
Ainda temos suporte no mercado do café?
- Em outubro, os preços futuros dos cafés arábica e do robusta registraram queda em comparação com níveis de setembro.
- A pressão de baixa vem sobretudo do retorno das chuvas às regiões cafeeiras brasileiras e as novas floradas ocorridas nos cafezais.
- Nas próximas semanas também podemos ter influência ainda do começo da colheita da safra 24/25 do Vietnã e também do possível adiantamento da EUDR. Enquanto o primeiro ponto deve elevar a oferta de café no curto prazo, o segundo pode refletir em menor demanda europeia por café no curto prazo.
- Enquanto que esperamos que esses fatores de fato aumentem a pressão de baixa no mercado, no médio-longo prazo, os preços do café ainda podem encontrar certo suporte.
- Além das incertezas em relação à safra 25/26 no Brasil, o balanço global em 24/25 ainda aponta para um déficit na temporada.
Ainda temos suporte no mercado do café?
Ainda que a volatidade siga elevada, de certa forma a segunda quinzena de outubro tem sido marcada pelo recuo dos preços futuros do café. Alguns pontos têm contribuído para esse cenário de baixa como o retorno das chuvas no Brasil, a aproximação com a safra 24/25 vietnamita e o possível adiantamento da EUDR. Por outro lado, ainda que esperamos que esses fatores contribuam para uma pressão baixista no curto prazo, não podemos esquecer que alguns suportes permanecem no mercado.
No Brasil, de fato o acumulado de chuvas em outubro (em especial após a segunda quinzena) já é superior aos dois últimos anos e se aproxima das médias históricas para o período e tem sido um fator positivo para a próxima temporada de café, especialmente com novas floradas ocorrendo nas regiões de arábica neste mês. A expectativa é que tenhamos uma melhore recuperação dos cafezais e um pegamento das flores caso as precipitações sigam mais constantes nos próximos meses, o que deve contribuir para a temporada 25/26.
No entanto, não podemos esquecer que, na maior parte de 2023 e 2024 as precipitações acumuladas mensais permaneceram abaixo da série histórica (com as temperaturas médias também de certa forma acima da média). Esse cenário de clima adverso contribuiu para uma produção menor em 24/25 e também pode ter comprometido parte do potencial produtivo de 25/26, mantendo o cenário de grande incerteza em relação a oferta brasileira no próximo ano e aumentando a volatilidade do mercado nos próximos meses.

Fonte: Refinitiv
Por outro lado, no curto prazo temos a expectativa do aumento de oferta no Vietnã, com a intensificação da colheita da safra 24/25 nas próximas semanas – ainda que nossas expectativas para essa temporada seja de uma menor produção de café em relação à 23/24. É valido apontar que os preços domésticos do Vietnã vem recuado nas últimas semanas e a comercialização tem seguido lenta, com a demanda mais enfraquecida no país, a medida que compradores esperam a entrada de grãos da nova temporada no mercado.

Fonte: Refinitiv
Aliado ao maior volume vietnamita no esperado mercado nos próximos meses, a grande possibilidade do adiantamento da EUDR para dezembro de 2025 também tem acionado os baixistas no mercado. Após a aprovação pelo Conselho em meados deste mês, agora resta apenas a aprovação do Parlamento para que o pedido de adiantamento seja efetivado. Ainda que a decisão do Parlamento pode ocorrer apenas entre a segunda quinzena e o fim de novembro é esperado que o adiantamento da legislação leve à uma queda da demanda nas próximas semanas.
Isso porque, os importadores e as empresas europeias aceleraram suas compras nos últimos meses, tentando colocar o café na UE antes de dezembro, em antecipação à EUDR, o que possivelmente resultará em um aumento dos estoques do bloco até o fim de 2024. Os dados de importação europeia até setembro deste ano já apontam para uma recuperação no volume de café trazido ao bloco em relação aos anos anteriores, com a importação acumulada de 36,6 M de sacas de café verde até o mês anterior.
Assim, sem a pressão do EUDR e com os estoques europeus mais altos, podemos ter uma desaceleração na demanda da EU no curto prazo. Dado que a União Europeia é o maior importador de café do mundo, uma demanda mais enfraquecida poderia adicionar à pressão de baixa do mercado

Fonte: Eurostat, Agridata

Fonte: Hedgepoint
Entretanto, como mencionado anteriormente, ainda temos pontos de sustentação do mercado no médio-longo prazo. Além dos riscos relacionados à safra 25/26 no Brasil, com a menor produção registrada no país em 24/25 e uma safra menor no Vietnã em 24/25 esperamos que o atual ano safra registre um déficit no balanço global de café. Do outro lado, ainda que as importações mais aquecidas de diversos países consumidores em 2024 possa levar à uma recuperação dos estoques, de forma geral esse volume ainda será inferior que ciclos anteriores, sendo que também esperamos redução dos níveis de estoques nas origens até o final da temporada.
Assim, enquanto no curto prazo podemos ter um cenário mais baixista, nossa expectativa ao decorrer de 24/25 ainda é de um certo suporte para as cotações, especialmente após a finalização da colheita no Sudeste Asiático e durante a entressafra brasileira.
Em resumo
De forma geral, os futuros dos cafés arábica e robusta tem recuado durante outubro, pressionados especialmente pelo retorno das chuvas no Brasil, que podem auxiliar na produção de 25/26. Além disso, a aproximação com a safra 24/25 do Vietnã e o possível adiantamento da EUDR podem adicionar à baixa do mercado, tanto devido à uma aumento da oferta de robusta nos próximos meses quanto à uma possível redução da demanda Europeia, visto as importação de café para o bloco foram impulsionadas em 2024 devido ao regulamento, podendo contribuir para uma recuperação dos estoques.
No entanto, ao longo da atual temporada, ainda podemos ter pontos de suporte as cotações do grão. As expectativas para 24/25 ainda são de déficit global de café, refletindo a menor produção no Brasil e no Vietnã. Além disso, os estoques nas origens e até mesmo nos destinos ainda podem seguir abaixo das médias históricas, mesmo que esbocem uma leve recuperação em países consumidores.
Outro ponto de atenção no mercado que pode aumentar a volatilidade nos próximos meses é a temporada 25/26 do Brasil. Ainda que de fato as precipitações em outubro devam auxiliar na recuperação da lavouras e pegamento das floradas, o clima até setembro foi adverso e ainda pode traduzir em perda do potencial produtivo na safra seguinte.
Relatório Semanal — Café
Escrito por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
Revisado por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com
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