Aug 17 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol 2023 08 14

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"Chuvas concentradas, baixos estoques e eleições: as quotas de exportação indianas nunca estiveram tão incertas. Especialmente depois que a ISMA reduziu sua estimativa de safra para 31,6Mt, o mercado voltou a considerar entre nenhuma e 2,5Mt de exportação para o país."

E se a Índia não entrar pro jogo?

  • Os preços não reagiram ao ótimo resultado do Centro Sul (CS) brasileiro durante a semana, já que o mercado voltou a discutir a possibilidade da Índia não exportar. Especialmente depois que a ISMA reduziu sua estimativa de safra para 31,6Mt e as chuvas foram muito concentradas em alguns estados, a disponibilidade do país voltou à tona.
  • Embora reforce as preocupações sobre uma possível escassez de açúcar no primeiro e segundo trimestres de 2024, esta visão ainda não é um consenso. Precisamos continuar monitorando as chuvas e os preços internos da Índia, pois a decisão é altamente política: os estoques estão pressionados.
  • No curto prazo, porém, é importante lembrar que há uma força baixista, já que o ritmo do CS brasileiro é forte e há previsão de chuvas na Índia.
  • Outra tendência que vale a pena citar é o comportamento das importações da China. O país reduziu seu ritmo de importação diante de uma arbitragem bastante desfavorável.

    A semana passada começou com o açúcar mostrando alguma força voltando ao nível de 24 c/lb. Notícias como a proibição das exportações de arroz na Índia devido aos altos preços domésticos soam preocupantes para o mercado de açúcar, já que os preços deste último também aumentaram significativamente devido aos estoques reduzidos. Portanto, embora a semana tenha sido marcada pelo relatório da Unica trazendo um resultado quinzenal forte e um consenso de que o Brasil terá mais cana, as chuvas desiguais das monções no país do Sudeste Asiático continuam contribuindo para o lado altista da história.
    No relatório anterior, discutimos como os fluxos comerciais mudaram devido à nossa última atualização da safra brasileira. Nesta semana, pretendemos mostrar quais poderiam ser os efeitos da Índia não exportar em 23/24. Observe que nosso caso base sofreu alterações em relação ao último relatório, pois atualizamos outros países, como México, China e Tailândia.
    Como caso base, consideramos uma visão otimista da Índia. Com nossas estimativas inalteradas de produção de açúcar em 31,4Mt para 23/24 e mantendo os estoques estáveis, o país poderia exportar até 2,5Mt. No entanto, acreditamos que o governo deve esperar que os estoques se tornem confortáveis antes de liberar qualquer cota, o que significa que quem depende do país terá que esperar até o final do 1T/2T-24 para começar a ver maiores volumes de açúcar disponíveis.
Figura 1: Balanço global de açúcar - Índia ('000t)
Figura 2: Caso Base - Fluxos Comerciais Totais ('000t tq)

Fonte: ISMA, AISTA, Green Pool, hEDGEpoint

Fonte: hEDGEpoint, Green Pool

A ideia de que a Índia pode não exportar é o principal recurso altista. Ainda que nosso caso base considere alguns déficits no 1T24 e 2T24, eles não são expressivos, mas são suficientes para manter o spread V23/H24 negativo. Se a Índia não exportar nada, o déficit pode se tornar um problema mesmo considerando duas safras significativas do CS.

Os primeiros trimestres de 2024 seriam extremamente altistas para os preços do açúcar. A falta de exportações indianas se combinaria com a quebra de safra da Tailândia e levaria a um déficit de mais de 1Mt no primeiro e no segundo trimestre de 2024. No entanto, devemos ser cautelosos, pois ainda há tempo para a cana indiana se desenvolver. Devemos continuar monitorando as chuvas e esperamos ter uma noção melhor da safra até o final de setembro. Além disso, é ano eleitoral, portanto qualquer decisão de exportação pode ser política.
Como ainda há muito a desenrolar, esse cenário não parece estar precificado. O spread H24/K24 ainda está muito forte e, no caso de dois grandes déficits consecutivos, a tendência seria mais suave. A estrutura de spread atual, portanto, tem uma correspondência maior com nosso caso base, mas para antecipar qualquer mudança do mercado precisamos entender os principais riscos, e o cenário internacional novamente se torna dependente da decisão do governo indiano.

Figura 3: Nenhuma exportação da Índia - fluxos comerciais totais ('000t tq)

Fonte: hEDGEpoint, Green Pool

Figura 2: Prêmio açúcar bruto no porto de S; antos (FOB c/lb)

Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint

Como ainda há muito a desenrolar, esse cenário não parece estar precificado. O spread H24/K24 ainda está muito forte e, no caso de dois grandes déficits consecutivos, a tendência seria mais suave. A estrutura de spread atual, portanto, tem uma correspondência maior com nosso caso base, mas para antecipar qualquer mudança do mercado precisamos entender os principais riscos, e o cenário internacional novamente se torna dependente da decisão do governo indiano.
No curto prazo, porém, é importante lembrar que há uma força baixista, já que o ritmo do CS brasileiro é forte e há previsão de chuvas na Índia. Isso pode encorajar algumas vendas, especialmente com a demanda física confortável em esperar e aumentar ainda mais os descontos à vista.

Em resumo

Os preços não reagiram ao ótimo resultado do CS brasileiro durante a semana, já que o mercado voltou a discutir a possibilidade da Índia não exportar. Especialmente depois que a ISMA reduziu sua estimativa de safra para 31,6Mt e as chuvas foram muito concentradas em alguns estados, a disponibilidade do país voltou à tona.
Embora reforce as preocupações sobre uma possível escassez de açúcar no primeiro e segundo trimestres de 2024, esta visão ainda não é um consenso. Precisamos continuar monitorando as chuvas e os preços internos da Índia, pois a decisão é altamente política: os estoques estão pressionados.
Outra tendência que vale a pena citar é o comportamento das importações da China. O país reduziu seu ritmo de importação diante de uma arbitragem bastante desfavorável.Com uma recuperação marginal da produção, poderá manter sua presença nos fluxos de comércio mundial reduzida em relação aos anos anteriores.

Relatório Semanal de Açúcar e Etanol

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

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