Aug 4 / Victor Arduin

Relatório Semanal Energia - 2023 08 04

Petróleo está caminhando para uma sexta semana de ganhos em meio a cortes no suprimento global

  • Os estoques de petróleo dos EUA caíram para o nível mais baixo desde janeiro, registrando a maior queda semanal desde 1982.
  • As altas exportações dos EUA estão derrubando os preços do petróleo e encontrando novos mercados na Europa e na Ásia. De acordo com a Energy Information Administration (EIA), as exportações de petróleo bruto atingiram uma média de 4,08 milhões de bpd até agora em 2023.
  • A Arábia Saudita anunciou uma extensão do seu corte voluntário no suprimento para setembro e deixou espaço para cortes adicionais nos próximos meses. A produção do país permanece em torno de 9 milhões de bpd.
  • O calor intenso dificulta as operações nas refinarias, impactando os preços da gasolina e do óleo diesel nos EUA.

Introdução

Esta semana foi marcada por uma notável volatilidade nos principais indicadores do mercado de petróleo, que estão a caminho de encerrar a sexta semana consecutiva de ganhos. Na quarta-feira, 2 de agosto, os preços do petróleo sofreram uma queda superior a 2%, mesmo após o anúncio histórico da redução dos estoques de americanos. Esse declínio foi influenciado pelo rebaixamento da classificação de crédito dos Estados Unidos e pela retirada de uma oferta de compra de 6 milhões de barris destinados às reservas estratégicas do país, fatores que exerceram uma forte pressão sobre o mercado.

No entanto, o mercado petrolífero recuperou-se no dia seguinte, impulsionado por fundamentos otimistas para a commodity, por conta das medidas anunciadas pela OPEP+. Essas notícias trouxeram a expectativa de novas restrições no fornecimento previstas para o mês de setembro. Em julho, os preços já haviam registrado um aumento de mais de 14%, uma vez que a oferta limitada e a demanda resistente geraram otimismo entre os investidores e operadores do mercado.
Figura 1: Variação Semanal Estoques de Petróleo EUA

Fonte: EIA

Figura 2: Posição Líquida de Longo Prazo em WTI

Fonte: CFTC

Volatilidade domina semana marcada por queda maciça nos estoques americanos

Com exportações chegando a cinco milhões de barris por dia (bpd) e operações de refinaria nos EUA processando mais combustível, o país viu a maior queda nos estoques de petróleo em 40 anos. Os estoques caíram 17 milhões de barris na semana encerrada em 28 de julho, para 439,8 milhões de barris, cerca de 1% abaixo da média de 5 anos. A região da Costa do Golfo, que também é responsável por abrigar grande parte da produção e infraestrutura de refino do país, contribuiu para a maior queda, de mais de 15 milhões de barris.

A volatilidade do mercado aumentou à medida que os preços dos principais benchmarks do petróleo caíram na quarta-feira devido aos riscos do rebaixamento da classificação de crédito dos EUA, mas subiram no dia seguinte com os esforços da Opep + para limitar a oferta ao mundo. Juntos, eles são responsáveis ​​por 40% da oferta mundial de petróleo, e suas medidas têm impactos profundos no mercado de petróleo.

Figura 3: Entrada em Refinarias & Exportação de Petróleo (EUA, M bpd)

Fonte: Refinitiv

A Arábia Saudita anunciou que estenderá novamente seu corte voluntário na produção de petróleo, mantendo a produção do país no nível mais baixo dos últimos 2 anos, em aproximadamente 9 milhões de bpd. A Rússia também manteve a redução de suas exportações, mas em volume menor do que o anunciado em julho, passando de 500 mil bpd para 300 mil.

A demanda tem superado a oferta em 2023. O restrição prolongado do suprimento deve ajudar os principais índices de referência do petróleo a manter os ganhos das últimas semanas, mas não deve ser suficiente para impulsionar mais os preços. A melhora da economia americana oferece otimismo de que o país pode evitar uma recessão, o que em tese favorece a demanda por commodities energéticas. No entanto, se os custos de energia crescerem muito e pressionarem a inflação, o Fed será forçado a recorrer aos juros para controlar os preços. Esse cenário teria um forte efeito baixista no Brent e no WTI.

Figura 4: WTI 3:2:1 Crack (US$/bbl)

Fonte: Refinitiv

Os cortes de abastecimento e calor afetam os preços da gasolina

Os preços da gasolina subiram acentuadamente no mês de julho, para uma média de US$ 3,82 por galão na última quinta-feira, 3 de agosto. Parte do aumento é explicado pela nova alta do petróleo, insumo responsável pela alta no custo do produto refinado. No entanto, outro fator contribuiu para o aumento dos preços – o intenso calor registrado no país nas últimas semanas. As refinarias em geral são projetadas para operar entre 32 e 95 graus Fahrenheit (0 e 35 graus Celsius). Com as altas temperaturas, as instalações no Texas e na Louisiana, estados que abrigam grande parte da capacidade de refino do país, sofreram interrupções não planejadas devido a questões de segurança. Como resultado, houveram restrições no abastecimento.

Portanto, a oferta de gasolina pelas refinarias, uma aproximação da demanda, está abaixo de 9 milhões de bpd, talvez esteja refletindo a limitação momentânea da capacidade de produção do produto, e não uma redução da demanda. As margens do produto continuam altas e o país vem exportando grandes volumes.

Figura 5: Gasoline Weekly Supply (M bbl)

Fonte: EIA

Resumo

Os Estados Unidos mantêm sua posição como o principal produtor mundial de petróleo, mas o aumento das exportações está ampliando sua influência no cenário energético global e consolidando seu papel como ofertante de petróleo no mundo.

Enquanto os cortes na produção da OPEP+ contribuem para estabilizar os preços e manter o equilíbrio nas perspectivas dos exportadores de petróleo, produtores fora da organização estão se beneficiando da expansão dos seus mercados, graças a uma oferta mais restrita. Ainda, apesar da redução de 4% no fornecimento de petróleo por parte dos países exportadores, a demanda deve crescer este ano em 2,2 mb/d.

Além disso, outros eventos preocupantes estão gerando volatilidade no mercado. Um porto civil no Mar Negro, responsável por fornecer 2% da produção global de petróleo, foi alvo de um ataque de drones ucranianos, causando uma interrupção temporária nas operações. Os desdobramentos do conflito podem agravar ainda mais as restrições no fornecimento mundial de petróleo.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Natalia Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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