Aug 18 / Victor Arduin

Relatório Semanal Energia - 2023 08 18

Produtividade por perfuração impulsiona a produção de petróleo nos EUA

  • As empresas de energia dos EUA reduziram o número de estruturas de perfurações de petróleo e gás em operação em 2023, mas a produtividade por poço acima do esperado está elevando a produção para um nível recorde este ano.
  • A produção do óleo de xisto caiu em setembro, após atingir o recorde mais alto em julho, aumentando os riscos de um mercado mais restritivo para o petróleo ainda este ano.
  • Embora tenha havido um aumento recente nos preços médios do petróleo, os baixos preços do gás natural estão desencorajando as empresas a expandir suas operações.
  • Um cenário mais restrito da oferta de energia também beneficiou o Brasil, que deve registrar aumento nas exportações de petróleo em 2023.

Introdução

O número de sondas de perfuração para óleo e gás, um indicador da produção futura, caiu para 654 na semana que terminou em 13 de agosto. Algumas operações de petróleo e gás estão se tornando mais caras e menos lucrativas devido à abrupta queda dos preços do petróleo e do gás no primeiro semestre deste ano.

Embora a maior parte da diminuição em 2023 seja atribuída à necessidade de preços mais altos de petróleo e gás por parte das empresas menores para sustentar suas operações, os produtores ativos estão aumentando sua participação no mercado através do aumento da produtividade. Os perfuradores dos EUA estão impulsionando a produção dos poços existentes, melhorando a eficiência da perfuração e aplicando novas técnicas de extração, como a refraturação de poços de xisto.

Enquanto isso, a nova dinâmica da oferta de petróleo no mundo beneficia o Brasil, que está previsto para alcançar seu maior volume de exportação de petróleo em 2023.
Figura 1: Produção Petróleo EUA (M bpd)

Fonte: EIA 

Figura 2: Produção por Região EUA (Mil bpd)

Fonte: Refinitiv

Aumento da produção de petróleo nos EUA com base em mais produtividade

Desde julho, os preços do petróleo subiram mais de 10%, refletindo uma ação coordenada dos membros da OPEP+ que reduziram a oferta mundial de petróleo. Com preços mais altos e uma forte demanda, os produtores que não fazem parte do cartel receberam incentivos para aumentar sua produção de petróleo. Um exemplo disso são os Estados Unidos, que podem elevar sua produção em 850.000 barris por dia, atingindo um recorde de 12,76 milhões de barris por dia em 2023, de acordo com a Energy Information Administration (EIA).

No entanto, o número de sondas de perfuração, um indicador associado à produção futura de petróleo, tem caído rapidamente este ano nos EUA, o que pode resultar em uma menor produção de petróleo em breve. Após atingir o pico em julho, estão surgindo sinais de uma diminuição na produção. A bacia do Permiano, que responde por quase 40% de toda a produção de petróleo nos EUA, viu sua produção cair pelo terceiro mês consecutivo, chegando a 5,8 milhões de barris por dia.

Figura 3: Contagem de Perfurações vs WTI (U$, bbl)

Fonte: Baker Hughes, Refinitiv

Entretanto, a diminuição do número de plataformas provocou um fenómeno importante nos últimos anos nos EUA, o aumento da produtividade na extração de petróleo e gás. As quedas abruptas dos preços afastaram do mercado os concorrentes menos eficientes, que precisam de interromper as suas atividades para evitar o risco de perdas operacionais. Este facto acaba por beneficiar as empresas com melhores economias de escala que aumentam a sua produção para acompanhar a procura de petróleo.

Contudo, o aumento de produtividade pode não ser o suficiente para atender à crescente demanda. Mesmo que o preço médio do petróleo tenha melhorado nas últimas semanas, os preços baixos do gás natural devem evitar o retorno de empresas no curto prazo e oferecem incentivos para empresas em operação gerenciarem suas reservas com parcimônia.

Figura 4: Produção por Estrutura de Perfuração na Bacia do Permiano vs WTI (U$ bbl)

Fonte: EIA, Refinitiv

Fortes previsões de exportação de petróleo incluem o Brasil

O Brasil é outro país que também vem consolidando sua posição no comércio internacional de petróleo. No ano passado, os dados mostraram um aumento de 4% em suas operações de produção offshore e de 68,3% nas exportações de petróleo bruto. Este ano, as exportações de petróleo já cresceram mais de 15% em relação ao mesmo período do ano passado e devem registrar o maior volume de exportações da história do país, superando até 2022, que detinha o recorde anterior.

A atual conjuntura de mudança na cadeia energética mundial abriu oportunidades para novos players, e o Brasil tem aproveitado esse cenário para aumentar sua presença no mercado internacional. O país tem feito fortes investimentos em navios flutuantes de produção, armazenamento e descarga.

Figura 5: Exportações de Petróleo do Brasil (Kt bbl)

Fonte: EIA

Resumo

O volume recorde na produção de petróleo nos Estados Unidos foi possibilitado pela maior produtividade das perfuradoras atuais do país. Embora o mercado esteja discutindo a possibilidade de um corte nas taxas de juros no início do próximo ano nos Estados Unidos, os discursos mais hawkish (mais inclinados a apertar a política monetária) das autoridades monetárias norte-americanas e os riscos inflacionários que podem levar a aumentos nas taxas de juros devem manter os preços do petróleo nos níveis atuais.

As restrições na oferta de petróleo bruto após a invasão da Ucrânia pela Rússia e os recentes cortes na produção por parte dos países da OPEP criaram um cenário positivo para os produtores de outros países. O Brasil está entre os países que se beneficiaram com a reconfiguração da cadeia de suprimentos e o aumento de suas exportações de petróleo bruto. O país registrou um recorde de exportação de petróleo em 2022 e, neste ano, as perspectivas são ainda melhores, aumentando sua importância na oferta mundial de energia.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Natalia Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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