Dec 2 / Lívea Coda

Destaques em meio à desaceleração do mercado

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"O real desvalorizado incentiva as exportações de açúcar e pode levar a tendências inflacionárias no mercado interno, com a expectativa de que o índice de açúcar cristal permaneça sustentado."

Destaques em meio à desaceleração do mercado

  • Na última semana de novembro, os preços do açúcar desaceleraram devido a mudanças mínimas nos fundamentos e ao feriado de Ação de Graças, que fechou o mercado dos EUA.

  • A terceira estimativa da Conab para a safra brasileira 24/25 sugere uma produção menor devido à diminuição da produtividade, especialmente na região Centro-Sul.

  • O último relatório da Unica sinaliza o início da entressafra, com o volume de cana e a produção de açúcar ficando abaixo dos resultados de 23/24, indicando uma disponibilidade mais restrita.

  • A estrutura macroeconômica, especialmente o forte índice do dólar e o Real mais fraco, dá um tom de baixa ao mercado de commodities.

  • O real desvalorizado incentiva as exportações de açúcar e pode levar a tendências inflacionárias no mercado interno, com a expectativa de que o índice de açúcar cristal permaneça sustentado.

Durante a última semana de novembro, os preços do açúcar sofreram uma desaceleração. Isso não se deveu apenas a mudanças mínimas nos fundamentos, mas também ao Dia de Ação de Graças, que levou ao fechamento dos mercados dos EUA. No entanto, há três destaques que merecem ser monitorados:

1. A Conab divulgou sua terceira estimativa para a safra 24/25 do Centro-Sul do Brasil.

2. O relatório da Unica sinaliza o início da entressafra.

3. O BRL enfrenta uma tendência de desvalorização mais forte.

Com relação ao primeiro ponto, a agência não informou nenhuma novidade. Espera-se que a produção no país seja menor, com cerca de 4,8% menos cana e um aumento de 4,3% na área de colheita. Isso sugere que a queda na produção se deve exclusivamente à menor produtividade, que a Conab estima em 78 kg/ha, ou 8,8% menor do que em 23/24 para todo o país. Essa redução é atribuída a uma combinação de menor precipitação e temperaturas mais altas na região Centro-Sul, que responde por 91% da produção total de cana.

Figura 1: Estimativas da Conab para a safra de cana 24/25

Fonte: Conab

Um fator interessante é que a Conab está mais otimista do que a maioria em relação à região Centro-Sul. Enquanto mantivemos nossas expectativas de cana inalteradas em 610Mt, a agência prevê 616Mt, em comparação com a média do mercado, que até algumas semanas atrás estava em torno de 600Mt. Em termos de produção de açúcar, atualmente estimamos 39,5Mt, enquanto a Conab prevê um cenário mais baixista (para preços) em 40,3Mt para a temporada. Embora a agência não seja considerada referência para estimativas de produção de açúcar, especialmente para dados sobre o Centro-Sul, o mercado leva em conta seus números antes de seguir em frente. Uma visão mais otimista para produção pela Conab pode contribuir para a dificuldade de os preços do açúcar ultrapassarem 22c/lb.

Quanto ao último relatório da Unica, ele parece ter tido o efeito oposto. Com um pouco menos de cana sendo moída do que o mercado esperava e um mix de açúcar e Açúcar Total Recuperável (ATR) surpreendentemente mais baixos, a primeira quinzena de novembro sinalizou o início da entressafra, estabelecendo um tom mais altista para preços. Embora esteja longe de ser uma morte súbita, conforme discutido durante o meio da safra, o volume de cana e a produção de açúcar começaram a cair em relação aos resultados de 23/24, indicando que estamos entrando em um período de disponibilidade mais restrita.

Figura 2: Usinas em operação por quinzena (nº de usinas)

Fonte: Fonte: Unica, Hedgepoint

Figura 3: Produção de açúcar por quinzena no Centro-Sul

Fonte: Unica, Hedgepoint

Nem a Conab nem a Unica trouxeram, portanto, mudanças significativas em relação ao que já era esperado pelo mercado, e os preços do açúcar andaram de lado. Em um context de fundamentos estáveis, os preços podem reagir a outros fatores.

No curto prazo, a estrutura macroeconômica precisa ser monitorada de perto, pois pode desencadear reações nos preços. O índice do dólar continua forte, ancorado na expectativa de uma agenda inflacionária do recém-eleito governo Trump, criando um ambiente de baixa para as commodities em geral. Essa perspectiva foi reforçada pelo Brasil na semana passada, com o enfraquecimento do BRL. Issa tendência, por sua vez, se deveu à apresentação de um programa fiscal mais brando do que o esperado pelo mercado, bem como à decisão de isentar salários de até R$ 5.000 do imposto de renda. Consequentemente, o BRL atingiu 6 reais. Embora o governo afirme que essa isenção será totalmente neutralizada por medidas compensatórias, a reação do mercado indica insatisfação com o programa fiscal anunciado. Como resultado, o Bovespa, a bolsa de valores de São Paulo, atingiu seu ponto mais baixo em quase cinco meses.

Figura 4: Política fiscal brasileira enfraquece o Real

Fonte: GreenPool Hedgepoint


O Brasil é um dos maiores exportadores de commodities do mundo, incluindo o açúcar. Com o real desvalorizado, há um incentivo para que os exportadores vendam, potencialmente inundando o mercado com o produto. No entanto, ao entrarmos na entressafra brasileira, resta pouco volume da safra atual, sendo possível que vejamos alguns players entrando em contratos para a temporada 25/26.

Outra tendência digna de nota diz respeito aos preços domésticos. Com uma moeda extremamente desvalorizada, o mercado interno de açúcar se torna menos atraente para os produtores, levando a uma tendência inflacionária. Consequentemente, espera-se que o índice cristal permaneça sustentado. Essa tendência inflacionária pode ser observada em outros mercados, com ainda mais força naqueles em que o Brasil é um importador líquido.

Em resumo

Durante a última semana de novembro, os preços do açúcar desaceleraram devido a mudanças mínimas nos fundamentos e ao feriado de Ação de Graças, que fechou os mercados dos EUA. Os principais destaques incluem a terceira estimativa da Conab para a safra 24/25 do Centro-Sul do Brasil, o relatório da Unica sinalizando o início da entressafra e uma tendência de desvalorização mais forte do real. A estimativa da Conab sugere uma produção menor devido à diminuição da produtividade, enquanto o relatório da Unica indica uma disponibilidade mais restrita - no entanto, nenhuma delas trouxe mudanças aos fundamentos atuais.

A estrutura macroeconômica, especialmente o forte índice do dólar e o enfraquecimento da moeda brasileira, também afeta o mercado. Essa desvalorização incentiva as exportações, mas pode levar a tendências inflacionárias no mercado doméstico.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Victor Arduin

victor.arduin@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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