Nov 22 / Laleska Moda

Incertezas quanto à oferta impulsionam mercado do café

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  • Apesar do clima mais favorável a partir de outubro, estão crescendo as apreensões de uma redução da produção de arábica no Brasil em 25/26. Nossas estimativas iniciais apontam para uma leve redução de 1,4% no volume produzido da variedade no próximo ciclo, mas um aumento de 12,2% no volume de conilon.

  • Fora a temporada 25/26, os fluxos comerciais no restante de 24/25 também podem seguir mais restrito, à medida que não apenas a produção brasileira foi menor que o esperado, mas também uma boa parte da produção já foi comercializada.

  • Fora o Brasil, produtores em outras origens, como o Vietnã, também tem estado menos ativos no mercado, aumentando a apreensão quanto à oferta.

  • É valido lembrar que nossas expectativas são de redução dos estoques em outros países produtores em 24/25, o que pode refletir em um período de maior restrição da oferta nos próximos meses, especialmente na entressafra brasileira.

Incertezas quanto à oferta impulsionam mercado do café

Os preços futuros do café têm demostrado força nos últimos dias à medida que algumas incertezas relacionadas à oferta crescem. Um dos principais suportes nesse sentido é a crescente apreensão do mercado em relação à safra 25/26 do Brasil, que poderá ter um potencial produtivo menor devido à seca e altas temperaturas até setembro. Alguns analistas do mercado inclusive apontaram que, apesar da expectativa de uma recuperação na produção de conilon, a safra de arábica pode ter uma quebra expressiva.

Em nosso modelo – que considera temperatura, precipitação e área – a primeira estimativa da temporada 25/26 de fato indica uma recuperação do conilon, passando para 22,6 M scs, acréscimo de 12,2% frente à 24/25, mas um leve recuo do arábica, para 42,6 M scs (-1,4%). Ainda que a estimativa inicial aponte para uma oferta total de 65,2M scs, leve avanço de 2,9% frente às 63,4M scs de 24/25, novas revisões ainda podem alterar esses números, à medida que a temporada 25/26 ainda está em desenvolvimento e dependerá das condições climáticas nos próximos meses.

Fora os riscos relacionados à 25/26, espera-se que a menor safra em 24/25 aliado ao forte ritmo de exportações até o momento levem à redução dos estoques nacionais de café aos níveis mais baixos em anos. Até mesmo para o conilon, onde se espera que os maiores preços tenham afetado a demanda interna, os estoques devem sofrer redução, devido à demanda internacional pelo grão brasileiro. O USDA, por exemplo também revisou sua estimativa para a safra 24/25 nesta semana, apontando redução na produção de 3,5 M scs frente a primeira estimativa, com uma redução de mais de 2 M scs nos estoques, passando para apenas 1,2 M scs ao final de 24/25.

Brasil: Oferta e Demanda – Arábica (M scs)
Brasil: Oferta e Demanda – Conilon/Robusta (M scs)

Fonte: Hedgepoint

Fonte: Hedgepoint

Com isso, os próximos meses podem contar com uma oferta mais restrita dos grãos brasileiros, especialmente se considerarmos os atuais níveis de comercialização. Até outubro, cerca de 70% da safra 24/25 do Brasil já havia sido vendida. Por variedade, o arábica tem cerca de 67% da safra 24/25 comercializada, enquanto para o robusta, esse montante é de 76%.

O volume vendido da safra brasileira para ambas as variedades já está acima da média e das safras anteriores, o que provavelmente refletirá em uma menor disponibilidade neste final de 2024 e começo de 2025. Assim, mesmo com a expectativa do adiamento do EUDR e um possível recuo das importações Europeias no começo de 2025, a oferta mais restrita de cafés brasileiros no mercado ainda pode dar suporte às cotações, especialmente no caso da confirmação de uma quebra de safra no arábica em 25/26.


Brasil: Comercialização – Arábia (%)
Brasil: Comercialização – Conilon/Robusta (%)

Fonte: Safras & Mercado

Fonte: Safras & Mercado

Além do Brasil, é interessante lembrar que a Indonésia também está caminhando para sua entressafra, com possível redução dos embarques nos próximos meses. Dessa forma, a oferta global de café seria ofertada especialmente pelos países que colhem café entre o fim e começo do ano.

Nessas origens, como Vietnã, América Central e Colômbia, a colheita da temporada 24/25 tende a se intensificar entre dezembro e janeiro, podendo trazer algum volume de café ao mercado, o que causaria alguma pressão de baixa no curto prazo. Por outro lado, produtores estão mais capitalizados nesta temporada, devido aos preços mais elevados de 2023 e 2024, o que também pode refletir em um ritmo de comercialização mais lento e manter certo suporte para as cotações. No Vietnã, por exemplo, os diferencias já tem reagido nas últimas semanas, à medida que produtores seguem mais retraídos do mercado enquanto à demanda tem dado sinais de aquecimento.

Além disso, com exceção da Colômbia, é esperado que essas origens tenham uma safra levemente inferior em 24/25. Assim, no atual ritmo de exportações e demanda, esperamos uma redução dos estoques finais na maior parte das origens em 24/25, o que também pode contribuir para um fluxo comercial mais “apertado” nos próximos meses.

Origens: Estoques finais de Arábica e relação estoque/uso (M scs)
Origens: Estoques finais de Robusta e relação estoque/uso (M scs)

Fonte: Hedgepoint

Fonte: Hedgepoint

Em resumo

Após um período de baixa entre o fim de outubro e começo de novembro, o mercado do café parece ter voltado ao território altista neste final de mês, refletindo as crescente preocupações com a oferta. O principal suporte tem sido a expectativa de uma menor produção de arábica no Brasil em 25/26, devido ao clima adverso até setembro. Além disso, o quadro geral também é de uma oferta mais restrita em 24/25.

No Brasil, além de uma safra menor do que o esperado em 24/25, a comercialização dessa safra está acima da média para o período, com produtores sem pressa para vender seus grãos. Em outras origens, como o Vietnã, produtores também seguem mais retraídos do mercado trazendo o suporte para as cotações.

Além disso, diversas origens terão uma safra levemente inferior em 24/25, com as expectativas de redução dos estoques de passagem nos maiores produtores de café do mundo. Assim, possivelmente teremos uma oferta mais restrita durante a entressafra brasileira, o que pode garantir suporte para as cotações neste final de 2024 e começo de 2025., especialmente para os contratos de março e maio.


Relatório Semanal — Café

Escrito por Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

Revisado por Livea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

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