Aug 21 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2023 08 21

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"O mercado vem negociando notícias climáticas há algum tempo, e na semana passada não foi diferente. Os preços se mantiveram em uma faixa estreita (23,7 a 24c/lb), mas algumas discussões ganharam força."

Temos um mercado de clima

  • O mercado vem negociando notícias climáticas há algum tempo, e na semana passada não foi diferente. Os preços se mantiveram em uma faixa estreita (23,7 a 24c/lb), mas algumas discussões ganharam força.
  • Embora haja um viés baixista dada a maior disponibilidade Brasileira, rumores de precipitação acima da média na região para os próximos dias adicionaram ao lado altista da equação.
  • Outro evento importante relacionado ao clima foi a confirmação pelo Departamento Meteorológico da Índia (IMD) de uma monção abaixo do da média até o momento. Portanto, decidimos revisar nossos números.
  • Reduzimos nossa exportação da Índia de 2,5Mt para 1,35Mt. Essa queda aumentou nossas expectativas de déficit no fluxo comercial tanto no 1º quanto no 2º trimestre de 2024. Observe que, como é difícil esperar a liberação de quotas ao início da safra, também ajustamos nossa sazonalidade de exportação.

A semana foi marcada por altos e baixos nos preços do açúcar, mas não uma variação relevante, uma vez que o intervalo se manteve restrito a cerca de 23,7 a 24,2 c/lb. Enquanto a moagem do Centro-Sul (CS) se mantiver positiva haverá uma força baixista impedindo qualquer forte tendência de alta no curto prazo, conforme discutido em relatórios anteriores. Notícias quanto a alterações climáticas, por outro lado, são as principais fontes contraditórias a esta tendência.

Rumores de maior precipitação prevista para o CS nos próximos 14 dias podem limitar o excelente ritmo da região. Embora essa visão tenha contribuído para o suporte dos 24 c/lb, os modelos de previsão não parecem estar de acordo. Enquanto o modelo canadense e europeu estão prevendo mais chuva do que a média, o GFS ainda está do lado do setor. Parece que estamos em mais um momento de esperar para ver, e devemos ter uma maior volatilidade dependendo da evolução dos modelos de previsão.

Figura 1: Anomalia de precipitação esperada para 14 dias (% do normal)

Fonte: Agweather

Outro evento importante relacionado ao clima que ocorreu durante a semana passada foi a confirmação pelo Departamento Meteorológico da Índia (IMD) de uma monção abaixo do esperado. Segundo a agência, a Índia caminha para o agosto mais seco em mais de um século, encerrando o mês com déficit significativo nas regiões sul, oeste e centro.
Isso adiciona combustível à tendência altista de médio/longo prazo, pois parece estar ficando muito mais difícil esperar uma forte recuperação na produção de açúcar do país. Não apenas na produção total, mas também na disponibilidade para o mercado internacional.

Figura 2: Anomalia de precipitação esperada para 14 dias (% do normal)

Fonte: Agweather

Em nosso último relatório, argumentamos que o mercado voltou a considerar entre zero a 2,5Mt de exportação. Como resultado, decidimos revisar nossos números. Embora estivéssemos otimistas e apostando no limite superior dessa faixa, a perspectiva atual indica a necessidade de sermos conservadores. Os preços domésticos estão altos e o governo da Índia se preocupa com os estoques e a segurança alimentar. Portanto, sendo a cota de exportação uma decisão política, fica difícil ver qualquer volume sendo liberado logo no início da safra. Mudamos nossa sazonalidade de exportação de acordo – o açúcar pode começar a sair do país no final de fevereiro.
Além da mudança na sazonalidade, revisamos as exportações totais para 1,35Mt, de 2,5Mt. A principal razão é que acreditamos que a fraca precipitação não permitirá a plena recuperação da produtividade, deixando o governo menos disposto a colocar em risco a segurança alimentar, priorizando a formação de novos estoques.
Figura 3: Revisão de exportação da Índia ('000t tq)

Fonte: hEDGEpoint, ISMA, Green Pool

Como resultado, nossos fluxos de comércio, que já apresentavam déficit no primeiro e no segundo trimestre de 2024, ficaram mais intensos. Essa tendência é extremamente favorável aos contratos de março, em linha com a intensificação do spread negativo entre V23/H24.
Figura 2: O impacto da revisão da Índia nos fluxos comerciais globais em ‘000t tq (antes)
Figura 3: O impacto da revisão da Índia nos fluxos comerciais globais em ‘000t tq (depois)

Fonte: hEDGEpoint, Green Pool:

Fonte: : hEDGEpoint, Green Pool

Em resumo

O mercado vem negociando notícias climáticas há algum tempo, e na semana passada não foi diferente. Os preços se mantiveram em uma faixa estreita (23,7 a 24c/lb), mas algumas discussões ganharam força.
Embora haja um viés baixista dada a maior disponibilidade Brasileira, rumores de precipitação acima da média na região para os próximos dias adicionaram ao lado altista da equação. Ainda existem incertezas quanto a uma possível interrupção no esmagamento do Centro-Sul, no entanto, uma coisa foi confirmada: a Índia enfrenta monções abaixo da média.
Portanto, o lado altista encontrou novo fôlego, especialmente considerando o médio/longo prazo, já que o mercado não está tão otimista quanto estava em relação à Índia há alguns meses.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Natália Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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