Jul 8 / Lívea Coda

Suporte em um mercado baixista

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"O próximo relatório da UNICA é vital para avaliar as perspectivas da temporada; se o mix de açúcar ficar abaixo de 50%, será difícil ultrapassar o nível acumulado de 51%, o que pode aumentar as preocupações do mercado. Apesar disso, é improvável que o mix de açúcar acumulado caia para 50%, o que seriao pior cenário possível, ceteris paribus."

Suporte em um mercado baixista

  • Apesar da robusta entrega do contrato de julho, os preços do açúcar se recuperaram e ficaram acima de 20 c/lb, impulsionados principalmente pelas preocupações com os números da produção do Centro Sul.

  • A falta de chuva levou ao pessimismo quanto à expectative de mix de açúcar, levando muitos analistas a revisar suas projeções, o que torna o próximo relatório da UNICA crucial para a compreensão das tendências de preços.

  • Embora a redução das chuvas no Brasil seja o principal fator altista, o progresso favorável das monções, o rebaixamento da intensidade do La Niña, a melhora do clima na Tailândia e a maior produtividade da UE são fatores importantes a serem monitorados para os contratos de 2025.

  • Os preços do açúcar continuam pagando um prêmio significativo sobre o biocombustível, e, portanto, não há previsão de mudança na priorização das usinas, embora a qualidade da cana continue sendo um risco.

Apesar de uma entrega robusta para o contrato de julho, os preços do açúcar registraram uma recuperação surpreendente, mantendo seus ganhos e permanecendo acima do nível de 20 c/lb durante a semana passada, uma semana mais curta devido ao feriado de 4 de julho nos EUA. A força do açúcar se deveu, principalmente, ao seu próprio mercado - impulsionada por fatores técnicos e por uma recuperação de preços no setor de energia - superando a recuperação do dólar americano. O movimento recente é atribuído em grande parte às preocupações com os números da produção do Centro Sul.

A falta de chuva aumentou o pessimismo com relação à capacidade do país de atingir o mix de açúcar previsto anteriormente. Embora o último relatório da UNICA estivesse de certa forma alinhado com as expectativas do mercado, muitos analistas se sentiram compelidos a revisar suas projeções de mix depois de mais uma quinzena com números inferiores a 50%. Revisamos nossos números no início de junho para 51,2% e acreditamos que esse valor ainda pode ser alcançado se, na segunda quinzena de junho, a região ultrapassar o nível de 50% de mix de açúcar, tornando o monitoramento do relatório da UNICA essencial para entender os movimentos dos preços.

Figura 1: Estimativas de dias perdidos por quinzena (nº de dias)

Fonte: SOMAR, Bloomberg, Hedgepoint

Embora haja outras notícias a serem monitoradas, como o desenvolvimento das monções na Índia e o clima na Tailândia, o Brasil é atualmente a principal força de alta e as revisões de sua produção esperada podem desencadear movimentos de preços mais radicais. No entanto, para que a produção de açúcar caia abaixo de 41 Mt, aumentando a pressão sobre os fluxos comerciais, o mix de açúcar do Centro Sul precisa cair abaixo de 50,4% em 24/25. Para retirar 1Mt, o que poderia, de fato, levar a uma escassez mais relevante e sustentar os preços do açúcar, o mix de açúcar precisa cair para 50%.

Figura 2: Fluxo comercial total considerando 51,2% de mix açúcar, portanto 41,5Mt de açúcar ('000 tq)

Fonte: Green Pool Hedgepoint

Figura 3: Fluxo comercial total considerando um mix de 50% de açúcar, ou seja, 40,6Mt de açúcar ('000 tq)

Fonte: Green Pool Hedgepoint

Entretanto, os preços continuam favoráveis para o adoçante, apesar da maior demanda por etanol hidratado e das vendas domésticas das usinas atingirem os níveis de 2020. Atualmente, os preços do açúcar (20,15c/lb) oferecem um prêmio de 540 pontos sobre o contrato B3 de biocombustível (14,7c/lb). Esse prêmio aumenta para 600 pontos quando a polarização e os prêmios do físico são considerados (21c/lb vs. 15,1c/lb para o contrato B3 mais Cbios). Consequentemente, não há previsão de mudança na priorização das usinas, sendo a qualidade da cana o único risco para o mix açucareiro no momento.

A falta de chuva e o desenvolvimento mais fraco da cana foram citados como os principais motivos para o mix mais baixo até o momento. Muitos no mercado também estão preocupados com os resultados do final da temporada. No entanto, a produtividade da cana não tem sido tão ruim quanto se temia, com os resultados de TCH de abril e maio representando os segundos melhores valores acumulados já registrados.

Figura 4: Paridade de açúcar e hidratado (c/lb)

Fontes: Refinitiv, Bloomberg, Hedgepoint

O próximo relatório da UNICA será crucial para fornecer informações sobre o que esperar do restante da temporada. Se o mix de açúcar permanecer abaixo de 50%, atingir um nível acumulado acima de 51% será um desafio. Isso não implica em uma mudança nas decisões das usinas, conforme discutido anteriormente, mas pode aumentar a apreensão do mercado. Atualmente, consideramos altamente improvável que o mix de açúcar no final da temporada caia para 50%, o que significa que o caso de estresse apresentado no gráfico abaixo seria o pior cenário, ceteris paribus. Portanto, embora o início de 2025 possa ser apertado, ele não se compara ao mercado deficitário que era esperado para o ano passado, início da safra 23/24 e, portanto, não se espera que os preços retornem aos níveis anteriores.
Enquanto aguardamos novos desenvolvimentos na região Centro Sul, é importante monitorar os principais fatores que influenciam os contratos de 2025:

  • as monções estão progredindo bem,
  • a intensidade do La Niña foi revisada para baixo,
  • espera-se que as condições climáticas na Tailândia melhorem,
  • a agencia MARS continua otimista em relação a produtividade da UE e
  • espera-se que a China tenha maior disponibilidade.

Nesse contexto, as preocupações do mercado com a produção brasileira devido à redução das chuvas parecem ser o único fator que sustenta os preços em um mercado que, de outra forma, estaria em baixa.

Em resumo

O próximo relatório da UNICA é vital para avaliar as perspectivas da temporada; se o mix de açúcar ficar abaixo de 50%, será difícil ultrapassar o nível acumulado de 51%, o que pode aumentar as preocupações do mercado. Apesar disso, é improvável que o mix de açúcar acumulado caia para 50%, o que seriao pior cenário possível, ceteris paribus. Enquanto se monitoram os principais fatores para os contratos de 2025, como as monções, o La Niña e o clima na Tailândia, a redução das chuvas no Brasil continua sendo o principal fator de sustentação dos preços do açúcar em um mercado de baixa.


Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com


Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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