Nov 18 / Lívea Coda

Macro vs Fundamentos

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"As chuvas recentes no Centro-Sul do Brasil podem atrapalhar a moagem, mas apoiam o desenvolvimento da safra 2025/26, beneficiando os spreads H/K do açúcar. Os preços do adoçante permaneceram relativamente estáveis ​​na semana passada, embora com algumas flutuações, uma vez que o período foi amplamente influenciado por eventos macroeconômicos."

Macro vs Fundamentos

  • Os preços do açúcar bruto sofreram uma forte correção na semana passada, influenciados por tendências macroeconômicas, como um dólar mais forte e um real brasileiro mais fraco.

  • A queda de mais de 2% nos preços observada na última segunda-feira deveu-se, em parte, às chuvas na região Centro-Sul do Brasil e à antecipação do relatório da Unica.

  • As preocupações com o aumento da disponibilidade de cana na região Centro-Sul levaram a uma perda de ímpeto do mercado, mas nossas estimativas para a produção de açúcar permaneceram inalteradas em 39,7 Mt para 24/25.

  • O aumento da disponibilidade de açúcar branco na Europa, Tailândia, América Central e Índia afetou o prêmio branco e a demanda por açúcar bruto, mantendo os preços sob pressão.

  • No final da semana, entretanto, a entrega do açúcar branco adicionou um tom de alta, com o bruto mostrando uma forte recuperação no primeiro pregão desta semana.

A semana passada começou com uma forte correção nos preços do açúcar bruto. Pode-se argumentar que estes foram moldados por tendências macroeconômicas mais amplas, como um dólar mais forte após a eleição de Trump e um real brasileiro mais fraco em meio às mudanças previstas na política fiscal do Brasil. Entretanto, esses fatores por si só não explicam totalmente a queda de preços da última segunda-feira. Embora as tão esperadas chuvas na região Centro-Sul do Brasil tenham desempenhado um papel importante, a queda de mais de 2% sugere que os traders já estavam precificando os resultados da UNICA, que revelaram um volume de moagem maior do que o esperado.

Surgiram preocupações de que a região Centro-Sul poderia ter mais disponibilidade de cana do que o estimado anteriormente, levando a uma perda de impulso no mercado. No entanto, optamos por manter nossas estimativas inalteradas, já que muitas usinas estão encerrando suas operações e nossa previsão de moagem já era mais otimista do que a média. Com uma estimativa de 610 Mt de cana e uma ligeira redução no mix de açúcar de 48,2% para 48,1%, a produção de açúcar ainda pode chegar a 39,7 Mt em 24/25. Embora esse seja um resultado forte, apesar dos desafios climáticos, o açúcar continua apoiado por fundamentos de alta devido à disponibilidade limitada de curto prazo dos principais produtores, mas esse apoio não tem sido tão forte quanto se poderia esperar.

O principal motivo da dificuldade do açúcar em ultrapassar o nível de 22 c/lb pode ser explicado pelo lado da demanda.


Figura 1: Dólar mais forte e real fraco: uma receita para preços do açúcar em baixa

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Quando o mercado começou a considerar uma recuperação parcial no Hemisfério Norte, o açúcar branco perdeu seu apoio. A Europa relatou um clima favorável e forte produtividade de beterraba, enquanto a Tailândia, a América Central e até mesmo a Índia deverão ter maior disponibilidade em 2024/25 em comparação com 2023/24. Como essas regiões produzem principalmente açúcar branco, o aumento de sua produção deve equilibrar os fluxos comerciais do branco, diferentemente do que ocorre com o bruto, que depende em grande parte do fornecimento brasileiro.

Figura 2: Sazonalidade semanal do prêmio branco (10 anos - Usd/t)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Esse desequilíbrio entre as qualidades do açúcar pesou sobre o prêmio branco, um indicador fundamental para que as refinarias autônomas decidam se importarão e refinarão o açúcar bruto. A mudança, que começou em agosto, pode agora estar se tornando explícita na demanda, com o declínio dos prêmios para açúcar bruto em Santos, contrariando sua tendência sazonal durante a entressafra do Centro-Sul. Além disso, há rumores de que as refinarias estocaram quando o prêmio branco estava alto e o Brasil estava aumentando as exportações de açúcar, o que aponta para um enfraquecimento da demanda.

A combinação de demanda enfraquecida, dólar mais forte e real brasileiro depreciado manteve os preços do açúcar bruto sob pressão, levando o posicionamento especulativo a uma neutralidade vendida. Entretanto, os traders devem ter em mente que, eventualmente, o mercado se voltará para o Brasil em busca de suprimento e, nesse momento, a disponibilidade poderá ser mais limitada

Figura 3: Prêmio FOB Porto de Santos do Açúcar Bruto - Mensal (USc/lb)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

No final da semana, a entrega do açúcar branco já deu um tom de alta ao mercado. Com um volume reduzido de cerca de 191kt - o menor para o contrato de dezembro na história recente - parece que a pressão de baixa prevista do Hemisfério Norte já foi precificada. A curva do açúcar branco voltou a se inverter, potencialmente dando suporte ao açúcar bruto, que já mostrou uma forte recuperação no primeiro pregão desta semana, ganhando mais de 3%. Sabendo que os fundamentos não mudaram, as restrições de disponibilidade devem aumentar o suporte aos preços.

Figura 4: Entrega de Açúcar Branco | Contratos de Dezembro ('000 t)

Fonte: ICE, Hedgepoint

Em resumo

Na semana passada, os preços do açúcar bruto sofreram uma correção acentuada, influenciada por tendências macroeconômicas mais amplas, como um dólar mais forte, um real mais fraco, chuvas há muito esperadas na região Centro-Sul do Brasil e uma antecipação de resultados mais fortes para a Segunda quinzena de Outubro. A dificuldade do mercado em ultrapassar o nível de 22 c/lb foi atribuída a fatores do lado da demanda, incluindo uma recuperação parcial no Hemisfério Norte e o aumento da disponibilidade de açúcar branco na Europa, Tailândia, América Central e Índia. Isso afetou o prêmio branco e a demanda por açúcar bruto, mantendo os preços sob pressão. No entanto, no final da semana, a entrega do açúcar branco acrescentou um tom de alta, com o açúcar bruto mostrando uma forte recuperação no primeiro pregão da semana atual.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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