Sep 25 / Lívea Coda

Relatório Semanal Açúcar e Etanol - 2023 09 25

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"O único recurso dos que permanecem baixistas, o Brasil, atingirá sua entre safra em algum momento e, portanto, o contrato de outubro poderá ser o único sujeito a uma força baixista por um tempo, especialmente se o período de ocorrência do El Niño se estender até o de desenvolvimento da safra 24/25 do Hemisfério Norte."

Fundos têm dado suporte ao mercado

  • A expiração do contrato de açúcar branco trouxe à tona o que o mercado já sabia: seu mercado segue escasso. Apenas 122kt foram entregues na bolsa e seu preço foi quase 250 USd superior ao de 2021, quando o volume foi semelhante, de 124kt.

  • As melhorias climáticas na maior parte da Índia, algumas chuvas na Tailândia e um bom ritmo de moagem esperado no Centro-Sul não foram suficientes para desencadear uma correção nos futuros do açúcar bruto, uma vez que o posicionamento especulativo continua a adicionar suporte.

  • O posicionamento vendido é sazonalmente alto em 198 lotes.

  • O único recurso dos que permanecem baixistas, o Brasil, atingirá sua entre safra em algum momento e, portanto, o contrato de outubro poderá ser o único sujeito a uma força baixista por um tempo, especialmente se o período de ocorrência do El Niño se estender até o de desenvolvimento da safra 24/25 do Hemisfério Norte.
A semana começou com a confirmação de uma entrega reduzida de açúcar branco. Com apenas 122,7kt, o volume corrobora o aperto de disponibilidade que atingiu o mercado internacional há algum tempo e que deve perdurar, principalmente para o açúcar de maior qualidade. Não é de admirar que os preços tenham expirado no nível mais alto em pelo menos três anos. Face a 2021, quando o contrato de Outubro também teve uma entrega baixa, de 124kt, a variação de preço entre os dois vencimentos foi próxima dos 250 USd. A principal diferença entre os dois anos é que, embora 20/21 tenha sido também um ano de déficit, marcado por grandes quebras de safra na Tailândia e na Europa, a Índia estava bem – tal como as perspectivas para a próxima safra, 21/22. Desta vez, espera-se, entretanto, que o déficit se prolongue.

Figura 1: Entregas de açúcar branco ('000t)

Fonte: ICE, hEDGEpoint

Tal como discutimos no nosso relatório anterior, a extensão do período de ocorrência do El Niño para o inverno do Hemisfério Norte já adicionou ao pessimismo do mercado quanto à disponibilidade do adoçante. As perspectivas negativas quanto a Índia e a precificação de nenhuma exportação sendo realizada pelo país, juntamente com as dificuldades enfrentadas pela Tailândia, apoiam os preços tanto do bruto como do branco. Ao contrário do bruto, porém, o Brasil pouco pode ajudar o mercado de brancos, tendência que contribui para a estabilidade de um alto prêmio do branco.
Figura 2: Prêmio do Branco USd/t                              
Figura 3: Fluxos Comerciais de Açúcar Branco ‘000t

Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint

Fonte: Green Pool, hEDGEpoint

As melhorias climáticas na maior parte da Índia, algumas chuvas na Tailândia e um bom ritmo de moagem esperado no Centro-Sul não foram suficientes para desencadear uma correção na curva futura do bruto. É claro que o mercado já não prioriza o contrato de Outubro, uma vez que o seu vencimento se aproxima rapidamente, no entanto, é importante notar que é o único contrato sobre o qual podemos esperar alguma força baixista.

Figura 4: Prêmio do Físico de Açúcar Bruto em Santos (USc/lb)

Fonte: Refinitiv, hEDGEpoint

Preços próximos de 27 USc/lb não parecem animadores para o lado da demanda – o prêmio físico brasileiro é um bom parâmetro para medir o seu interesse – e os destinos parecem estar à espera, cautelosamente, de uma correção. No entanto, mesmo com a elevada disponibilidade do país e pouca ação no mercado físico, os fundos dão suporte ao mercado. O posicionamento vendido é sazonalmente elevado e, embora possamos esperar algum movimento de venda desencadeado por uma correção no complexo energético na última quinta-feira, o posicionamento especulativo (CFTC) subiu para 198 mil lotes na semana que terminou em 19 de setembro.

Após a entrega de outubro – que possivelmente será o volume mais alto que veremos por algum tempo – a tendência de alta não terá nada que a segure. A alta disponibilidade brasileira é uma realidade, conforme discutido no relatório anterior, mas não é ilimitada.

Figura 5: Posicionamento especulativo em açúcar bruto (mil lotes)

Fonte: CFTC

Em algum momento, chegaremos à entre safra brasileira, durante seu verão, quando as chuvas tendem a dificultar o trabalho das usinas. Durante esse período, a ausência do Hemisfério Norte será sentida. Março, portanto, terá todos os motivos para romper o nível de resistência de 27 USc/lb. Esta tendência de alta também se refletirá nos brancos, especialmente se a ausência das exportações indianas se confirmar.

Em resumo

A expiração do açúcar branco trouxe à tona o que o mercado já sabia: o açúcar de maior qualidade está escasso no mercado internacional.

As melhorias climáticas na maior parte da Índia, algumas chuvas na Tailândia e um bom ritmo de esmagamento esperado no Centro-Sul não foram suficientes para desencadear uma correção nos futuros do açúcar bruto, uma vez que o posicionamento especulativo continua a adicionar suporte.

O único recurso dos que permanecem baixistas, o Brasil, atingirá sua entre safra em algum momento e, portanto, o contrato de outubro poderá ser o único sujeito a uma força baixista por um tempo, especialmente se o período de ocorrência do El Niño se estender até o de desenvolvimento da safra 24/25 do Hemisfério Norte.

Relatório Semanal - Açúcar

Escrito por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por Natália Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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