Oct 4 / Laleska Moda

Preços caem com previsão de chuvas no Brasil e possível adiamento da EUDR

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  • Depois de várias semanas em alta, os preços do café finalmente perderam força esta semana, devido à possibilidade das tão esperadas chuvas voltarem ao Brasil.

  • O tempo seco e quente até este início de outubro aumentou o risco de quebra para o desenvolvimento da safra brasileira 25/26, colocando o mercado no limite.

  • No entanto, a maioria dos modelos aponta para o retorno de chuvas consideráveis nos próximos 10 dias na maioria das regiões cafeeiras brasileiras, o que poderia trazer algum alívio para as lavouras, embora ainda seja muito cedo para prever até que ponto os cafezais irão se recuperar.

  • Além das perspectivas mais positivas para o Brasil, a Comissão Europeia propôs, no dia 1º de outubro, o adiamento da implementação da EUDR, o que também contribuiu para a pressão de baixa.

  • Embora a proposta ainda precise da aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho, há um crescente apoio internacional e até mesmo doméstico para o adiamento.

  • Se for aprovada, é possível que a pressão de compra diminua a curto prazo, uma vez que muitas empresas e exportadores estão tentando garantir que café entre na Europa antes do EUDR entrar em vigor.

Preços caem com previsão de chuvas no Brasil e possível adiamento da EUDR

Depois de atingir máximos históricos em setembro, os preços do café recuaram na primeira semana de outubro. O principal fator de baixa no mercado é a previsão de chuvas significativas nas regiões cafeeiras brasileiras nos próximos 10 dias. Tanto o modelo europeu quanto o americano apontam para um aumento das chuvas a partir do dia 9 de outubro, principalmente nas regiões de Minas Gerais e São Paulo, as mais afetadas pela seca até o momento.

As chuvas serão essenciais para a florada que abriu no final de setembro e ajudarão os cafezais a se recuperarem do défice hídrico, embora seja provável que o clima desfavorável até o momento já tenha afetado parte do potencial de produção para a temporada 25/26. No entanto, é ainda muito cedo para estimar a dimensão da próxima safra uma vez que o pegamento das flores já abertas e o padrão de precipitação nos próximos meses serão cruciais para o desenvolvimento da campanha 25/26.

Também estão previstas chuvas significativas para o Espírito Santo, uma região menos afetada, mas onde as chuvas também são bem-vindas, uma vez que a floração já ocorreu em agosto e setembro. Em geral, o cenário climático tem sido mais positivo para as regiões de robusta do que para as de arábica.


Previsão de precipitação nas regiões cafeeiras do Brasil - Modelo Europeu (mm)
Previsão de precipitação nas regiões cafeeiras do Brasil - Modelo Americano (mm)

Fonte:Refinitiv

Fonte:Refinitiv

Os preços do arábica e do robusta estão atualmente sob pressão devido às perspectivas mais positivas para o clima no Brasil e poderão continuar essa tendência se as chuvas se concretizarem. Novas perspectivas para a EUDR também poderão pesar sobre os preços. Depois de reações negativas e pressão de muitos países produtores e empresas de café - e até mesmo da Organização Internacional do Café (ICO) - a Comissão Europeia propôs nesta terça-feira, 1º de outubro, adiar o regulamento de desmatamento da UE, tornando-o aplicável em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas. Além disso, a Comissão também publicou documentos de orientação e um quadro de cooperação internacional para apoiar as partes interessadas globais, os Estados-Membros e os países terceiros nos seus preparativos para a implementação do regulamento.

A proposta ainda precisa de ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, mas, como já foi mencionado, há uma crescente pressão internacional e mesmo interna para que seja adiada. Se a proposta for aprovada, é possível que a pressão de compra dos últimos meses possa abrandar no curto prazo. Vale a pena recordar que este ano foi registrado um aumento das importações europeias de café, em especial de grãos brasileiros, uma vez que muitas empresas e exportadores procuraram garantir que o café cheguassem na Europa antes do EUDR entrar em vigor. Os números acumulados de 2024 mostram que, até setembro, a UE importou 34,8 milhões de sacas de café verde, um aumento de 3,5% em relação aos números de 2023 e 24,6% acima da média de 5 anos para o período, mostrando a tendência de recuperação das exportações europeias este ano.


União Europeia - Importações de café verde por país/grupo (‘000 sacas)

Fonte: : Eurostat, Agridata, Hedgepoint

União Europeia - Importações acumuladas de café verde até setembro (M sacas)

Fonte: Agridata

Nesse sentido, é provável que o mercado se mantenha cauteloso, porém mais baixista nos próximos dias, aguardando a confirmação tanto das chuvas brasileiras quanto da postura quanto à implementação do EUDR.

Vale a pena notar também que o Vietnã estará se preparando para a colheita de 24/25 nas próximas semanas. É provável que os trabalhos de campo comecem este mês nas regiões de arábica e em novembro para as de robusta, com os diferenciais atualmente se estreitando, à medida que exportadores aguardam a nova safra. À medida que a oferta no país asiático comece a aumentar, é possível haja uma pressão baixista sobre os preços futuros do café.

No longo prazo, porém, o cenário poderá ser mais favorável a um aumento dos preços, com o balanço global de 24/25 ainda apontando para um déficit - principalmente devido ao declínio do robusta - e os estoques nas origens e destinos ainda abaixo das médias históricas.


Em resumo

Os preços do café têm estado sob pressão nos últimos dias e podem continuar assim nas próximas semanas. O maior fator de baixa no mercado neste momento é a previsão de chuvas significativas nas regiões cafeeiras do Brasil nos próximos dias. Além disso, a proposta da Comissão Europeia de adiamento da implementação do EUDR, especialmente se for aprovada, também pode contribuir para o sentimento de baixa, pois é provável que parte da pressão de compra a curto prazo diminua. O início da temporada 24/25 no Vietnã, no final deste mês, também poderá dar força à tendencia de baixa a curto e médio prazo.

No entanto, vale a pena notar que, a longo prazo, os preços ainda podem encontrar suporte. Embora as chuvas no Brasil possam melhorar as condições dos cafezais e ajudar no desenvolvimento da safra 25/26, o clima desfavorável até agora ainda pode ter um impacto negativo na produtividade da próxima safra. A atual temporada brasileira também registou uma produção inferior à prevista devido à seca em 2023 e parte de 2024, e embora a próxima safra vietnamita aumente a oferta a curto prazo, é provável que ela ainda seja menor, esperando-se um déficit no ciclo global de 24/25. Por fim, vale lembrar que os estoques estão em níveis historicamente baixos, tanto na origem quanto no destino, e problemas logísticos ainda estão no horizonte, o que ainda pode levar a preços acima da média nos próximos meses.


Relatório Semanal — Café

Escrito por Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

Revisado por  Livea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

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