Muitas discussões, poucas mudanças
Muitas discussões, poucas mudanças
- Os preços do açúcar bruto estão sofrendo para ultrapassar o nível de 20 c/lb e podem precisar de notícias altistas mais concretas para um movimento decisivo de alta.
- Foi retomada a discussão quanto a possível proibição de exportações indianas, já que o governo deve priorizar o cumprimento da meta de mistura de 20% de etanol até 2025/26. Entretanto, o mercado permanece cautelosamente otimista em relação a possíveis exportações.
- Os preços precisariam exceder 20 c/lb para que exportações indianas compensem, com as usinas potencialmente exigindo um prêmio para esse valor ultrapassar 21 c/lb. A esses níveis, os produtores podem pressionar o governo a permitir exportações se a produção exceder as estimativas.
- Já no Brasil o açúcar foi impactado pela seca, afetando a qualidade da cana e as expectativas do mix de açúcar. O ritmo acelerado da safra permitiu um forte ritmo de exportação, atingindo 3,9 Mt em agosto, proporcionando conforto de curto prazo ao mercado.
- Com a aproximação do vencimento de outubro, a diminuição das posições em aberto pode levar a movimentos nos spreads, já que os fundos começam a rolar suas posições.
Os preços do açúcar bruto estão lutando para romper a resistência de 20 c/lb, precisando de notícias altistas mais substanciais para dar um passo definitivo para cima. Na semana passada, a fraqueza no setor de energia e as preocupações macroeconômicas mais amplas ofuscaram alguns dos sinais de alta que surgiram. Embora os preços tenham registrado um aumento modesto após a correção do dólar na sexta-feira, desencadeada por dados de emprego dos EUA de agosto mais fracos do que o esperado e uma estabilização nas expectativas de cortes nas taxas de juros, outras notícias, como a proibição da exportação de açúcar da Índia, não tiveram o impacto no mercado que alguns anteciparam, inclusive com o açúcar fechando a semana em baixa.
Como o segundo maior produtor de açúcar do mundo, atrás apenas da região Centro Sul do Brasil, a Índia reacendeu uma das questões centrais do mercado: o país exportará açúcar? O governo indicou sua intenção de proibir as exportações, priorizando o objetivo de atingir uma meta de mistura de 20% de etanol até 2025/26. No entanto, o consenso do mercado sugere que os fluxos comerciais globais devem precisar da participação da Índia, especialmente depois que a produção do Brasil foi afetada pela seca recente.
Figura 1: Açúcar vs. WTI: uma commodity resiliente
Fonte: Refinitiv, Hedgepoint
Figura 2: A correção do dólar e os preços do açúcar
Fonte: Refinitiv, Hedgepoint
Figura 3: Paridade de exportação indiana
Fonte: Bloomberg, Hedgepoint
Figura 4: Comportamento dos contratos em abertos durante setembro (mil contratos)
Fonte: Refinitiv, Hedgepoint
Em resumo
Os preços do açúcar bruto estão lutando para romper o nível de 20c/lb, precisando de notícias mais significativas de alta para um movimento decisivo, já que a fraqueza da semana passada no setor de energia e uma aposta do mercado por um corte de juros menor (25 pbs) do que inicialmente projetado, pode estar ofuscando desenvolvimentos altistas. Embora os preços tenham registrado um aumento modesto devido a uma correção no dólar norte-americano, a possível proibição de exportação da Índia não teve o impacto esperado, com o contrato de açúcar perdendo seus ganhos e fechando abaixo de 19c/lb. O mercado parece cético, enquanto o Brasil está inundando o mercado com açúcar com sua safra em ritmo acelerado, permitindo que os traders se sentem e esperem.
Relatório Semanal — Açúcar
Escrito por: Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
Revisado por: Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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