícia, e o clima pode ser exatamente o que eles precisam para tornar a se posicionar: seja de forma altista ou baixista. Temos muito a monitorar, desde uma possível formação de La Niña até o desenvolvimento da cana da safra 24/25 do Brasil. Com relação a este último, ainda é cedo para mudar nossa redução original de 6% na produtividade da cana: a precipitação foi "ok" até novembro, e a seca de dezembro e janeiro foi dispersa. Os níveis de NDVI não representam uma ameaça, mas fevereiro e março, se também forem mais secos, podem ser a faísca que os traders altistas estão esperando para tentar arrastar os preços um pouco mais pra cima.
Relatório Semanal — Açúcar
Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por Natália Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com
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