Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2024 03 25
O impacto da China no mercado de açúcar
- Dados recentes indicam melhora na economia chinesa, com sinais de saída das tendências deflacionárias e metas fiscais ambiciosas definidas para 2024.
- Apesar dos desafios, é necessário ter cautela com o otimismo em relação ao crescimento econômico na China, com o sentimento do mercado sugerindo uma perspectiva otimista para o país até 2024, o que pode apoiar os preços do açúcar.
- A influência da China no mercado tem sido notável, estabelecendo um piso ao preço do adoçante em 20,5 c/lb.
- A queda de preços ocorrida em dezembro criou condições favoráveis para as regiões não produtoras, levando a uma atividade de compra significativa e a importações chinesas acima do esperado em janeiro e fevereiro, apesar dos altos volumes de importação anteriores. Esse comportamento ressalta a importância de se considerar as disparidades regionais de preços em vez de se basear apenas na paridade ZCE.
Dados recentes indicam uma perspectiva mais otimista para a economia chinesa, com sinais de saída das tendências deflacionárias, pelo menos temporariamente. O governo delineou metas fiscais ambiciosas para 2024, e os números iniciais do comércio para 2024 mostram resultados positivos. Entretanto, persistem desafios significativos, ressaltando a necessidade de se manter a cautela. A gestão eficaz do déficit fiscal e a restauração da confiança no setor privado são cruciais para um crescimento econômico sustentável na China. No entanto, não pretendemos discutir as tendências econômicas chinesas mais a fundo neste relatório, basta entender que o mercado está precificando um quadro mais otimista para o gigante asiático em 2024, e isso pode dar ainda mais suporte ao açúcar. (Para obter mais informações sobre a situação do país, consulte nosso relatório de macro divulgado em 21 de março).
Voltando ao nosso doce mercado, a China tem de fato desempenhado um papel importante ultimamente. O país foi responsável pelo piso de preço recentemente encontrado em 20,5c/lb. E por que isso aconteceu? Vamos começar do início. Primeiro, observando as tendências de preços e os valores reportados pelas alfândegas do Brasil e da China, fica claro que os preços mais baixos desencadeiam exportações brasileiras maiores em um primeiro momento para a China, que levam em média de 30 a 45 dias para chegar ao país asiático e serem registradas em suas alfândegas - se esse volume foi nacionalizado, isso é outro assunto.
Figura 1: Exportações brasileiras ('000t) para a China, importações da China (total de '000t) e preços brutos (c/lb)
Fonte: Fontes: SECEX, GSMN, Refinitiv, hEDGEpoint
Com o aumento dos preços observado desde o final de 2022, a arbitragem de importação chinesa esteve razoavelmente fechada - pelo menos considerando apenas os preços do ZCE. Entretanto, para fins analíticos, decidimos considerar preços diferentes, dependendo do fato de a região ser ou não produtora, o que significa que os preços domésticos dos não produtores devem ser mais altos. Estimamos que esse prêmio seria de cerca de 600 RMB/t. Portanto, as regiões não produtoras devem optar por comprar no mercado interno ou importar a depender de sua própria paridade.
Figura 2: Arbitragem de importação chinesa do Brasil (USD/t) VS preços brutos (c/lb)
Fonte: Refinitiv, Bloomberg, hEDGEpoint
Figura 3: Preços do açúcar na China em relação às matérias-primas em USD/t
Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint
Em resumo
A queda de preços ocorrida em dezembro criou condições favoráveis para as regiões não produtoras, levando a uma atividade de compra significativa e a importações da China acima do esperado em janeiro e fevereiro, apesar dos altos volumes de importação anteriores. Esse comportamento ressalta a importância de se considerar as disparidades regionais de preços em vez de se basear apenas na paridade ZCE.
Dado o recente otimismo em relação à recuperação econômica chinesa, o país asiático continua a ser um participante importante no mercado de açúcar, sendo uma das principais razões por trás do suporte de 20,5c/lb.
Relatório Semanal — Açúcar
Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
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