Nov 11 / Lívea Coda

Uma semana com foco na macro e poucas mudanças no açúcar

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"As chuvas recentes no Centro-Sul do Brasil podem atrapalhar a moagem, mas apoiam o desenvolvimento da safra 2025/26, beneficiando os spreads H/K do açúcar. Os preços do adoçante permaneceram relativamente estáveis ​​na semana passada, embora com algumas flutuações, uma vez que o período foi amplamente influenciado por eventos macroeconômicos."

Uma semana com foco na macro e poucas mudanças no açúcar

  • As chuvas recentes no Centro-Sul do Brasil podem prejudicar a moagem atual, mas favorecem o desenvolvimento da safra 2025/26, dando suporte ao spread H/K do açúcar.

  • Apesar da volatilidade macroeconômica, os preços do açúcar se mantiveram relativamente estáveis na semana passada, com as preocupações com a oferta de curto prazo e os fatores sazonais oferecendo suporte.

  • A eleição de Trump fortaleceu os rendimentos do Tesouro dos EUA e o dólar, aumentando a aversão ao risco e, potencialmente, pressionando a demanda global por commodities no longo prazo, se uma agenda inflacionária for de fato adotada.

  • A possível reintrodução das tarifas dos EUA e os riscos de recessão da China podem reduzir a demanda chinesa por commodities, incluindo o açúcar.

  • O Fed reduziu as taxas em 0,25%, enquanto o Banco Central do Brasil aumentou em 0,50%, refletindo diferentes prioridades econômicas. O diferencial de juros pode beneficiar o fortalecimento do BRL, possivelmente apoiando os preços do açúcar – claro, a depender dos fundamentos.

  • No entanto, enquanto esperamos para ver como a macroeconomia se desenrola, os fundamentos do açúcar permaneceram estáveis em meio às mudanças macroeconômicas da semana passada.

O foco principal no mercado de açúcar tem sido a tão esperada chegada das chuvas no Centro-Sul do Brasil. Embora o aumento da precipitação possa encurtar a atual temporada, prejudicando a moagem, ele pode ser benéfico para o desenvolvimento da safra 25/26. Consequentemente, espera-se que as chuvas recentes apoiem o spread H/K. Como resultado, os preços do açúcar se mantiveram relativamente estáveis na semana passada, embora com algumas flutuações, já que o período foi amplamente influenciado por eventos macroeconômicos.

Figura 1: Anomalia de precipitação de 14 dias terminando em 6 de novembro (mm | esquerda) e precipitação acumulada estimada em áreas de cana no Centro-Sul (mm | direita).

Fontes: Agweather, Bloomberg, Hedgepoint

Na frente macroeconômica, a semana foi marcada pelas eleições nos EUA, uma reunião do Federal Reserve com cortes nas taxas de juros e o aumento das taxas de juros do Banco Central do Brasil. A eleição de Trump levou a um fortalecimento dos rendimentos do Tesouro dos EUA, impulsionado pelas expectativas de que a agenda do novo governo será inflacionária. A perspectiva de um dólar americano mais forte pode induzir um cenário de aversão ao risco, atraindo mais capital para os EUA e, assim, enfraquecendo o poder de compra de outras moedas - um fator de baixa para as commodities em geral. No dia da confirmação da eleição, 6 de novembro, o índice do dólar ultrapassou o nível 105, não visto desde julho.

Figura 2: Semana movimentada na frente macro: BRL x DXY

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Além disso, o possível restabelecimento de uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas pelos EUA também diminui as esperanças de recuperação econômica no país asiático, que já está enfrentando uma crise imobiliária. O aumento dos riscos de recessão na China poderia reduzir sua demanda por certos tipos de commodities, como o açúcar, cujos estoques estão atualmente próximos da média histórica, em um contexto de uma maior produção doméstica esperada.

Considerando a meta de inflação de 3%, o Banco Central do Brasil aumentou as taxas de juros em 50 pontos-base, de 10,75% para 11,25%. Essa decisão reflete as preocupações com o forte mercado de trabalho e os riscos relacionados à dívida fiscal e ao cumprimento das metas fiscais. Além disso, a eleição de Trump introduziu algumas incertezas, especialmente com relação à força da moeda brasileira e à atratividade dos investimentos.

Enquanto isso, o Federal Reserve decidiu implementar um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros na quinta-feira, citando indicadores recentes que mostram o aumento da atividade econômica e o progresso em direção à meta de inflação de 2%. Embora alguns especialistas sugiram que a agenda do novo governo possa impedir novos cortes nas taxas, o presidente do Fed, Powell, enfatizou que o banco central continuará a trabalhar para afrouxar a política monetária. Isso ajudou o mercado com alguma correção nos rendimentos do tesouro norte americano e no índice do dólar, que voltou para 104,5.

Figura 3: Impacto da semana sobre as principais commodities (1º nov = 100)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Embora essas condições macroeconômicas turbulentas geralmente tenham um efeito de baixa, o açúcar manteve seu apoio. Um dos motivos são as recentes chuvas na região Centro-Sul, que levantaram preocupações sobre a disponibilidade de curto prazo e ao ritmo de nomeações de navios. Estimamos que as chuvas durante as semanas que terminaram em 30 de outubro e 6 de novembro ficaram próximas da média na região, com algumas localidades extremamente penalizadas, como Ribeirão Preto e Triângulo Mineiro, recebendo chuvas bem acima da média. Outro fator é a aproximação da entressafra do Centro-Sul, um período de disponibilidade de açúcar naturalmente menor, que deve ser especialmente reduzida neste ano, em que o principal fornecedor enfrentou condições climáticas adversas. Portanto, não houve mudanças nos fundamentos e qualquer impacto macroeconômico pode ser percebido como transitório.

Figura 4: Fluxos comerciais globais de açúcar ('000t tq)

Fonte: GreenPool, Hedgepoint

Em resumo

As recentes chuvas na região Centro-Sul do Brasil se tornaram um ponto focal no mercado de açúcar, podendo prejudicar a atual temporada, mas beneficiando a safra 2025/26. Essa mudança climática, juntamente com a aproximação da entressafra, sustentou os preços do açúcar apesar de um cenário macroeconômico turbulento. Na semana, houve eleições nos EUA, um corte na taxa do Fed e um aumento do Banco Central do Brasil. A eleição de Trump fez com que os rendimentos do Tesouro dos EUA subissem, fortalecendo o dólar e aumentando as preocupações com a redução da demanda de commodities, especialmente da China, onde os riscos de recessão aumentaram. Embora esses fatores possam pressionar as commodities, os preços do açúcar permanecem resilientes devido aos fundamentos de alta e às restrições na oferta, aproveitando também o corte da taxa do Fed.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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