Os preços estão pegando fogo
Os preços estão pegando fogo
- O sentimento do mercado está mudando, com suporte de curto prazo – especialmente após as queimadas no Centro-Sul – mas sem retorno às altas de dezembro passado. Os fluxos comerciais permanecem mais confortáveis do que os níveis do ano anterior.
- O posicionamento especulativo e a visão otimista da Conab foram algumas das razões por trás da fraqueza da semana passada. O fato de o mercado ainda estar esperando que o TCH e a moagem apresentem alguma correção também contribuiu para que os preços testassem o piso de 17,5 c/lb.
- No entanto, as conversas sobre uma morte súbita foram impulsionadas pelos incêndios registrados na região Centro Sul, acelerando a recuperação dos preços de volta para 19 c/lb.
- Neste relatório, analisamos alguns cenários e tentamos apontar uma possível faixa de preço durante a entressafra.
- Uma premissa importante é considerar um leve aumento nos volumes de cana em 25/26, justificado pelas previsões meteorológicas preliminares positivas.
O sentimento do mercado parece estar mudando. Embora os fundamentos não indiquem um aperto semelhante ao de 2023, a estrutura do mercado de açúcar está se tornando cada vez mais suportiva no curto prazo. No entanto, é improvável que os preços retornem às máximas registradas em dezembro passado.
Em primeiro lugar, o posicionamento especulativo estava confortavelmente vendido até meados da semana passada, pelo menos. Apesar das crescentes discussões sobre uma possível "morte súbita" no Centro Sul do Brasil, os dados atuais mostram a resiliência da região. Embora se espere que o forte TCH (toneladas de cana por hectare) e a rápida colheita comecem a ser corrigidos em breve, os números finais ainda devem ser maiores do que em 2021/22, o último ano de morte súbita. Como resultado, os fundamentos não foram fortes o suficiente para desencadear mudanças de posição e recuperação de preços, especialmente devido às condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da cana e da beterraba no Hemisfério Norte.
Figura 1: Preços do açúcar bruto comportamento mensal (c/lb)
Fonte: Refinitiv
Entretanto, considerando que os incêndios podem comprometer ainda mais a produção, exploramos alguns cenários. Com 614 Mt de cana como nosso caso base, o que aconteceria com os fluxos comerciais se o cenário de "morte súbita" piorasse, os incêndios continuassem afetando a região e a produção total de cana caísse para cerca de 600 Mt?
Figura 2: Fluxos comerciais totais - Caso base: 614Mt de cana (Mt tq)
Fonte: GreenPool, Hedgepoint
E se as estimativas da Conab estiverem mais próximas dos números finais para o Centro-Sul e formos surpreendidos por um resultado mais saudável, próximo de 630 Mt?
É claro que a temporada de entressafra daria suporte aos preço em ambos os casos, mas a faixa poderia variar significativamente. Se a produção cair para 600 milhões de toneladas, com a produção de açúcar em 39,8 milhões de toneladas, estimamos uma possível faixa de preço de 19c/lb a 22c/lb, alcançando o linite superior duante a entressafra. Com 614 milhões de toneladas, essa faixa poderia cair 1c/lb, ficando entre 18c/lb e 21c/lb. Se o cenário se tornar mais baixista, poderemos voltar à faixa de preço observada entre junho e meados de agosto, flutuando entre 17c/lb e 20c/lb. Essa projeção é um “palpate educado”, que depende de uma leve recuperação durante a temporada 2025/26.
Figura 3: Fluxos comerciais totais - Caso de alta: 600Mt de cana (Mt tq)
Fonte: GreenPool, Hedgepoint
Figura 4: Fluxos comerciais totais - Caso de baixa: 630Mt de cana (Mt tq)
Fonte: GreenPool, Hedgepoint
É possível que a região se recupere pelo menos marginalmente na próxima temporada. O NOAA revisou a intensidade do La Niña para um nível neutro-negativo, sugerindo um clima mais mediano durante a janela crítica de desenvolvimento da cana no Centro Sul, o que poderia levar a um resultado mais favorável. Mantendo nossas estimativas preliminares em 620 milhões de toneladas, após o início da nova temporada, poderíamos observar alguma correção de preços, o que seria baixista para o contrato de maio de 2025 e os que o seguem. Portanto, a estrutura do spread reflete os fundamentos atuais.
Em resumo
O sentimento do mercado está mudando, com suporte de curto prazo, mas sem retorno às altas de preços de dezembro passado. Os fluxos comerciais estão mais confortáveis do que o estimado em 2023, e o posicionamento especulativo e o otimismo da Conab contribuíram para a queda dos preços na semana passada. O mercado ainda está aguardando ajustes nos níveis de TCH e no ritmo de moagem de 24/25, o que levou os preços a testar o piso de 17,5c/lb. No entanto, relatos de incêndios na região Centro Sul rapidamente levaram os preços de volta a 19c/lb. Devemos ter em mente que a extensão do impacto desses incêndios ainda não foi totalmente contabilizada e que, embora queimada, parte da cana ainda pode ser moída, comprometendo apenas parte de sua produtividade e teor de açúcar. Portanto, embora contribua para a probabilidade do nosso cenário de alta, consideramos o nível de 600Mt com certo ceticismo
Relatório Semanal — Açúcar
Escrito por: Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por: Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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