Nov 25 / Lívea Coda

Praticamente um jogo de demanda!

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"A força da tendência de alta de curto prazo dependerá do ritmo da demanda e das condições de desenvolvimento da safra no Centro-Sul do Brasil. Se essas últimas se deteriorarem, os fluxos comerciais poderão se tornar altistas."

Praticamente um jogo de demanda!

  • A estrutura macroeconômica atual não é favorável ao complexo de commodities.

  • Riscos como a desvalorização das moedas dos mercados emergentes, o aumento dos estoques das refinarias e uma economia chinesa mais fraca podem pressionar a demanda, reduzindo os prêmios FOB.

  • Os fundamentos parecem estáveis, mas a escassez de disponibilidade pode não ser tão grave quanto o esperado no 4T/24. A temporada do México começou de forma saudável, e o Brasil continua com forte participação no mercado, com um déficit maior previsto apenas para o 1T/25.

  • Os fluxos comerciais do T1/25 podem se estreitar se a produção da Índia não for suficiente, aumentando o desequilíbrio entre oferta e demanda e, possivelmente, elevando os preços.

  • A força da tendência de alta de curto prazo dependerá do ritmo da demanda e das condições de desenvolvimento da safra no Centro-Sul do Brasil. Se essas últimas se deteriorarem, os fluxos comerciais poderão se tornar altistas.

Conforme discutido em relatórios anteriores, a estrutura macroeconômica atual não é favorável ao complexo de commodities. Especificamente para o açúcar, após a eleição de Trump, o dólar mais forte e o real brasileiro mais fraco, impulsionados pelas mudanças previstas na política fiscal do Brasil, criaram um ambiente favorável para as exportações do Centro-Sul, o que limitou os ganhos do açúcar. Riscos como a desvalorização das moedas dos mercados emergentes, reduzindo seu poder de compra, e uma economia chinesa mais fraca também aumentaram a pressão sobre o lado da demanda, reduzindo os prêmios FOB.

Figura 1: Prêmio FOB Porto de Santos do Açúcar Bruto - Mensal (USc/lb)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Enquanto isso, os fundamentos parecem estáveis, embora a escassez de disponibilidade possa não ser tão grave quanto se esperava no quarto trimestre de 24. O México iniciou sua temporada, e a Conadesuca compartilhou uma visão mais otimista em termos de exportações, ao mesmo tempo em que reduziu significativamente as importações. O Brasil continua com uma alta participação no fluxo comercial e, por fim, espera-se que o mercado enfrente um déficit apenas no 1T/25. Portanto, março continua sendo o contrato mais altista, com um spread de 140 pts H/K25. As chuvas recentes no Centro-Sul podem apoiar ainda mais essa tendência, pois são positivas para o desenvolvimento da safra 25/26. Essa disparidade de preços entre o contrato de março e o de maio de 2025 também pode se fortalecer se a Índia decidir não exportar.

Figura 2: Balanço de Açúcar - México (Mt Out-Set)

Fonte: Conadesuca, Greenpool, Hedgepoint - dados de exportação obs. combinam exportações e IMMEX

Devido às festividades do Diwali, às eleições estaduais e às condições climáticas, a temporada 24/25 indiana está sofrendo alguns atrasos que exigem monitoramento. Em 15 de novembro, apenas 144 usinas estavam operando, uma redução de 45% em comparação com as 264 usinas ativas no mesmo período da temporada passada. Esse declínio se reflete na moagem de cana e no processamento de açúcar, que caíram 40% e 41% em relação ao ano anterior, respectivamente. Um total de 710kt de açúcar foi produzido, em comparação com 1,27Mt no ano passado. Entretanto, espera-se que a temporada ganhe força durante a segunda quinzena de novembro. Embora continuemos otimistas com relação à capacidade da Índia de contribuir para o mercado mundial em 24/25, é importante explorar possíveis cenários de fluxos comerciais para permitir o melhor gerenciamento de risco.

