Jul 1 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2024 07 01

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"Embora um dólar americano mais ameno e a recuperação dos preços do complexo energético possam ter contribuído para o desempenho do açúcar, o recente aumento parece ter sido impulsionado principalmente pelo seu próprio mercado. A antecipação do relatório da Unica e os resultados médios do Centro Sul criaram um burburinho que desviou os olhos dos traders da entrega significativa do contrato de julho. Os fundos podem ter aliviado seu posicionamento de vendidos, mas o Brasil ainda pode produzir mais de 41 Mt.  "

Grande entrega, preços mais altos?

  • Na semana passada, o mercado fez a transição do contrato de julho para outubro. Apesar de uma entrega robusta em julho, os preços do açúcar romperam a resistência e alcançaram um patamar acima dos 20 c/lb devido a antecipação do relatório da Unica.

  • A falta de chuva aumentou o pessimismo em relação ao mix açúcar, com uma expectativa de 49,5% de mix, moagem de 48Mt e ATR entre 132 e 135 kg/t. O período de seca e a pior qualidade da cana ameaçam manter o mix abaixo de 51% até o final da temporada.

  • No entanto, apesar de ter confirmado um mix de apenas 49.7%, o relatório da Unica trouxe um valor superior às expectativas do mercado, e uma surpreendente moagem de quase 49 Mt na primeira quinzena de junho. Os preços do açúcar inicialmente perderam força, mas registraram ganhos durante o último pregão do contrato de julho.

  • O mercado está preocupado com o fato de que a qualidade da cana pode impedir um mix de açúcar acima de 51% no acumulado da safra, o que pode reduzir a produção do adoçante no Centro Sul de 41,5 para 41 Mt. Apesar disso, o total de cana por hectare (TCH) continua alto, em 89,35 t/ha.

Na semana passada, o mercado mudou seu foco do contrato de julho para o de outubro, quando as opções expiraram e a entrega de julho se aproximou. Durante essa transição, o açúcar encontrou força para ultrapassar sua resistência, levando a análise técnica a apontar para uma recuperação acima de 20 centavos, que foi alcançada na quinta-feira. Notavelmente, apesar de uma entrega robusta esperada para o vencimento de julho, a alta do açúcar pode ser atribuída à expectativa do mercado em relação à divulgação do relatório da Unica.

Figura 1: Curva futura do açúcar bruto (c/lb)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint


Figura 2: O comportamento de julho próximo ao vencimento superou os efeitos macroeconômicos

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

A falta de chuvas contribuiu para um certo pessimismo com relação ao mix açúcar, com uma expectativa média orbitando em torno de um mix de 49,5%, moagem de 48Mt e Açúcar Total Recuperável (ATR) entre 132 e 135 kg/t. Portanto, embora muitos possam argumentar que uma moagem de 48Mt seja difícil de ser percebida como altista, o período de seca e a pior qualidade da cana estão ameaçando o mix de açúcar. Se o último permanecesse abaixo de 50% durante a primeira quinzena de junho, poderia ser difícil atingir um nível acima de 51% até o final da temporada. E foi mais ou menos isso que aconteceu. O relatório da Unica foi divulgado na sexta-feira, confirmando um mix mais baixo, de 49,7%. No entanto, este ainda era mais forte do que a média do mercado esperava. O que foi surpreendentemente alto foram os valores de moagem. O Centro Sul atingiu quase 49 Mt durante a primeira quinzena de junho! Logo após a divulgação da Unica, os preços do açúcar perderam força, mas conseguiram dar a volta por cima e registrar ganhos durante o último pregão de julho.

Em geral, o mercado ainda se preocupa com o fato de que a qualidade da cana possa impedir um mix de açúcar acima de 51%. Como resultado, das atuais estimativas de 41,5 Mt, a produção do adoçante no Centro Sul poderia ser rebaixada para 41 Mt. Essa ideia, juntamente com o fato de que o desenvolvimento da cana foi longe do ideal, é a maior razão por trás do movimento do mercado. No entanto, observe que o Total de Cana por Hectare (TCH) ainda está acima da média histórica. Mesmo sendo 5,2% menor em comparação com a temporada passada, ainda está na extremidade alta dos resultados, em um nível acumulado de 89,35 t/ha.

Figura 3: TCH acumulado – Centro Sul Brasileiro (t/ha)

Fontes: Unica, CTC, Hedgepoint


No final, os números da Unica não provocaram nenhuma revisão em nossas estimativas. Embora a moagem de cana tenha sido maior do que o esperado, espera-se que o final da safra seja mais apertado do que no ano passado. Mantivemos 613,5 Mt de cana e 51,2% de mix açúcar, mas com um aviso: se este último não reagir na próxima quinzena, um nível de 51% pode ser mais provável.

Esse burburinho do Centro Sul acabou roubando os holofotes e a última liquidação de julho foi mais alta do que o esperado, dado o volume robusto antecipado para a entrega. Com mais de 1 Mt entregues, acima da média de cinco anos, os preços ultrapassaram 20c/lb, mas mantiveram o carry.

Fundamentalmente, o formato da curva ainda indica que o mercado espera um aperto maior à medida que se aumenta a dependência do fluxo comercial do Hemisfério Norte. Notícias, como as preocupações relatadas em relação à doença do "red hot" nos campos de cana de Uttar Pradesh, contribuem para essa tendência.

Figura 4: Açúcar bruto – dados preliminares da entregas de julho ('000t)

Fontes: ICE, Green Pool


Em resumo

Embora um dólar americano mais ameno e a recuperação dos preços do complexo energético possam ter contribuído para o desempenho do açúcar, o recente aumento parece ter sido impulsionado principalmente pelo seu próprio mercado. A antecipação do relatório da Unica e os resultados médios do Centro Sul criaram um burburinho que desviou os olhos dos traders da entrega significativa do contrato de julho. Os fundos podem ter aliviado seu posicionamento de vendidos, mas o Brasil ainda pode produzir mais de 41 Mt.

Ainda há muito a ser desvendado. Entender o mix de açúcar parece ser uma das tarefas mais complicadas para esta temporada. Ao mesmo tempo em que o açúcar paga um prêmio considerável em relação ao etanol, a qualidade da cana pode impedir que as usinas atinjam suas metas.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com


Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

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