Atualmente, nosso cenário básico pressupõe que o país asiático exportará 1,5 milhão de toneladas de açúcar, juntamente com a produção e a participação robusta do Centro-Sul brasileiro em sua temporada 25/26 (detalhes no link). O volume indiano só teria impacto no mercado a partir do 1T/25, já que se espera que o governo se concentre primeiro na reposição de estoques antes de anunciar qualquer concessão de cotas. Enquanto isso, a disponibilidade adicional do Centro-Sul entraria em ação no 2T/25. Entretanto, se a produção da Índia ficar aquém de nossas expectativas, quanto mais apertados ficarão os fluxos comerciais?

Figura 3: Caso Base | Fluxos comerciais totais ('000t tq)

Fonte: GreenPool Hedgepoint

Partindo de um déficit de quase 1,5 milhão de toneladas no 1T/25, espera-se que o desequilíbrio entre a oferta e a demanda aumente para mais de 2 milhões de toneladas se a Índia não exportar. A recuperação em direção a um superávit será mais suave do que no cenário base, afastando ainda mais a possível tendência de baixa. Entretanto, considerando a atual estrutura futura, os fluxos comerciais e a demanda mais fraca, esta última pode ser crucial para determinar a força da tendência de alta de curto prazo. Independentemente do envolvimento da Índia, espera-se que os fluxos comerciais de açúcar branco sejam mais equilibrados do que os de açúcar bruto, aumentando a pressão sobre o prêmio branco e, consequentemente, sobre as margens das refinarias. Se os rumores de estoques mais altos nas refinarias forem verdadeiros, elas poderão adiar novas compras. Além disso, com a menor demanda da China, cujas importações já caíram 41% em relação ao ano anterior em outubro, os fluxos comerciais podem estar superestimando a urgência da demanda.

Figura 4: Não Índia | Fluxos comerciais totais ('000t tq)

Fonte: GreenPool Hedgepoint


Se houver pouco interesse e se o mercado parecer confortável o suficiente para empurrar a demanda para a temporada 25/26 do Centro-Sul, os preços poderão continuar sendo negociados em uma faixa mais baixa do que a esperada anteriormente, mas com certo suporte, entre 19,5 c/lb (atual paridade de exportação indiana) e 22,5 c/lb.

No entanto, se a demanda ganhar impulso, especialmente em termos de açúcar bruto, esse intervalo pode aumentar, dependendo da urgência.

Outro fator que pode levar a preços mais altos é a deterioração das condições de desenvolvimento da safra no Centro-Sul brasileiro para a temporada 25/26. Se as chuvas se tornarem escassas novamente ou se, em fevereiro, houver preocupações quanto à qualidade da cana e à capacidade de obter um mix de açúcar mais elevado, a demanda não terá alternativa, e os fluxos comerciais poderão se tornar altistas.

Figura 5: Principais paridades do mercado de açúcar (c/lb)

Fontes: Bloomberg, Refinitiv, Hedgepoint


Em resumo

A estrutura macroeconômica não é favorável ao complexo de commodities, especialmente ao açúcar. Após a eleição de Trump, o dólar mais forte e o real brasileiro mais fraco favoreceram as exportações, limitando os ganhos do açúcar. Riscos como a desvalorização das moedas dos mercados emergentes, rumores de estoques mais altos nas refinarias e uma economia chinesa mais fraca pressionaram a demanda, diminuindo os prêmios FOB.

Simultaneamente, os fundamentos parecem estáveis, mas o aperto na disponibilidade pode não ser tão grave quanto o esperado no quarto trimestre de 2024. A temporada do México começou de forma saudável, e o Brasil continua avançando. Prevê-se um déficit maior apenas no 1T/25.

Os fluxos comerciais do 1T/25 podem se tornar mais apertados se a produção da Índia ficar aquém de nossas expectativas. Espera-se que o desequilíbrio entre oferta e demanda se amplie, o que pode levar a preços mais altos. Essa tendência pode ser excepcionalmente forte se as condições da safra no Centro-Sul do Brasil se deteriorarem. Caso contrário, o ritmo da demanda será a principal variável de monitoramento no que diz respeito à ação dos preços durante a entressafra brasileira.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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